Atleta olímpica abusada por médico diz que ginástica dos EUA está 'podre'

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Crédito: Brendan McDermid - 19.jan.2018/Reuters Aly Raisman discursa antes da sentença de Larry Nassar, acusado de abusar sexualmente dela
Aly Raisman discursa antes da sentença de Larry Nassar, acusado de abusar sexualmente dela

DA REUTERS

A medalhista de ouro olímpica Aly Raisman criticou membros da federação americana de ginástica na última sexta-feira (19) por falhar em proteger ela e outras mulheres de anos de abuso sexual pelo ex-médico da entidade Larry Nassar, dizendo que o órgão está "podre por dentro".

Raisman, co-capitã do time de ginástica artística dos EUA que disputou os Jogos Olímpicos do Rio-2016 e Londres-2012, pediu que a federação americana e oficiais do comitê olímpico, que segundo ela tinham o poder de parar Nassar, fossem alvos de uma investigação independente.

Nassar se declarou culpado de dez acusações de abuso sexual em primeiro grau em novembro do ano passado.

"Para este esporte continuar indo em frente, precisamos reivindicar uma mudança real, e nós precisamos continuar desejando lutar por isso", disse a atleta.

"Agora está claro que se nós deixarmos isso nas mãos dessas organizações, a história vai se repetir", afirmou, se referindo à federação de ginástica e ao comitê olímpico americano.

A ginasta de 23 anos foi a última de dúzias de atletas que testemunharam nesta semana em audiência antes da divulgação da sentença de Nassar na corte do condado de Ingham, em Michigan.

Muitas delas falaram, com os olhos cheios de lágrimas, sobre como o abuso de Nassar, que era o coordenador médico nacional da federação de ginástica dos EUA, as deixou emocionalmente marcadas e indignadas.

No pedido para uma investigação independente, Raisman disse ter ficado consternada pela federação americana ter oferecido apenas "promessas vazias" quando o escândalo foi revelado.

Crédito: Jeff Kowalsky - 23.jun.2017/AFP Larry Nassar durante julgamento por pornografia infantil
Larry Nassar durante julgamento por pornografia infantil

Raisman, que conquistou seis medalhas olímpicas –três delas de ouro– em sua carreira, requisitou à recém-empossada CEO da federação, Kerry Perry, que atenda ao coro de demandas por maior responsabilização dos envolvidos.

"Infelizmente, você assumiu uma organização que está podre por dentro", disse Raisman para Perry, que não estava na corte na sexta. "Você será julgada por como lida com isso."

Durante os 15 minutos em que leu o seu pronunciamento, no quarto dia de audiências na corte de Michigan, Raisman olhava para o antigo médico da equipe e disse desafiadoramente a Nassar que suas vítimas não estavam mais sozinhas e fracas.

"Nós temos nossa voz e não vamos ser caladas", disse. "Eu não sou mais aquela garotinha que você conheceu na Austrália, que você começou a acariciar e manipular."

Procuradores pediram por uma sentença entre 40 e 125 anos de prisão para Nassar, 54, que também era um conhecido médico da clínica de esportes da Universidade Estadual de Michigan. A punição se somaria à condenação de 60 anos que ele cumpre atualmente em uma prisão federal por possuir pornografia infantil.

Com a expectativa de que cerca de 120 vítimas –mais do que o esperado inicialmente– deem seu depoimento na audiência, a sentença de Nassar foi adiada para o início da próxima semana.

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