Jovens começam a dividir com veteranos papel de astros do basquete nacional

Jogo das Estrelas do NBB reforça ascensão de Didi e Yago, ambos de 19 anos

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Yago participa do desafio de habilidades no Jogo das Estrelas
Yago participa do desafio de habilidades no Jogo das Estrelas - Fotojump/LNB
Franca (São Paulo)

A enterrada de Marcos Louzada, o Didi, lance que encerrou o Jogo das Estrelas do NBB (Novo Basquete Brasil) neste sábado (9), em Franca, teve boa dose de simbolismo.

Aos 19 anos, o jogador capixaba formado no clube do interior de São Paulo é uma das principais revelações do basquete brasileiro e já está cotado para participar do próximo recrutamento da NBA, no meio do ano, segundo a ESPN dos EUA.

Aos poucos, ele e Yago Mateus, 19, armador do Paulistano, conquistam não só um lugar de destaque em  quadra, mas também a idolatria de fãs da modalidade.

“Fiquei bastante emocionado. Ainda não me sinto muito uma estrela, é uma coisa nova para mim, estou tentando me acostumar com isso”, afirmou Didi, após ser muito ovacionado pelo público.

O espaço que as revelações começam a preencher no grupo das estrelas é há muito tempo ocupado por atletas que atuaram na NBA e já passaram dos 35 anos. Alex Garcia tem 38. Leandrinho Barbosa e Anderson Varejão, 36.

Os três voltaram ao Brasil e ainda são peças importantes na seleção. Coube a eles, por escolha da Liga Nacional de Basquete, selecionar os representantes do time da casa no Jogo das Estrelas.

Além do papel de líderes da modalidade, Varejão, do Flamengo, e Leandrinho, do Minas, são atrações comerciais, já que ajudam seus times a angariar público e ganhar popularidade. Mas com a ascensão dos novatos Yago e Didi, os veteranos passam a ter com quem dividir esse papel.

O técnico Gustavo de Conti, hoje no Flamengo e ex-técnico de Yago no Paulistano, já vê o armador como uma referência.

“Não é como o Varejão, mas ele já tem um apelo muito grande, é um cara muito requisitado por imprensa, patrocinadores e torcida. No ano passado, quando a gente jogava fora de casa, as pessoas iam para ver o Yago também”, afirmou. “Ele está chegando num limite de exposição e de jogo que, pelo potencial dele, [o Brasil] está ficando pequeno.”

Em Franca, por conta da rivalidade das equipes, o atleta foi alvo de muitas vaias da torcida durante a disputa do desafio de habilidades. Para ele, um sinal de que sua presença provoca impacto.

“Se eles estão pegando no meu pé e torcendo contra, alguma coisa de bom eu devo estar fazendo. As pessoas vaiam, mas quando acaba o jogo elas me cumprimentam. Começam a vaiar e eu jogo mais”, afirmou Yago.

Se o armador foi o vilão para muitos torcedores francanos, um dos mocinhos do fim de semana claramente era Didi.

Na noite de sexta (8), logo que os portões do ginásio Pedro Morilla Fuentes abriram para o primeiro dia do Jogo das Estrelas, Fernando Aparecido Silveira, 55, acomodou-se ao lado da sua filha e de um sobrinho.

Ele, que frequenta o Pedrocão há mais de 20 anos, alertou sobre a popularidade do jovem jogador. “Você vai ver quando ele entrar aí como vai ser.” De fato, o ginásio explodiu em aplausos quando o nome de Didi foi anunciado.

Didi no Jogo entre as novas estrelas de Brasil e Argentina em Franca
Didi no Jogo entre as novas estrelas de Brasil e Argentina em Franca - Fotojump/LNB

Entre seus fãs está Pedro Henrique Cervi, 16, que aproveita para acompanhar os passos do atleta quando ele ainda está por perto. O estudante sabe que o futuro de Didi tem tudo para ser fora do país, mas ele não se incomoda. Quer torcer pelo ala na NBA mesmo que seja contra seu time, o Los Angeles Lakers.

O também estudante Fernando de Melo, 21, é mais cauteloso. Ele recorda o exemplo de Léo Meindl, 25, cria do Franca que também surgiu de forma arrasadora, mas permanece no basquete nacional, atualmente no Paulistano –outro alvo de vaias da torcida local.

Melo acredita que o melhor para Didi seja esperar mais dois anos antes de tentar se aventurar na liga americana. Ele lembra de Leandrinho, que “jogava muito e era um bom reserva” nos EUA.

O próprio Leandrinho, porém, discorda. “O Didi está pronto, é a hora de ele ir embora. Acredito que ele está bem melhor do que eu, tem mais corpo do que eu quando saí daqui”, afirmou o campeão da NBA com o Golden State Warriors, que se tornou uma espécie de conselheiro do jovem.

Atualmente estão na NBA os brasileiros Nenê, 36, pivô do Houston Rockets, Cristiano Felício, 26, pivô do Chicago Bulls, Raulzinho, 26, armador do Utah Jazz, e Bruno Caboclo, 23, ala sob contrato temporário com o Memphis Grizzlies.

Com exceção de Nenê, eles fazem parte de uma geração intermediária, que também conta com vários atletas que atuam no Brasil e em breve deverá liderar a seleção brasileira ao lado dos novatos.

“Não vou dizer que esses jogadores de meia-idade têm potencial para segurar uma seleção brasileira quando os mais velhos pararem. Mas, por outro lado, a molecada vai atingir um estágio internacional muito mais rápido do que o normal”, afirma Alex.

​É a mesma expectativa dos muitos que já enxergam Yago e Didi na condição de estrelas do basquete brasileiro.

Jornalista viaja a convite da Liga Nacional de Basquete

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