Descrição de chapéu Coronavírus

Cerca de 400 milhões foram afetados pela Covid longa, diz nova estimativa

Revisão publicada na Nature Medicine afirma que o número pode ser ainda maior

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Pam Belluck
The New York Times

Cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo foram afetadas pela Covid longa, de acordo com um novo relatório de cientistas e outros pesquisadores que estudaram a condição. A equipe estimou que o custo econômico —incluindo fatores como serviços de saúde e pacientes incapazes de retornar ao trabalho— é de cerca de 1 trilhão de dólares por ano em todo o mundo, ou aproximadamente 1% da economia global.

O relatório, publicado na sexta-feira (9) na revista Nature Medicine, é um esforço para resumir o conhecimento e os efeitos da Covid longa globalmente, quatro anos após o surgimento do vírus.

Também tem o objetivo de "fornecer um roteiro para políticas e prioridades de pesquisa", disse um dos autores, Ziyad Al-Aly, chefe de pesquisa e desenvolvimento no VA St. Louis Health Care System e pesquisador clínico em saúde pública na Washington University em St. Louis.

Ativistas da ONG Rio da Paz abrem covas na praia de Copacabana para simbolizar os mortos pela Covid - Pilar Olivares - 11.jun.2020/Reuters

Ele escreveu o artigo com vários outros importantes pesquisadores e três líderes da Patient-Led Research Collaborative, uma organização formada por pacientes com Covid longa que também são pesquisadores profissionais.

Cerca de 6% dos adultos globalmente tiveram Covid longa

Os autores avaliaram diversas pesquisas e métricas para estimar que, até o final de 2023, cerca de 6% dos adultos e cerca de 1% das crianças —ou cerca de 400 milhões de pessoas— já tiveram Covid longa desde o início da pandemia. Eles disseram que a estimativa levou em conta o fato de que novos casos diminuíram em 2022 e 2023 devido às vacinas e à variante ômicron mais branda.

Sugeriram que o número real pode ser maior, pois a estimativa incluiu apenas pessoas que desenvolveram a condição após terem sintomas durante a fase infecciosa do vírus, e não incluiu pessoas que tiveram mais de uma infecção por Covid.

Muitas pessoas não se recuperaram completamente

Os autores citaram estudos que sugerem que apenas 7% a 10% dos pacientes com Covid longa se recuperaram totalmente dois anos após o desenvolvimento da condição. Adicionaram que "algumas manifestações da Covid longa, incluindo doenças cardíacas, diabetes, encefalomielite miálgica e disautonomia, são condições crônicas que duram a vida inteira".

As consequências são abrangentes, escreveram os autores. "A Covid longa afeta drasticamente o bem-estar e o senso de si dos pacientes, bem como sua capacidade de trabalhar, socializar, cuidar de outros, administrar tarefas domésticas e participar de atividades comunitárias —o que também afeta as famílias dos pacientes, cuidadores e suas comunidades."

O relatório citou estimativas de que entre 2 milhões e 4 milhões de adultos estavam fora do trabalho devido à condição em 2022 e que pessoas com Covid longa tinham 10% menos probabilidade de estar empregadas do que aquelas que nunca foram infectadas pelo vírus. Pacientes frequentemente têm que reduzir suas horas de trabalho, e 1 em cada 4 limita suas atividades fora do trabalho para continuar trabalhando, afirmou o relatório.

O tratamento continua sendo um dos maiores desafios

Ainda há muito pouco conhecimento sobre o tratamento, escreveram os autores, e há uma "quase total ausência de evidências de ensaios clínicos randomizados para orientar as decisões de tratamento".

Globalmente, disseram os pesquisadores, o cuidado com os pacientes é prejudicado por sistemas de saúde sobrecarregados e pela falta de conhecimento dos profissionais médicos, alguns dos quais erroneamente consideram os sintomas como psicossomáticos.

Houve algum progresso na compreensão dos mecanismos biológicos por trás da Covid longa, mas muitas perguntas permanecem. Os autores discutiram várias teorias, incluindo: fragmentos de vírus permanecendo no corpo; desregulação do sistema imunológico; inflamação e problemas na circulação sanguínea; e desequilíbrio do microbioma. Outras condições crônicas, como encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica, têm sintomas semelhantes e podem ter mecanismos biológicos semelhantes.

"A Covid longa provavelmente representa uma doença com muitos subtipos; cada um pode ter seus próprios fatores de risco, mecanismos biológicos e trajetória da doença, e pode responder de maneira diferente aos tratamentos", escreveram os autores.

O relatório incluiu recomendações de pesquisa e propostas de políticas.

O documento pede muito mais pesquisa sobre tratamentos, diagnósticos, mecanismos biológicos e os efeitos econômicos e sociais da condição. Também recomenda novas políticas, incluindo locais de trabalho flexíveis; acesso facilitado a benefícios por incapacidade; acesso equitativo aos cuidados de saúde; educação e associações profissionais para os prestadores de cuidados médicos; e cooperação internacional para acelerar o progresso.

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