Descrição de chapéu Copa do Mundo

Antigo rival de Messi é 'garçom' argentino para duelo contra a França

Éver Banega tem feito Lionel subir de produção com seus passes teleguiados

Moscou

Carlos Bilardo não gosta do atual técnico da seleção argentina, Jorge Sampaoli. Não significa que seus conselhos não sejam ouvidos. É do campeão mundial de 1986 a opinião de que Éver Banega deveria ser convocado porque é o tipo de jogador "que faz a bola andar" e Messi poderia se beneficiar muito disso.

Escalado contra a Nigéria  com a Argentina sob o risco de eliminação, o meia deu lançamento teleguiado para o camisa 10 dominar e fazer o primeiro gol na vitória por 2 a 1.

Nascido em Rosário (como Messi), revelação precoce do futebol local (como Messi), e hoje em dia no futebol da Espanha (como Messi), Banega tem fé de que o passe e o resultado da partida se repetirão neste sábado (30), quando a Argentina entrar em campo para enfrentar a França, pelas oitavas de final da Copa do Mundo.

"Messi sempre estará marcado por vários jogadores. O meu papel é conseguir encontrá-lo com um lançamento como aconteceu com a Nigéria", disse Banega, que completou 30 anos nesta sexta (29), também aniversário da vitória da Argentina sobre a Alemanha que resultou no título mundial no México, em1986. Esta seleção era comandada pelo mesmo Bilardo que defendia sua convocação.

Banega sabe bem que o atual companheiro sempre tem vários marcadores, porque foi um deles no passado. Quando era criança e começou no baby futebol (versão infantil do esporte em que cada equipe tem sete garotos), ele era do Alianza Sport, rival do Grandoli, clube que tinha um fenômeno no ataque: Lionel Messi.

Banega era o Messi do Alianza. A aposta que o Newell's fazia em Lionel antes de ele abandonar tudo aos 12 anos e ir para o Barcelona, o Boca Juniors fez ao levar Éver para Buenos Aires. Mas ao contrário do jogador eleito cinco vezes melhor do mundo, seu antigo rival de Rosário construiu uma carreira na Argentina. Foi campeão da Libertadores de 2007 pelo time da capital.

Banega entrou no intervalo na estreia contra a Islândia e fez Messi subir de produção. Foi titular diante da Nigéria, e o atacante fez um gol. Corrobora não só a visão de Bilardo, mas também o que o próprio Sampaoli acredita a respeito da ligação entre os dois atletas dentro de campo. O meia facilita o trabalho de Lionel, que fica livre para atuar mais próximo ao gol adversário.

"Banega é o tipo de jogador que potencializa Messi em campo", observou o treinador que tenta levar a Argentina para as quartas de final.

Isso já poderia ter acontecido em 2014. Até hoje Alejandro Sabella, então técnico da seleção, não explicou o motivo para não ter chamado o armador na lista final depois de tê-lo utilizado em quase toda eliminatória. Uma razão pode ser os altos e baixos de Banega. Algo que o difere, apesar de terem passado parecido, de Messi, um dos maiores de todos os tempos.

Após o empate com o Peru em La Bombonera, em 2017, resultado que complicou as chances de classificação da Argentina, nomes históricos da seleção, como Messi e Mascherano, decidiram ficar na concentração da AFA (Associação de Futebol Argentino) em Ezeiza antes do confronto de vida ou morte com o Equador dias depois. Banega foi fotografado de madrugada em uma boate de Buenos Aires.

No final de março deste ano, menos de dois meses antes da divulgação dos convocados para o Mundial da Rússia, ele foi parado pela polícia e reprovado no teste do bafômetro.

Banega já foi atropelado pelo próprio carro quando parou para abastecê-lo e esqueceu de acionar o freio de mão. Ficou seis meses afastado. Pela seleção argentina sub-17, fez parte de grupo de jovens que destruiu quartos de hotel após um torneio na Holanda. Pouco antes de ir para o Valencia, vendido pelo Boca, teve um vídeo íntimo vazado na internet.

"A questão com Éver é que ele precisa, para jogar bem, se sentir querido e importante. Os jogadores de futebol são pessoas que precisam ser felizes", definiu Bilardo.

Antes da Copa de 2014, foi excluído da lista de jogadores que estiveram no Brasil. Ligou para o amigo Lionel Messi, que não tinha ideia do que havia acontecido.

Sua venda para o Valencia, em 2008, abriu o temor de que tivesse ligação com o cartel de Los Monos, um dos mais temidos da Argentina e que distribui as drogas em Rosário. Nada ficou provado, mas após ser negociado por 26 milhões de euros (R$ 117 milhões em valores atuais), um empresário ligado ao cartel apareceu em La Bombonera para cobrar porcentagem do dinheiro. Alegava ser dono de parte dos direitos econômicos do jogador.

Questionado se este foi o motivo para não ter levado Banega para o Mundial de 2014, Sabella não respondeu.

Quatro anos depois, ele dá na Rússia os passes para Messi que não teve a chance de dar no Brasil. Um longo caminho desde os tempos em que o enfrentava no baby futebol em Rosário e usava chuteira velha, maior que seu pé, compartilhada com seus outros dois irmãos. Seu maior sonho era ter calçado novo, apenas seu. Como o que usou para deixar o camisa 10 em condições de marcar contra os africanos.

"Eu tive de erguer a cabeça e ele [Messi] percebeu e fez a corrida. Em se tratando de Leo, foi mais do mesmo."

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.