Descrição de chapéu The New York Times

Enfermeira tem recorde inicialmente negado por correr maratona de calça

Uniforme deveria ter um vestido, segundo critério do Guinness World Records; decisão foi revertida

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Yonette Joseph
Londres | The New York Times

​Uma enfermeira que havia tido um recorde mundial negado pelo Guinness World Records por ter corrido a Maratona de Londres deste ano usando calça, e não um vestido, recebeu o título na última semana após uma onda de manifestações de indignação pública com os critérios da organização, tachados por muitos de antiquados e sexistas.

A britânica Jessica Anderson quebrou o recorde anterior —de mulher a ter completado a maratona em menos tempo usando um uniforme de enfermeira—, ao reduzir a marca em 32 segundos vestindo um pijama cirúrgico azul, seu uniforme de trabalho no Serviço Nacional de Saúde britânico em Londres.

"Me disseram que teria que ser com vestido branco ou azul, avental e touca branca, caso contrário não valeria como recorde", afirmou Anderson no início deste mês. "Eu não quis vestir aquilo. Optei por usar meu uniforme real."

A maratonista responsável pela marca anterior, atingida em 2015, correu usando um vestido listrado de azul e branco, avental e uma touca da Cruz Vermelha.

Mas o recorde de Anderson (de três horas, oito minutos e 22 segundos) na prova do dia 28 de abril foi inicialmente rejeitado pela organização, o que acabou gerando uma onda de críticas nas redes sociais.

No Twitter, homens e mulheres publicaram fotos de seus uniformes do dia a dia usando a hashtag #WhatNursesWear (o que enfermeiros vestem). Muitos questionaram o que levaria o Guinness a se apegar a um estereótipo, já que esses profissionais —e isso inclui homens— não são obrigados a usar saias ou vestidos no trabalho.

Na última terça-feira (7), a organização anunciou em comunicado que havia revertido sua decisão inicial e a vice-presidente sênior da empresa, Samantha Fay, afirmou que Anderson recebeu o recorde pelo tempo marcado.

"Ficou claro para o Guinness World Records que nossas diretrizes para a categoria de maratona completada em menos tempo usando uniforme de enfermeira estavam desatualizadas, incorretas e refletiam um estereótipo que não queremos perpetuar", declarou Fay.

Enfermeira no Royal London Hospital, Anderson participou da maratona de Londres para fins beneficentes e tinha como meta arrecadar 500 libras esterlinas (R$ 2,57 mil) para a entidade Barts Charity, que financia pesquisas e atendimento médico em seu hospital e em quatro outros. Até a última quarta-feira (8), ela já havia levantado mais de 5,4 mil libras (cerca de R$ 28 mil).

Em uma publicação no Instagram, Anderson afirmou estar feliz com a decisão do Guinness de rever os critérios para o recorde.

"Os uniformes de enfermagem variam, mas uma coisa que todos têm em comum é o fato de que são criados para profissionais de ambos os sexos, que prestam assistência a pessoas de muitas maneiras, em todo o mundo", escreveu a corredora. "Eu teria prestado um desserviço à minha profissão se tivesse usado uma fantasia de enfermeira."

Tradução de Clara Allain

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