'Batalha dos Sexos' reacende polêmica sobre igualdade de gênero no tênis

Crédito: Associated Press Bobby Riggs e Jean King posam para foto antes da "batalha dos sexos"
Bobby Riggs e Jean King posam para foto antes da "batalha dos sexos"

DANIEL CASTRO
DE SÃO PAULO

"Se ela jogasse o circuito masculino, seria mais ou menos a número 700 do mundo", afirmou o ex-tenista John McEnroe sobre Serena Williams, em junho.

"Se eu fosse uma jogadora, ficaria de joelhos todas as noites para agradecer a Deus por Federer e Nadal terem nascido. Eles têm carregado esse esporte", disse Raymond Moore, diretor do torneio de Indian Wells no ano passado.

Quando Billie Jean King, então com 29 anos, venceu o ex-tenista número um do mundo Bobby Riggs, 55, por 6/4, 6/3 e 6/3, na partida conhecida como "batalha dos sexos", em 1973, a mobilização pela igualdade de gênero no tênis era crescente.

Naquele ano foi criada a WTA (Associação do Tênis Feminino), e o Aberto dos EUA tornou-se o primeiro Grand Slam a igualar a premiação para homens e mulheres.

Após 44 anos, completados nesta quarta-feira (20), as frases de figuras influentes do tênis mundial mostram que a batalha não acabou. Por ocasião do filme "Batalha dos Sexos", que relembra a icônica partida, o tema voltou a ganhar destaque no circuito.

O longa-metragem dos diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris -os mesmos de "Pequena Miss Sunshine"- estreia nesta sexta-feira (22) nos EUA e em 19 de outubro no Brasil. Nele, Emma Stone (vencedora do Oscar de melhor atriz por "La La Land") faz o papel de King. Riggs é interpretado por Steve Carell.

Gisele Miró, que jogou nos anos 1980, diz que não foi alvo de preconceito, mas recorda uma passagem significativa: "Tinha um [homem] que sempre perdia para mim, mas no vestiário masculino se gabava dizendo ter vencido".

Jogador mais ativo na defesa da igualdade, o britânico Andy Murray declarou em agosto à revista "Elle" não entender por que colegas não se orgulham de o tênis ser o "único esporte" onde aspectos como premiação e jogo são ao menos comparáveis.

Apesar das dificuldades, Teliana Pereira, 29, e Bia, as duas melhores tenistas do Brasil nas últimas décadas, apostam em uma mudança cultural do público.

"Ainda somos pouco reconhecidas, mas estamos tendo resultados melhores e aparecendo mais", diz Teliana.

Para Bia, que vive a melhor fase da carreira, sua geração cresceu sem uma referência feminina -a maior parte dos sete títulos de Grand Slam de Maria Esther Bueno datam dos anos 1960. Por esse motivo, ela almeja não apenas troféus, mas um legado.

"A gente tinha como parâmetro os caras. Parece que é meio impossível a mulher no tênis. Poder contribuir para as meninas é um sonho que eu tenho", afirma.

BATALHA DOS SEXOS
(Battle of the sexes)
Direção Jonathan Dayton e Valerie Faris
Elenco Emma Stone, Steve Carell
Produção EUA, 2017
Quando estreia em 19 de outubro

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.