CBF aproveita foco em Bolsonaro para adotar postura de coadjuvante sobre Copa América

Entidade vem de semanas de crises envolvendo seu presidente, Neymar e patrocinadora

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Um dia depois de divulgar que a Copa América será no Brasil, a Conmebol encontra dificuldade para anunciar os estádios que serão sedes. A CBF, que segundo o governo Bolsonaro deveria negociar com os estados, adota o silêncio, principalmente após a chuva de críticas ao Executivo federal pela possível realização do torneio.

Jair Bolsonaro durante evento no Palácio do Planalto na última semana
Jair Bolsonaro durante evento no Palácio do Planalto na última semana - Ueslei Marcelino-26.mai.21/Reuters

A briga política em torno da competição fez a entidade que comanda o futebol no país agir como coadjuvante, e o presidente Rogério Caboclo aproveita a situação para se blindar. Para o cartola, o foco no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é bem-vindo, já que o ônus querer trazer o evento ao Brasil tem sido do governo federal.

A repercussão da Copa América tirou o foco de duas crises recentes vividas pela CBF nas últimas semanas. Uma sobre um suposto desvio de conduta de Caboclo com uma funcionária, afastada sob alegação de problemas de saúde, e outra envolvendo Neymar, melhor jogador da seleção brasileira, e a Nike, principal patrocinadora da confederação.

A entidade entende que a realização da Copa América não trará nenhum prejuízo para o sistema de saúde. E que também não deverá paralisar as competições nacionais, como Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, durante a competição sul-americana, com início no dia 13 de junho e final em 10 de julho.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) conseguiu o aval apenas do Distrito Federal e do Rio de Janeiro até a manhã desta terça-feira (1º).

São estados onde os governadores são alinhados ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Há possibilidade de que a final da Copa América seja realizada no Rio de Janeiro, no Maracanã, e com a presença de público. Esse foi um pedido feito pelo presidente da confederação sul-americana, Alejandro Domínguez, a Bolsonaro.

Diante da repercussão negativa de o Brasil, durante a pandemia de Covid-19, receber o evento, a CBF deixou para o governo federal as articulações com os governadores, entre eles, Goiás e Mato Grosso, com exceção de São Paulo – onde João Doria (PSDB), rival político de Bolsonaro, foi procurado por Walter Feldman, secretário-geral da CBF.

Desde a última segunda-feira (31), integrantes do governo federal têm participado ativamente das discussões de possíveis sedes, apesar de o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, ter dito no Twitter que isso era de responsabilidade da CBF.

Políticos identificados com o bolsonarismo têm ajudado também nas articulações, embora tenham esbarrado no medo de prefeitos e governadores em como a decisão de abrigar o evento será vista pelos eleitores. Governo e CBF consideravam Recife, por exemplo, um nome certo. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), descartou a possibilidade de o estado aceitar a escolha.

Bolsonaro se surpreendeu com a rapidez do anúncio feito pela Conmebol, pouco depois da conversa que teve com Domínguez e antes que o governo pudesse conversar com qualquer governador ou prefeito sobre o tema.

"No que depender de mim, todos os ministros —inclusive o da Saúde—, já está acertado, haverá [Copa América no Brasil]. Protocolo é o mesmo da Libertadores, da Sul-Americana, é a mesma coisa", disse Bolsonaro na manhã desta terça, ao sair do Palácio da Alvorada.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.