Descrição de chapéu Mundial de Clubes

Há dez anos, Barcelona goleava o Santos na decisão do Mundial

Time brasileiro, liderado por Neymar, foi dominado em campo por Messi e companhia

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São Paulo

Há dez anos, Santos e Barcelona estavam no lugar mais alto do futebol entre clubes, decidindo o título do Mundial, em Yokohama, no Japão.

Da noite daquele domingo, 18 de dezembro de 2011, ficou na memória dos torcedores santistas e catalães aquela que para muitos, incluindo o então treinador do Barça Pep Guardiola, foi a maior exibição da equipe liderada por Lionel Messi.

O placar de 4 a 0 foi o reflexo da "aula de futebol", como definiu à época Neymar, que mal conseguiu tocar na bola diante do domínio adversário. "O que vivemos nesse jogo vamos tomar como lição", afirmou o ex-camisa 11 santista, ainda no gramado, minutos após o confronto.

Neymar e Messi disputa a bola durante a final do Mundial de Clubes entre Santos e Barcelona
Neymar e Messi disputa a bola durante a final do Mundial de Clubes entre Santos e Barcelona - Yuriko Nakao - 18.dez.11/Reuters

Apesar de dolorida, a derrota não apagava o belo futebol que o Santos exibia naquela temporada, em que voltou a conquistar a Libertadores após 48 anos. Apenas confirmava a fama do Barcelona de ser um time "extraterrestre", como era chamado pelo talento fora de série de seus jogadores.

Poucos não reverenciavam o toque de bola envolvente e o esquema sem um atacante fixo, que privilegiava a movimentação livre dos atacantes —uma tática que Muricy Ramalho, técnico santista na ocasião, tentou neutralizar usando três zagueiros, algo que se mostraria ineficaz.

Além de se fechar atrás, o time brasileiro respeitou demais o espanhol, com uma postura bem diferente da confiança demonstrada pelo lateral Léo, que na noite da comemoração pelo título da Copa Libertadores já vislumbrava o duelo com a equipe de Messi. "Vamos ver se o Barcelona é tudo isso mesmo."

A expectativa pelo confronto quase se frustrou antes mesmo da final. Na semifinal, a equipe da Vila teve trabalho para passar pelo Kashiwa Reysol, do Japão. Com mais posse de bola e mais finalizações, o time japonês foi melhor coletivamente do que os santistas, que precisaram contar com o talento individual de Neymar, autor de um dois gols da vitória por 3 a 1.

Além da tensão vivida na partida que classificou os brasileiros para a decisão, nos bastidores do elenco alguns jogadores estavam preocupados com situações extracampo, como Paulo Henrique Ganso. Ainda durante o Mundial, ele vendeu 10% de seus direitos econômicos à DIS, braço esportivo do Grupo Sonda.

Após a derrota para o Barcelona, ele não garantia mais sua permanência no clube. "Vou deixar tudo para janeiro", avisava sobre a decisão sobre seu futuro —ele acabaria ficando na Vila até setembro de 2012.

Um episódio revelado apenas anos mais tarde, porém, seria motivo de uma irritação ainda maior por parte dos torcedores santista e envolvia o grande craque daquele Santos: Neymar.

Em 2014, o jornalista Rodrigo Mattos, do portal UOL, revelou que o pai do jogador havia recebido dinheiro do Barcelona seis dias antes da final, como parte do pagamento da transferência do atacante que só seria oficializada em maio de 2013.

"Eu me pergunto como é que estaria a cabeça de alguém depois de receber um cheque de 10 milhões de euros. Imagino que, do ponto de vista psicológico, de alguma maneira, isso deve ter afetado", questionou à época Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro (1942 a 2016), que presidia o Santos naquela ocasião.

Responsável por cuidar da carreira do craque, Neymar pai admitiu ter recebido o valor do Barcelona citado pelo mandatário santista, mas argumentou que o montante era uma forma de o time espanhol assegurar a prioridade em uma futura negociação. "Os 10 milhões de euros não foram para o Neymar, foram para a N&N", disse, citando a empresa da família que administra a carreira do atleta.

A divulgação dos fatos caiu como uma bomba na Vila Belmiro, causando indignação nos conselheiros e nos torcedores santistas e seria uma mancha na relação da equipe com o ídolo.

A mágoa só não é maior porque as temporadas em que Neymar atuou com a camisa alvinegra foram as mais vitoriosos da história recente do clube —o craque ganhou seis títulos pela equipe.

Depois do Mundial, o Santos ainda ganharia a Recopa em 2012, mas depois amargaria um longo período sem conquistas de nível nacional e internacional, que se estende até hoje.

Pior do que isso somente o sofrimento pelo qual o time passou na última temporada, na qual lutou até as rodadas finais do Campeonato Brasileiro para evitar o primeiro rebaixamento de sua história.

Sem dinheiro para grandes investimentos, a agremiação da Vila não vislumbra um futuro muito diferente em 2022, no qual completará 110 anos desde sua fundação.

Curiosamente, o Barcelona também vive atualmente um momento de crise. Recentemente, a equipe da Espanha foi eliminada na fase de grupos da Champions League, algo que não ocorria desde a temporada 2000/2001. E não foi um acaso. A queda refletiu a grave crise pela qual passa o time catalão, que possuí atualmente uma dívida de mais de 1 bilhão de euros (R$ 6,4 bilhões).

A principal consequência deste momento turbulento foi o fim da produtiva relação com Lionel Messi. Em agosto, o craque deixou a Espanha após 21 anos já que o Barcelona não poderia renovar o contrato dele e arcar com seus salários sem infringir o fair play financeiro imposto pelas regras do Campeonato Espanhol. Basicamente, um clube não pode gastar mais do que arrecada.

Antes de anunciar sua ida para o Paris Saint Germain (FRA) o astro argentino chorou em sua despedida do time espanhol, pelo qual conquistou ao menos 17 títulos importantes, entre eles o Mundial de Clubes de 2011, com a histórica atuação sobre o Santos.

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