Descrição de chapéu Copa Libertadores 2020

Veríssimo busca fim triunfal no Santos após quase dispensa e frustrações

Negociado, zagueiro se firma como destaque do time e um dos melhores da posição no Brasil

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Santos

Lucas Veríssimo, 25, pisará no gramado Maracanã, neste sábado (30), certo de que será sua despedida pelo Santos. O zagueiro já tem desde 4 de janeiro transferência acordada para o Benfica por 6,5 milhões de euros (cerca de R$ 41 milhões).

O fim do ciclo no clube, onde está desde 2013, poderia ter acontecido bem antes da final da Libertadores da América. Alvo preferido de elogios públicos de Sampaoli enquanto treinador do Santos, em 2019, e hoje cotado para uma convocação para a seleção brasileira —foi citado nominalmente por Tite em dezembro—, Veríssimo ficou sem espaço após completar 20 anos.

“O Santos trocou dirigentes, em 2015, e o Lucas estava estourando a idade para subir para o profissional. Eles me chamaram para informar que o afastariam, que queriam começar uma nova metodologia, com atletas mais novos. No dia seguinte, o Dorival [Júnior, técnico do profissional] viu o nosso treino e o pediu no time de cima. Ele salvou o Santos de um erro absurdo”, conta Pepinho Macia, então treinador da equipe sub-20 santista.

Lucas Veríssimo comemora seu gol contra o Delfín, do Equador, em partida válida pela fase de grupos da Libertadores
Lucas Veríssimo comemora seu gol contra o Delfín, do Equador, em partida válida pela fase de grupos da Libertadores - Nelson de Almeida - 10.mar.20/AFP

Em julho daquele ano, o zagueiro já sabia que o fim do ciclo na Vila Belmiro poderia estar próximo. Dias antes, havia procurado Pepinho dizendo que estudava uma proposta do Grêmio e que estava propenso a aceitar. O contrato acabaria no ano seguinte.

“Ele percebeu coisas estranhas, me falou do Grêmio e pedi para que tivesse calma, para aguardar uma definição”, relata o técnico.

Veríssimo só foi alçado ao time principal devido a uma sucessão de lesões e problemas no setor. Estreou há pouco mais de seis anos, em um amistoso contra o Bahia, na Arena Fonte Nova, em janeiro de 2016. A partida terminou empatada em 2 a 2.

“Me chamou atenção saber que ele seria liberado pelo clube. Era um jogador que tinha um pouco de tudo, que se posicionava bem, com boa leitura de jogo, bola aérea exemplar e que antevia muito cada jogada. Sempre foi muito sério e comprometido”, explica Dorival.

Antes de chegar ao Santos, o jogador passou por José Bonifácio-SP, em 2011, e Linense-SP, de 2012 a 2013. Em Lins, sempre chamou atenção por uma maturidade precoce. Tornou-se, em pouco tempo, a principal esperança da base do clube, conhecida como Linensinha, reativada meses antes de sua chegada.

Curiosamente, o ápice de Veríssimo aconteceu em um episódio similar ao que mais tarde viveu em sua estreia no Santos.

“Era técnico do sub-20 e em 2012 todos os meus zagueiros se machucaram. Precisei colocar ele com 16 anos para jogar. Ele me impressionou. Fazia as coisas simples, sendo extremamente firme. Eu falava no banco: como ele carrega a bola assim com 16 anos?”, lembra Bruno Quadros, ex-zagueiro e então técnico da equipe, atualmente assistente no Hokkaido Consadole Sapporo, do Japão.

A ida para o Santos aconteceu após se destacar pela Linense atuando pela Copa São Paulo em 2013. Chegou ao clube com mais dois companheiros, mas só ele permaneceu.

Sétima maior venda da história do Santos, Veríssimo jamais foi considerado uma joia na Vila Belmiro. Em 2014, na campanha campeã da equipe na Copinha, estava no grupo, mas nem sequer era relacionado para as partidas. No ano seguinte, quando se tornou titular, a equipe acabou eliminada ainda na primeira fase da competição.

“Quando chegou ao Santos ele tinha dificuldades para ir para os jogos, se firmou mais no final do sub-20. A verdade é que não foi um jogador que chegou com cartaz. Algumas pessoas dentro do Santos tinham desconfianças, mas ele foi evoluindo muito, sempre foi focado”, lembra Luiz Fernando de Moraes, dirigente da base do clube de 2010 a 2013.

Discreto, mas eficiente, Veríssimo construiu solidez no Santos. Precisou de apenas três meses para convencer dirigentes, que iam dispensá-lo, a renovar contrato. Se firmou com Dorival e agradou tanto a Levir Culpi, seu sucessor no clube em 2017, a ponto de o técnico recomendar a contratação no ano seguinte ao Atlético-MG.

A saída do Santos sempre pareceu questão de tempo, desde então. Antes de acertar com o Benfica, acumulou negociações frustradas com diversos clubes da Europa, como Saint-Étienne, Porto, Spartak Moscou, Lyon e Torino.

“Temos uma dívida com o Lucas Veríssimo. Quando assumimos em 2018, esteve a ponto de ser negociado com a Rússia, mas não foi no último segundo. No ano passado [em 2019] tivemos oportunidade [de negócio] no Torino, mas a proposta não chegou em nossas mãos e contrataram outro jogador para a posição por valores mais baixos [o zagueiro Bremer, do Atlético-MG]”, disse o ex-presidente José Carlos Peres, em abril do último ano.

Veríssimo chegou ao limite com os indícios de negociações frustradas com o Benfica, em dezembro. Apesar de a diretoria aprovar, a transação foi vetada pelo conselho fiscal do clube, braço do conselho deliberativo. Abalado, oo defensor não treinou na véspera do decisivo confronto com o Grêmio, pelas quartas de final da competição. Uma conversa com o técnico Cuca costurou o retorno.

O jogador teve atuação perfeita e, contra o Boca Juniors, consolidou de vez a posição de referência no sistema defensivo do time. “Veríssimo é incrível. Aprendeu a jogar como lateral, marcar em linha de três e linha de quatro, na esquerda e direita. É ponto alto da equipe”, definiu Sampaoli, em novembro de 2019.

Perto do adeus, e depois de quase saídas certas, ele quer, enfim, um desfecho perfeito pelo Santos. Em 2016, ano do único título que conquistou pelo clube, terminou o Campeonato Paulista como reserva de David Braz e Gustavo Henrique, recuperados de lesões. Agora, Veríssimo está pronto para liderar uma conquista.

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