Descrição de chapéu Tóquio 2020

Irã terá pela 1ª vez uma mulher no levantamento de peso na Olimpíada

Parisa Jahanfekrian representa país no qual modalidade feminina não existia há 3 anos

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São Paulo

Uma reviravolta de última hora possibilitou ao Irã, pela primeira vez, ter uma levantadora de peso competindo na Olimpíada. Parisa Jahanfekrian, 26, irá quebrar barreiras no país onde as mulheres não podiam praticar a modalidade até 2018.

"Vou dar o meu melhor para me preparar para os Jogos. Talvez não consiga o resultado que espero, mas pode ser o começo de um caminho para as iranianas mostrarem que são capazes de participar dos Jogos Olímpicos", afirmou Jahanfekrian, em entrevista ao diário local Tehran Times.

A primeira geração de levantadoras de peso do Irã estava sendo preparada para tentar se classificar para a Olimpíada de Paris-2024. A vaga precoce apareceu em Tóquio-2020 após Samoa desistir de enviar sua representante, Iuniarra Sipaia, ao evento.

A pequena ilha da Oceania adotou protocolo rígido para conter a Covid-19 no país, impossibilitando os atletas que residem em Samoa de viajar ao Japão. Apenas os classificados que residem no exterior poderão competir na Olimpíada. Com isso, a federação iraniana recebeu a informação de que a vaga foi realocada para Jahanfekrian.

A levantgadora de peso Parisa Jahanfekrian se agacha para tentar levantar peso durante competição. Ela usa vestimentas que cobrem todo o corpo, com exceção do rosto e das mãos
Parisa Jahanfekrian, que será a primeira levantadora de peso do Irã a competir em Olimpíadas - IRNA

"Tenho orgulho de representar o Irã na Olimpíada. Não consigo encontrar palavras para expressar quanto estou feliz. Os melhores levantadores de peso do mundo vão participar da competição", celebrou a atleta.

Em março de 2018, em Ahvaz (sudoeste do Irã), Aysan Adib, uma menina de oito anos, ganhou as manchetes por ser a primeira mulher a levantar peso em público no Irã. Desde então, a modalidade tem crescido no país.

O Irã tem boa tradição no masculino. O levantamento de peso é responsável por 19 das 69 medalhas obtidas pelos atletas locais em Jogos Olímpicos. Foram 9 ouros, 5 pratas e 5 bronzes. Apenas o wrestling soma mais pódios: 10 ouros, 14 pratas e 19 bronzes.

Jahanfekrian irá competir na categoria acima de 87 kg, a mais pesada do levantamento de peso feminino. Com 87 kg, ela pesa entre 40 e 50 quilos a menos do que algumas das rivais que irá enfrentar em Tóquio. A competição terá também, pela primeira vez, uma atleta transgênero: Laurel Hubbard, da Nova Zelândia.

Parisa Jahanfekrian aparece agachada levantando peso durante Campeonato Mundial, na Tailândia. Ela está com roupa preta que cobre todo o corpo, exceto as mãos e o rosto
Parisa Jahanfekrian ergue peso durante o Campeonato Mundial de 2019, na Tailândia - IRNA

A iraniana competiu internacionalmente apenas quatro vezes. Somente uma vez como superpesada, o que a torna a atleta menos experiente entre todas as que participarão da competição.

Todos os eventos que Jahanfekrian participou foram em 2019, ainda antes da pandemia. Ela disputou o Campeonato Asiático, o Campeonato Mundial, quando ficou em 21º lugar na categoria até 87 kg, a Copa do Qatar e o torneio Naim Suleymanoglu, na Turquia, o único evento em que competiu na categoria que irá disputar a Olimpíada.

A atleta conseguiu levantar mais de 200 kg apenas uma vez. Por causa da pandemia, há 18 meses não participa de torneios.

Apesar de não ser candidata a medalha, a participação de Jahanfekrian servirá de incentivo às mulheres praticarem a modalidade no Irã. A seleção nacional treina no estádio Azadi, em Teerã, com duas treinadoras e é supervisionada por um homem, Akbar Khorshidi. Elas começaram a competir internacionalmente em 2019, no Campeonato Asiático, disputado na China.

Em maio deste ano, o Irã conquistou seu primeiro resultado internacional significativo: Yekta Jamali, de 16 anos, conseguiu a medalha de bronze na categoria até 87 kg no Mundial júnior disputado em Tashkent, no Uzbequistão.

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