Medalhista olímpica do Irã deixa o país e diz ser usada por regime

Lutadora Kimia Alizadeh afirma ter sido explorada politicamente por autoridades

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São Paulo | Reuters

Única mulher medalhista olímpica do Irã, a lutadora de taekwondo Kimia Alizadeh, 21, anunciou que desertou de seu país. A atleta afirmou em uma rede social que tomou a decisão após ser usada por autoridades como ferramenta de propaganda política.

O anúncio acontece em um momento de alta tensão entre Irã e Estados Unidos. Neste domingo (12), milhares de iranianos protestaram pelo segundo dia consecutivo contra líderes do país após forças militares admitirem que derrubaram por engano um avião com 176 pessoas que iria de Teerã a Kiev, na Ucrânia.

A atleta de taekwondo Kimia Alizadeh nos Jogos do Rio, em 2016
A atleta de taekwondo Kimia Alizadeh nos Jogos do Rio, em 2016 - Kirill Kudryavtsev - 18.ago.16/AFP

"Eu sou uma das milhões de mulheres oprimidas no Irã. Eles me levavam para onde queriam. Eles usavam tudo o que eu dizia. Tudo o que eles me mandavam dizer, eu dizia", publicou Alizadeh. "Nós somos ferramentas deles. Essas medalhas de metal são importantes para a compra e a exploração política a qualquer preço."

Alizadeh entrou para a história de seu país ao conquistar a medalha de bronze na Olimpíada do Rio, em 2016, na categoria até 57 kg. Após o feito, ela ganhou o apelido de "Tsunami". Segundo a atleta, deixar o Irã foi uma decisão difícil.

"Ninguém me convidou para a Europa. Mas aceito a dor e o sofrimento da saudade de casa porque não queria fazer parte de hipocrisia, mentiras, injustiças e lisonjas”, disse. “Meu espírito conturbado não se encaixa nos seus laços econômicos sujos e lobbies políticos apertados. Não desejo nada além de taekwondo, segurança e uma vida feliz e saudável. Mas continuo sendo filha do Irã onde quer que esteja."

Nos últimos anos, outros atletas iranianos também deixaram o país alegando pressão do governo. Em setembro, o judoca Saeid Mollaei foi para a Alemanha logo após ter sido orientado a perder uma luta de propósito no Mundial de Tóquio para evitar um confronto decisivo com atleta israelense.

"Eu não li o post de Kimia, mas até onde eu sei, ela sempre quis continuar seus estudos em fisioterapia", disse o vice-ministro do Esporte do Irã, Mahin Farhadizadeh, após a publicação da atleta.

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