Descrição de chapéu Tóquio 2020 atletismo

Queniano Kipchoge confirma favoritismo e conquista bi olímpico na maratona

Brasileiro Daniel Nascimento chegou a acompanhar líderes, mas desistiu depois da metade

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São Paulo

O queniano e atual recordista mundial nos 42,195 km, Eliud Kipchoge, confirmou seu favoritismo e se tornou bicampeão olímpico ao levar a medalha de ouro na maratona das Olimpíadas de Tóquio, realizada em Sapporo na manhã deste domingo (8), no horário do Japão, noite de sábado (7) no Brasil.

Com uma disputa emocionante pelo segundo lugar, o holandês Abdi Nageeye e o belga Bashir Abdi desbancaram o queniano Lawrence Cherono e conquistaram as medalhas de prata e de bronze, com tempos de 2h09min58s e 2h10min.

Eliud Kipchoge cruza linha de chegada na maratona das Olimpíadas de Tóquio - Giuseppe Cacace/AFP

A vitória de Kipchoge já era esperada, e o queniano se impôs a partir do quilômetro 30, quando se descolou dos atletas à frente na prova e abriu larga vantagem. A disputa, então, ficou pelo segundo e terceiro lugares. Cherono vinha à frente do pelotão de perseguição —o grupo de corredores logo atrás dos líderes—, mas na reta final Nageeye disparou e viu Abdi acompanhá-lo, tirando o queniano do pódio.

Apesar de ter apertado o ritmo no fim, Kipchoge terminou a prova com 2h08min38seg e não conseguiu bater o recorde olímpico (2h06min32s). Ainda assim, entra para história como o terceiro atleta a se tornar bicampeão consecutivo em Jogos Olímpicos, ao lado do etíope Abebe Bikila (1960 e 1964) e do corredor da Alemanha Oriental Waldemar Cierpinski (1976 e 1980).

As condições da prova não foram tão duras quanto as da feminina, já que o céu ficou nublado durante quase todo o percurso. O clima na largada, de 26º C e 79% de umidade, não variou muito ao longo da disputa. Assim, Kipchoge cruzou a linha de chegada cumprimentando a torcida e já sorria a cinco quilômetros do fim. O tempo abafado, por outro lado, castigou muitos atletas, entre os quais os dois brasileiros estreantes em Olimpíadas, Daniel Chaves e Daniel Nascimento.

Chaves deixou a competição na altura do quilômetro 19, e Nascimento vinha bem até o quilômetro 25, acompanhando o pelotão líder ao lado de Kipchoge —com quem chegou a trocar cumprimentos em determinado momento. Depois, acabou caindo. Retornou para a prova, mas desistiu alguns quilômetros à frente. Segundo a transmissão, a situação do atleta não era grave, e ele estava sendo atendido num posto de apoio. O terceiro brasileiro na prova, Paulo Roberto Paula, concluiu a prova em 2h26min10seg.

Além de Nascimento e Chaves, outros 26 atletas desistiram da disputa, entre os quais dois etíopes que vinham para brigar por medalha. Shura Kitata, que derrotou Kipchoge na Maratona de Londres em 2020, deixou a prova antes dos dez quilômetros. Já Sisay Lemma saiu pouco depois da metade do percurso.

Com boa parte dos rivais fora, Kip, como o queniano é conhecido, teve o caminho aberto para selar a vitória pela 13ª vez em uma maratona —ele foi derrotado em apenas duas provas na carreira, uma das quais justamente para Kitata, na capital britânica, no ano passado.

O queniano já havia colocado seu nome na história do esporte após bater o recorde mundial na Maratona de Berlim, em 2018, ao completar o percurso em 2h01min39seg, até hoje sua melhor marca. Foi ainda o primeiro a correr a distância da prova em menos de duas horas, em um evento não oficial, em 2019.

Caçula entre cinco irmãos, Kip é filho de pequenos agricultores em Kapsisiywa, a 315 km da capital Nairóbi. Pouco se sabe do vilarejo onde a estrela da corrida nasceu, em 5 de novembro de 1984. Estudou numa escola para meninos e até hoje treina nas proximidades, no Global Sports Camp, em Kaptagat.

Foi na escola que ele começou a correr, mas, à época, apenas como hobby, tanto que Kip nunca alcançou o nível das competições de seu distrito. Seu cotidiano era dividido entre a corrida, as aulas e a rotina na pequena fazenda, na qual cuidava de animais e ia buscar água no rio nas proximidades, junto à sua mãe.

Após se formar, treinava por conta própria e começou, em 2001, a participar de provas de cross-country, em que o terreno varia de terra a grama, montanhoso a plano, e as distâncias ficam entre 4 km e 12 km.

Numa série de competições, ficou em segundo lugar no geral e chamou a atenção do holandês Jos Hermens, seu representante até hoje. Sua carreira começou a decolar em 2003, quando um jovem franzino de 18 anos do interior queniano venceu o Mundial de Cross Country em Lausanne, na Suíça.

Ainda naquele ano, o mundo viu o atleta de 1,67 m de altura vencer os 5.000 m do Mundial de Atletismo de Paris. Um ano mais tarde, nas Olimpíadas de Atenas, conquistou a medalha de bronze na modalidade.

Durante os nove anos seguintes, Kip alternou anos em que ia bem nas competições com outros em que sua performance era aquém do esperado. O ponto mais baixo da carreira como fundista e meio-fundista foi em 2012, quando ficou de fora das Olimpíadas de Londres nos 5.000 metros e nos 10.000 metros.

Foi nesse mesmo ano, porém, que fez a virada na carreira. Em setembro, fez seus primeiros 21,097 km na prova em Lille, na França. Terminou em terceiro lugar. Correu mais algumas provas na distância ainda em 2012 e 2013 —ano que estreou na modalidade que alçaria seu nome entre os principais atletas do mundo.

Em abril daquele ano, venceu a Maratona de Hamburgo, na Alemanha. Em setembro, perseguiu Wilson Kipsang (que bateu recorde mundial na ocasião) na Maratona de Berlim, mas ficou em segundo lugar. Foi a primeira das duas derrotas em 15 provas disputadas até hoje.

A sequência de bons resultados o levou, em 2017, ao desafio Breaking2, da Nike, que o patrocina até hoje. A meta era completar a distância da maratona em menos de duas horas, mas por 26 segundos ele não conseguiu quebrar a barreira. O feito foi conquistado, por fim, dois anos depois.

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