Americanos me procuram para jogar basquete no Brasil, diz Leandrinho

Ala brasileiro disputou 14 temporadas na NBA e conquistou um título com os Warriors em 2015

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Leandrinho Barbosa no Jogo das Estrelas do NBB, em Franca
Leandrinho Barbosa no Jogo das Estrelas do NBB, em Franca - NBB
Franca (SP)

Aos 36 anos e de volta ao país para defender o Minas Tênis Clube, o ala Leandrinho passou a ter um papel de embaixador informal do basquete brasileiro.

Campeão da NBA com o Golden State Warriors em 2015, o atleta disputou 14 temporadas na liga dos EUA e ainda passa boa parte das suas férias no Arizona, onde atuou por mais tempo e se destacou pela equipe do Phoenix Suns.

Nessas visitas, o jogador tem percebido um crescente interesse dos jogadores americanos pelo basquete brasileiro.

“Eu faço um rachão duas ou três vezes por semana [quando está em Phoenix]. Toda vez vem alguém pedir para levar para jogar no Brasil. Eu fico feliz de saber que eles estão nos EUA, onde tem tudo do bom e do melhor, e têm interesse de vir para cá”, conta Leandrinho em entrevista à Folha.

O brasileiro se refere àqueles que não conseguem um espaço na principal liga do mundo, prioridade da maioria dos jogadores de basquete.

“Depois que [o jogador americano] sai da universidade, se não for para NBA, não tem para onde ir. Então eles acabam indo para fora do país, e desses países eu boto o Brasil entre os cinco melhores”, diz.

Atualmente, 29 estrangeiros atuam no NBB, sendo que 19 deles são americanos. No primeiro ano da liga eram apenas 8. O recorde ocorreu há cinco temporadas, quando 44 atletas de outros países disputaram o campeonato.

O número varia de acordo com vários fatores, entre eles a cotação do dólar, a qualidade da safra dos atletas nacionais e a situação financeira dos clubes. Também há um limite de três estrangeiros por equipe.

Um dos que procuraram Leandrinho recentemente, segundo ele conta, foi Taylor Griffin, 32, seu ex-companheiro no Suns e irmão de Blake Griffin, 29, famoso pivô que defende o Detroit Pistons.

Diferentemente do caçula, Taylor não vingou na NBA e buscou espaço na Europa.

“Ele fez várias perguntas, quis saber se era perigoso, se dava para jogar. Falei que podia vir, que era tranquilo, mas acabou que ele parou de jogar e está cuidando da carreira do irmão”, afirma o ala do Minas.

Leandrinho disputou sua primeira temporada nos EUA aos 21 anos. Antes, ele havia defendido o Palmeiras e o Bauru. Entre os seus 14 anos na liga, o ala voltou para o Brasil duas vezes, em passagens rápidas por Flamengo (2011, durante uma greve na NBA) e Pinheiros (2013).

Leandrinho em ação pelo Golden State Warriors, com quem conquistou o título da NBA em 2015
Leandrinho em ação pelo Golden State Warriors, com quem conquistou o título da NBA em 2015 - Ronald Martinez/AFP

No ano passado, ele foi contratado pelo Sesi Franca e fez 12 jogos, mas se lesionou e desfalcou o time nos playoffs.

Durante o Jogo das Estrelas do NBB (Novo Basquete Brasil, o campeonato nacional), realizado no início do mês na cidade do interior paulista, recebeu mais vaias do que aplausos da fanática e provocadora torcida local.

Leandrinho fechou contrato com o Minas no fim de 2018, perto da data limite para novas inscrições no NBB. Ele afirma ter recebido propostas vindas de Rússia, Turquia e Argentina, mas que a vontade de estar perto das filhas pesou para permanecer no país.

No novo clube, ele chegou para ser a grande estrela do time, hoje o sexto colocado da liga nacional. Até agora, seu desempenho tem sido bom: média de 30 minutos em quadra por jogo, 19,6 pontos, 4 assistências e 3,8 rebotes.

Para Leandrinho, sua presença estimula, mas também pode intimidar um grupo jovem, sem outras estrelas.

“A molecada fica meio assim de falar comigo, existe a timidez, mas de vez em quando eu dou palestras, falo que sou de carne e osso, como eles. Aí a garotada se solta”, afirma.

A melhora no entrosamento, de acordo com ele, pode ser vista em quadra. “Antes tinham medo de fazer um passe ou falar algo que eu não gostasse. Hoje está bem melhor.”

Outro papel assumido pelo veterano em seu retorno ao Brasil é o de conselheiro, especialmente para Didi, 19, ala do Franca e uma das principais revelações do basquete brasileiro. Seu nome já é tratado pela imprensa americana como possível concorrente ao draft da NBA (processo de recrutamento da liga).

Didi busca conselhos do ídolo por telefone ou quando eles se juntam na seleção. Se depender das palavras ouvidas, o novato já pode comprar passagem para os EUA.

“Espero que a agência dele faça um grande trabalho para ele realmente poder ir embora”, diz Leandrinho.

“Daqui a pouco estamos parando. Hoje em dia tem o Didi e o Yago [armador do Paulistano, também de 19 anos], e a gente quer mais jogadores. Espero que mais talentos surjam, vão embora, e tenhamos mais ídolos”, completa.

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