Atlético-MG joga sob tensão na Colômbia e tem partida interrompida cinco vezes

Conflitos nos arredores do estádio levam gás lacrimogêneo à área do gramado

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São Paulo

​A tensão social vivida na Colômbia, com múltiplos protestos contra o governo do presidente Iván Duque, interrompeu cinco vezes a partida entre América de Cali e Atlético-MG, pela Copa Libertadores. O entorno do estádio Romelio Martínez, em Barranquilla, foi palco de conflitos que afetaram diretamente o jogo.

As arquibancadas do campo são vazadas e baixas se comparadas às de arenas maiores. Assim, a explosão de bombas de gás lacrimogêneo na parte de fora atrapalhava o desempenho dos atletas, que levavam as mãos ao rosto, com os olhos incomodados pela substância, e jogaram algumas vezes a bola para fora na tentativa de se reorientar.

Hulk tenta livrar os olhos da substância irritante - Ricardo Maldonado/Reuters

Em determinado momento do primeiro tempo, tornou-se impossível dar continuidade ao duelo, paralisado por oito minutos. Na retomada da partida, ordenada pelo árbitro uruguaio Andrés Cunha, os zagueiros do América apenas trocaram passes, parados, sem também qualquer ação dos atleticanos, à espera do intervalo.

A tensão era enorme nos arredores do estádio e havia a expectativa de que a suspensão da partida fosse inevitável. Decidiu-se, porém, pela disputa da etapa final. Nos minutos iniciais, os jogadores voltaram a reclamar dos efeitos do gás lacrimogêneo, e houve nova interrupção. Mas a partida foi levada até o final, e o Atlético-MG venceu por 3 a 1.

Faz duas semanas que a Colômbia vive um clima acentuado de violência. Os protestos tiveram início contra uma reforma tributária no país e se transformaram em críticas diversas ao governo, cobrado por suas ações na pandemia de Covid-19 e por problemas de emprego e educação. A repressão tem sido pesada, e já foram registrados ao menos 42 mortos e 1.500 feridos.

Protestantes avisam, na porta do estádio onde foi realizada a partida entre América de Cali e Atlético-MG: "Se não há paz, não há futebol" - Daniel Muñoz/AFP

A partida do Atlético-MG não foi a primeira afetada pela situação. Na véspera, no mesmo local, em Barranquilla, Junior Barranquilla e River Plate também tiveram seu duelo paralisado. Já em Pereira, na quarta (12), o confronto entre Nacional-COL e Nacional-URU foi atrasado em uma hora porque a saída dos atletas uruguaios de seu hotel estava bloqueada.

Não há sinais de que os protestos arrefecerão, o que gera, além das questões humanitárias, preocupações esportivas. A Colômbia é, ao lado da Argentina, uma das sedes da próxima Copa América, cuja abertura está marcada para 11 de junho. A Conmebol insiste que não vai alterar as sedes da competição.

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