Descrição de chapéu Copa do Mundo

Rússia busca a semifinal com time caseiro e com rara influência externa

Dos 23 jogadores da seleção, somente dois deles atuam agora fora do país

Fábio Aleixo
Sochi

Maior surpresa da Copa até as quartas de final, na qual enfrenta a Croácia às 15h deste sábado (7), em Sochi, a Rússia é uma seleção estritamente caseira e com pouca ou quase nula influência do exterior em seu estilo de jogo.

Dos 23 atletas que compõem a equipe, somente dois atuam fora do país. Houve um avanço em relação ao torneio de 2014, quando todos os convocados estavam no futebol russo.

Um deles é o destaque do time e autor de três gols, o meia-atacante Denis Tcherishev, do Villarreal (ESP). O outro é o terceiro goleiro Vladimir Gabulov, do Brugge (BEL).

A base é composta pelos três mais importantes e ricos clubes do país: CSKA Moscou e Zenit (cinco jogadores cada) e Spartak Moscou (três).

Há ainda dois representantes do atual campeão Lokomotiv Moscou, dois do Krasondar, dois do Rubin Kazan, um do Akhmat Grozni e um do Arsenal Tula. O número considera onde atuaram na última temporada.

Entre os que estão atualmente no futebol russo, apenas um já atuou em uma liga de ponta na Europa, o lateral-esquerdo Iuri Jirkov, 34. Ele defendeu o Chelsea de 2009 a 2011. Hoje, está no Zenit.

A falta de rodagem já foi apontada por jornalistas e ex-jogadores como um dos fatores para a dificuldade da Rússia evoluir com resultados no cenário internacional.

“O mais importante não é onde você joga, mas em que nível você joga. Nosso time está funcionando. Jogar numa liga no exterior nem sempre é tão vantajoso. Já tivemos isso em outros torneios e não vencemos. Claro que para o jogado pode ser algo extra, mas é o que temos”, afirmou o técnico Stanislav Tchertchesov.

"Não vejo nenhum problema nisso. As equipes russas disputam Liga dos Campeões, Liga Europa”, completa o lateral-direito Mário Fernandes.

Desde o fim da União Soviética, em 1991, esta foi a segunda vez que a seleção passou da fase de grupos. A outra foi na Eurocopa de 2008, quando acabou no quarto lugar.

Já em relação aos clubes, o título mais expressivo desde o fim do comunismo foi o da Copa da Uefa pelo CSKA Moscou, em 2005. Na Liga dos Campeões jamais teve um finalista.

Atualmente, o Campeonato Russo é na Europa o sétimo em termos de valor de mercado de acordo com o site especializado em transferências Transfermarkt. É avaliado em 751 milhões de euros (R$ 3,4 bilhões), bem distante do Campeonato Inglês, o mais rico do continente com valor de 7,5 bilhões de euros (R$ 34,6 bilhões). Isso ajuda a explicar porque a Inglaterra tem todo seu time da Copa atuando em seu torneio.

A liga croata, por exemplo, vale 154 milhões de euros (R$ 711 milhões). Porém a seleção rival da Rússia por vaga na semifinal tem a maioria dos atletas no exterior. Os mais emblemáticos são Luka Modric (Real Madrid), Ivan Rakitic (Barcelona) e Mario Mandzukic (Juventus).

Em que pese ser disputado no maior país do mundo, dividido em dois continentes, o Campeonato Russo terá na temporada 2018/2019 apenas 2 dos 16 times na parte asiática, o Ural de Iekaterinburgo e o Ienisei, de Krasnoiarsk.

Farta em dinheiro no início da década de 2010, quando o rublo estava em alta diante do dólar e a exportação de petróleo a todo vapor, a liga russa vê times em dificuldades financeiras no momento.

Só no último mês, duas agremiações fecharam as portas por falta de recursos: o Amkar Perm, que esteve na primeira divisão de 2004 a 2018, e o Tosno, fundado em 2015 e que só jogou na elite na temporada 2017/2018.

Diferentemente também das grandes ligas europeias, a russa tem exibição televisiva restrita pelo mundo. No Brasil nenhuma emissora tem os direitos atualmente. No passado, a ESPN chegou a transmitir alguns jogos, principalmente na época em que o atacante Hulk defendia o Zenit.

“Eu penso que a Copa do Mundo e nossa campanha podem ajudar a chamar uma grande atenção para o nosso futebol e fazer com que as pessoas o conheçam mais e aprendam sobre ele”, disse o meio-campista Aleksander Samedov, do Spartak Moscou.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.