Mulher mais poderosa do futebol inglês busca bi da Champions pelo Chelsea

Marina Granovskaia é responsável pelas contratações da equipe que enfrenta o City na final

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São Paulo

Marina Granovskaia, 46, tem um dos empregos mais difíceis do futebol mundial: trabalhar para Roman Abramovich. Sua eficiência não está em questão. Ela é contratada de empresas do magnata russo há 22 anos e desde 2003 mora em Londres para participar da administração do Chelsea.

O clube decide o título da Champions League contra o Manchester City neste sábado (29), às 16 horas, no Estádio do Dragão, no Porto, com transmissão da TNT Sports e Facebook.

Marina Granovskaia, diretora do Chelsea e braço direito de Roman Abramovich
Marina Granovskaia, diretora do Chelsea e braço direito de Roman Abramovich - Repdodução/Chelsea

A exigência de Abramovich, empresário que fez bilhões com a venda de estatais no desmantelamento da antiga União Soviética, não é por resultados. Desde que ele comprou o clube, no mesmo ano em que Marina se mudou para Londres, o Chelsea vive o melhor período de sua história.

Nos últimos 18 anos ganhou cinco dos seus seis títulos ingleses, cinco Copas da Inglaterra, três Copas da Liga, duas Liga Europa e a Champions de 2012.

A missão de Marina Granovskaia, executiva russa com nacionalidade canadense, é montar equipes para que o Chelsea vença em campo, mas com futebol bonito. Foi essa a visão de Abramovich ao decidir ser dono de um time na Inglaterra enquanto assistia a Manchester United e Real Madrid, pelas quartas de final do principal torneio europeu em 2003.

Até agora, isso não aconteceu. Ao contrário, os elencos ganhadores do Chelsea foram moldados na eficiência e obediência tática, não na beleza plástica. Isso fez com que a mulher que é braço direito do dono comandasse uma constante troca de técnicos. Em 18 anos, o clube teve 14 treinadores diferentes até a chegada do alemão Thomas Tuchel, também não exatamente conhecido pelo futebol ofensivo.

Marina nunca concedeu entrevistas e mantém um perfil discreto. Ela não é a CEO (cargo ocupado pelo inglês Bruce Buck), mas é a diretora responsável pela decisão final em aquisições de jogadores, demissões de técnicos e negociações de contratos. Isso a fez ser chamada de a mulher mais influente do futebol inglês.

É dela o crédito pela costura de um acordo para que José Mourinho e Abramovich voltassem a se falar. A briga em 2007 levou à saída do português, mas a habilidade da executiva tornou possível a sua volta em 2013. Mas isso não a impediu de demiti-lo novamente dois anos mais tarde.

Em nome do ideal do futebol perfeito, vencedor e para ir de encontro à visão do dono do clube, Marina Granovskaia demitiu o israelense Avram Grant depois de ele levar o time à final da Champions (e perder) em 2008. A queda não foi pelo vice-campeonato. Quando o título europeu enfim chegou, em 2012, em uma das maiores zebras da história da competição, Roberto Di Matteo também foi mandado embora.

Com o italiano no comando, o Chelsea derrotou, nos pênaltis, o Bayern de Munique, que jogava em seu estádio.

Ser multicampeão pode não ser o bastante. Carlo Ancelotti conquistou a Premier League e a Copa da Inglaterra em 2010 e saiu mesmo assim. Ser ídolo não garante nada. Frank Lampard, o maior jogador da história da agremiação e um dos poucos queridos por Abramovich antes de se tornar técnico, foi demitido no ano passado.

Ela foi a força que tornou possível a maioria das contratações feitas pelo Chelsea nos últimos anos. Isso nem sempre a fez ser bem vista pelos treinadores. O italiano Maurizio Sarri reclamou da demora para a contratação do argentino Gonzalo Higuaín, aquisição que Marina era reticente. A história mostrou que a diretora estava certa. O atacante foi um fiasco em Londres.

O também italiano Antonio Conte nunca falou o nome da executiva, mas não fazia questão de esconder a quem se referia quando se queixava de algo e citava “pessoas do clube”. Ela nunca respondeu em púbico, mas se irritou profundamente com o goleiro belga Thibaut Courtois (hoje no Real Madrid) quando ele a citou nominalmente e a acusou de não honrar a palavra dada de negociá-lo com outra equipe.

Suas digitais vão além do que acontece em campo. Com o cargo de representante de Abramovich, que pouco tem sido visto em Londres por causa das tensas relações diplomáticas entre Rússia e Inglaterra, Marina Granovskaia foi uma das principais responsáveis pela construção do novo centro de treinamento do clube, um dos mais modernos da Europa.

Quando o clube fechou uma parceria com o Vitesse Arnhem, ela passou longos períodos na Holanda para dar consultoria e implantar a filosofia da equipe inglesa antes de mandar jovens jogadores para ganhar experiência.

Mas no dia em que o Chelsea pode ganhar sua segunda Champions, o torneio mais importante na Europa, uma das questões a serem respondidas é: qual será o futuro de Thomas Tuchel com Marina Granovskaia, a mulher mais poderosa do futebol inglês?

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