Descrição de chapéu The New York Times

Novo formato de classificação tira revelação da NBA do Mundial de basquete

Sem Luka Doncic, candidato a calouro do ano, Eslovênia não conseguiu vaga

Marc Stein
The New York Times

Luka Doncic, um dos principais candidatos ao prêmio de calouro do ano na NBA, expressou consternação na sexta-feira (7) por a seleção da Eslovênia, que ele defende, não ter conquistado vaga automática na próxima Copa do Mundo de basquete da Fiba (Federação Internacional de Basquete), como atual detentora do título europeu. Doncic não pôde defender sua equipe nas eliminatórias, e a seleção não conquistou vaga para o torneio.

"Estou muito decepcionado", disse Doncic em entrevista depois do treino do Dallas Mavericks, na sexta-feira. "Somos campeões europeus. Deveríamos jogar".

Doncic, 19, vem registrando médias de 19 pontos, 6,5 rebotes e 4,3 assistências por jogo, em um time do Mavericks que vem surpreendendo, e seu desempenho valida a aposta do Dallas em seu potencial para se transformar em astro instantâneo na NBA.

Luka Doncic durante jogo do Dallas Mavericks contra o Golden State Warriors
Luka Doncic durante jogo do Dallas Mavericks contra o Golden State Warriors - Tom Pennington/Getty Images/AFP

Mas com Doncic ausente, a Eslovênia venceu duas e perdeu oito partidas nas eliminatórias para a Copa do Mundo, e só lhe restam dois jogos. Sob o sistema anterior, o país teria chegado automaticamente à Copa do Mundo, que será disputada em diversas cidades da China na metade do ano que vem.

Uma mudança controvertida no formato de classificação para a Copa do Mundo, instituída pela Fiba, forçou 80 países a competir em eliminatórias regionais pelas 31 vagas disponíveis para o torneio (a anfitriã, China, fica com a vaga restante). É um sistema semelhante ao adotado para determinar os participantes da Copa de Mundo de futebol.

Dois terços das partidas eliminatórias acontecem em datas conflitantes com o calendário da NBA, no entanto. Ao contrário dos jogadores de futebol de todo o planeta, que são liberados para defender suas seleções nacionais nas chamadas "datas Fifa", os jogadores da NBA e a maioria dos jogadores da Euroleague não têm autorização para deixar seus times durante a temporada a fim de representar suas respectivas seleções.

No caso da Eslovênia, isso significou jogar sem Goran Dragic, do Miami Heat, e também a necessidade de contratar um novo treinador. Igor Kokoskov, do Phoenix Suns, teve de deixar seu posto na seleção eslovena ao aceitar a proposta do time da NBA.

Os Estados Unidos tampouco receberam uma vaga automática na Copa do Mundo de 2019, para a qual o novo formato foi adotado –ainda que tenham vencido a mais recente Copa do Mundo e conquistado o mais recente ouro olímpico. Mas os americanos confirmaram sua vaga com uma vitória sobre o Uruguai, sob o comando do treinador Jeff Van Gundy, cuja equipe venceu oito e perdeu duas partidas nas eliminatórias, dependendo basicamente de atletas da G-League, a liga de desenvolvimento da NBA.

Graças aos esforços de Van Gundy e dos 46 jogadores que ele convocou para as eliminatórias até o momento, a USA Basketball, federação americana da modalidade, poderá enviar sua seleção habitual de astros à China em 2019, sob o comando de Gregg Popovich, treinador do San Antonio Spurs, que substituiu Mike Krzyzewski, da Universidade Duke, como treinador da seleção principal de basquete dos Estados Unidos. 

Liderada por Doncic, Dragic e Kokoskov, a Eslovênia conquistou o título europeu de 2017, em uma história digna de um conto de fadas; Doncic descreve a vitória como "a coisa mais maravilhosa de minha vida".

"Ser campeão europeu e não estar na Copa do Mundo é muito difícil", disse Doncic. "Não sei por que eles mudaram o sistema".

Perguntado sobre a reação de seus compatriotas, Doncic mencionou o apoio que a Eslovênia recebeu de sua torcida na campanha vitoriosa, e disse: "Você viu a final em Istambul. Eles vivem para nós".

A Fiba instituiu a estrutura de classificação regional semelhante à do futebol esperando que isso levasse à realização de partidas importantes em todos os países envolvidos nas eliminatórias –em oposição a um torneio classificatório único, realizado durante as férias de verão em um local central–, e contando que as partidas em cada país ajudassem a despertar mais interesse pelo basquete. A organização estava ciente de que isso significaria que os melhores jogadores de diversos países não estariam disponíveis para participar das eliminatórias.

Para a Eslovênia e qualquer outro país que não consiga classificação para a China, conquistar vaga para a Olimpíada de Tóquio em 2020 será um desafio. A seleção precisaria ser convidada a participar de um dos quatro torneios classificatórios que selecionarão os últimos participantes, pouco antes da abertura dos jogos, em 2020. Só os campeões desses torneios irão a Tóquio.

Doncic disse que levar a Eslovênia à primeira participação de sua história no torneio olímpico de basquete era um dos grandes objetivos de sua carreira.

"A Olimpíada, a próxima EuroBasket, a próxima Copa do Mundo. Quero jogar pela minha seleção sempre que estiver disponível", disse o jogador. "Se não estiver lesionado, jogarei".

Tradução de Paulo Migliacci

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