Descrição de chapéu Tóquio 2020

Thaisa, melhor da Superliga, se aposenta da seleção e fica fora da Olimpíada

Em carta de despedida, jogadora do Minas atribui decisão a preocupações com o físico

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São Paulo

A central Thaisa, 33, bicampeã olímpica (2008 e 2012) e eleita a melhor jogadora da última Superliga feminina de vôlei, surpreendeu ao anunciar nesta terça-feira (6) sua aposentadoria da seleção brasileira.

Com isso, ela não estará no grupo que começa a se preparar a partir desta semana para a Olimpíada de Tóquio-2020, remarcada para julho e agosto deste ano após o adiamento no ano passado.

Em 2017, uma grave lesão no joelho quando estava na Turquia ameaçou abreviar sua carreira, mas ela conseguiu se recuperar, deu a volta por cima no Barueri (comandado pelo técnico da seleção, José Roberto Guimarães) e voltou a figurar entre as melhores atletas do país defendendo o Itambé/Minas.

Thaisa segura troféus
Thaisa recebe premiação de melhor jogadora da Superliga de vôlei 2020/21 - Wander Roberto/Inovafoto/CBV

Com o time mineiro, conquistou o título da Superliga nesta segunda (5). Melhor jogadora da competição, ficou na liderança nos rankings de ataque e bloqueio, além de ser a terceira que mais marcou pontos de saque.

"Hoje, despeço-me da seleção com muita, muita mesmo, dor no peito. São mais de 14 anos dedicados a defender nosso país na seleção adulta (18 considerando a base) e sempre com garra e respeito que a bandeira merece. Nunca faltou amor e entrega nesta história linda para os dois lados", escreveu a atleta na sua carta de despedida.

"E é exatamente por não conseguir mais dar essa entrega, física e mental, que eu encerro minha história com a seleção. Os últimos anos foram duros para o meu corpo, convivendo com dores diariamente. Não consigo ajudar o grupo todo da forma como gosto e entendo que seja necessária. Preciso descansar e respeitar, mais do que tudo, o meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho. Pensando na longevidade da minha carreira em clubes, é hora de me recuperar", completou.

Outra central bicampeã olímpica, Fabiana Claudino, 36, está grávida e não irá aos Jogos. Com isso, as vagas em Tóquio para essa posição ficam abertas, a serem preenchidas de acordo com os próximos meses de trabalho da seleção. Antes da Olimpíada, o time de Zé Roberto disputa a Liga das Nações, de maio a junho, na Itália.

Leia a carta de despedida de Thaisa

A noite de 5 de abril de 2021 ficará marcada na minha vida. Depois de um período difícil na minha carreira, marcado por lesões, dúvidas, incertezas, e em meio a uma pandemia que entristece o mundo, eu consegui sorrir novamente com o vôlei. Sorri e chorei. Cada lágrima derramada ontem era uma dificuldade que eu superei. Voltar a ser campeã da Superliga, jogando em alto nível, era algo que ninguém, há três anos, acreditava que eu seria capaz. E eu consegui. Com o apoio da minha família, do meu noivo, das minhas companheiras e comissão técnica do Itambé Minas, amigas, voltei a sentir o gosto de levantar um troféu depois de quase cinco anos.

Mas, sempre temos o amanhã. É a lei da vida. Passado, presente e futuro. E depois de um dia histórico para mim ontem, hoje, o 6 de abril de 2021, também será um dia que lembrarei para sempre. É um dia que interfere, definitivamente, no meu futuro. Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha carreira como atleta profissional. Inevitavelmente, todos querem saber se estarei com a Seleção Brasileira nas próximas competições –inclusive a Olimpíada de Tóquio. Mas, infelizmente, a resposta é não. Hoje, despeço-me da Seleção com muita, muita mesmo, dor no peito. São mais de 14 anos dedicados a defender nosso país na seleção adulta (18 considerando a base) e sempre com garra e respeito que a bandeira merece. Nunca faltou amor e entrega nesta história linda para os dois lados.

E é exatamente por não conseguir mais dar esta entrega, física e mental, que eu encerro minha história com a Seleção. Os últimos anos foram duros para o meu corpo, convivendo com dores diariamente. Não consigo ajudar ao grupo todo da forma como gosto e entendo que seja necessária. Preciso descansar e respeitar, mais do que tudo, o meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho. Pensando na longevidade da minha carreira em clubes, é hora de me recuperar. Conversei com meus médicos e familiares e chegamos a esta conclusão.

Quero agradecer especialmente ao Zé Roberto e toda sua família que foram fundamentais neste retorno, além da comissão técnica e todos os que me acompanharam nesta caminhada. Sem o esforço, apoio e incentivo de cada um, não sei se chegaria tão longe. O meu muito obrigada a todas as minhas companheiras que estiveram ao meu lado, dividindo viagens, concentrações, alegrias e tristezas. Carregarei sempre comigo cada lembrança. Estarei daqui, vibrando e torcendo pelo Brasil, junto com toda a população e, especialmente, com os amantes do voleibol. Estarei sempre à disposição para ajudar e, mais do que tudo, gritar e comemorar nossas conquistas. Gratidão!

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