Descrição de chapéu Copa do Mundo Feminina

Antes crítica à CBF, atacante Cristiane volta para seleção

Brasil enfrenta a Argentina nesta quinta-feira, pela primeira rodada da Copa América

Cristiane durante treino da seleção brasileira feminina
Cristiane durante treino da seleção brasileira feminina - Lucas Figueiredo/CBF
Luiz Cosenzo
São Paulo

Seis meses depois de anunciar que não atuaria mais pela seleção por não concordar com a postura da CBF para o futebol feminino, a atacante Cristiane, 32, decidiu voltar atrás em sua decisão após ver melhoras, mesmo que ainda pequenas.

A jogadora foi convocada para a disputa da Copa América, no Chile, que classifica os dois primeiros colocados para o Mundial da França e apenas o campeão para a Olimpíada de Tóquio-2020. O Brasil estreia nesta quinta (5), às 19h, contra a Argentina.

“Recebi muitas críticas quando deixei a seleção e agora que voltei também. Decidi voltar porque entendi que a minha voz, minhas reivindicações, ficariam mais fortes estando na seleção brasileira”, disse a jogadora.

Em setembro, Cristiane decidiu deixar a seleção logo após a demissão da treinadora Emily Lima e a contratação de Vadão. Na oportunidade, pediu para Del Nero, hoje afastado da presidência CBF pela Fifa, uma reunião com as atletas para o desenvolvimento da modalidade.

Um Comitê de Futebol Feminino foi criado, mas extinto três meses depois. Mesmo assim, Cristiane diz ver as reivindicações das jogadoras serem atendidas aos poucos.

“É devagar, é pouco, mas as mudanças estão acontecendo. Hoje, temos uma liberdade para conversar com a CBF, as categorias de base contam com mulheres nas comissões técnicas. Premiações e direito de imagem, por exemplo, foram coisas que eu reivindiquei e estamos conseguindo”, acrescentou a atleta sem revelar valores que o time receberá.

Em outubro, a Folha mostrou que os jogadores convocados para a seleção masculina principal recebiam R$ 500 por dia da CBF, enquanto as mulheres ganhavam R$ 250. Fora do país, a diária masculina é em dólar e chega a R$ 1.600, enquanto as atletas recebiam o mesmo valor que em jogos no país. 

Na entrevista, a atacante afirmou pretende jogar pela seleção brasileira até a Olimpíada de Tóquio.

“Não me vejo jogando na seleção após os 35 anos. Estou aqui para brigar com as meninas mais novas por um lugar. Não adianta jogar apenas com o nome. O nível do futebol chinês é muito abaixo se comparando com a Europa e os Estados Unidos, apesar do alto valor que está sendo investido”, disse ela, que trocou o Paris Saint-Germain pelo Changchun Dazhong, da China.

“O que pesou sinceramente foi o lado financeiro. Foi o meu primeiro grande contrato. Muita gente no Brasil tem a visão que se jogamos na Europa conseguimos a independência financeira, mas não é assim. O salário para o futebol feminino na Europa é infinitamente menor do que o masculino ganha. Não dá nem para comparar com o que ganha um jogador das categorias de base hoje no Brasil”, contou.

Cristiane não descartou retornar ao futebol brasileiro, mas desde que receba uma projeto confiável.

Além de Cristiane, Vadão chamou a volante Formiga, que tinha se aposentado da seleção em 2016.

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