Rebeca deixa Olimpíadas 'flutuando' e pronta para virar inspiração

Ginasta encerra campanha em Tóquio com 5º lugar no solo, após duas medalhas inéditas

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Tóquio

Rebeca Andrade tem a imagem perfeita para descrever como se sentiu nos últimos dias, quando conquistou duas medalhas em Tóquio. “Eu estava muito segura de mim, parecia que eu estava flutuando.”

Para chegar a esse nível de concentração e leveza, a ginasta precisava estar com o joelho direito em ordem, após ter passado por três cirurgias no local, e muita força mental. Sem as lesões que a tiraram de grandes competições nos últimos anos para atrapalhar, ela enfim teria sua chance de brilhar.

Era “só” fazer o que sabia e tentar não se deixar afetar pela pressão, o que nunca é fácil em Olimpíadas.

Mesmo depois da prata no individual geral, obtida na quinta (28), o que a fez ganhar repercussão inédita no Brasil, ela se manteve serena para conquistar o ouro no salto no domingo (1º). Nesta segunda (2), encerrou sua participação olímpica com o quinto lugar no solo, resultado que encarou com normalidade.

Numa prova de alto nível técnico, deu um passo para fora do tablado e recebeu a nota 14.033, próxima da que teve na classificação: 14.066. No individual geral, quando pisou fora duas vezes, tirou 13.666.

Com Rebeca fora do pódio, a vencedora foi a americana Jade Carey (14.366). A prata, por sua vez, ficou com a italiana Vanessa Ferrari, que aos 30 anos obteve sua primeira medalha olímpica (14.200). Por fim, a japonesa Mai Murakami e a russa Angelina Melnikova dividiram o bronze (14.166).

“Eu me senti incrível, porque não me senti pressionada para levar uma medalha para o Brasil, para acertar tudo. Mesmo querendo acertar. Foi uma coisa muito natural mesmo, que só fluía”, disse a ginasta.

Rebeca "flutua" na apresentação com aros olímpicos ao fundo
Rebeca Andrade em sua apresentação no solo nesta segunda (2) - Lisi Niesner/Reuters

Se antes a cobrança era sobre o que precisava fazer nos treinos para melhorar tecnicamente, hoje em dia a mensagem é muito mais emocional. “Fica tranquila, confie em você, porque você já fez milhões de séries desse jeito, vai lá e faz seu melhor’. Acho que o fato de eu começar a pensar assim me ajudou muito.”

Por mais que não quisesse se contagiar pela euforia com seu nome no Brasil, ela não podia ignorar que agora possui 2,1 milhões de seguidores no Instagram. Muito menos que a britânica Jessie J, que está no seu “top 3 de cantoras”, compartilhou um vídeo em que a atleta e o ginasta Arthur Nory dançam uma de suas músicas. Após dormir ao lado de suas duas medalhas, acordou empolgada com a notificação.

“Isso foi muito incrível. Ela nem me seguiu, mas para mim já valeu [risos]. Fiquei muito feliz. E vários famosos me seguindo, o tanto de pessoas dizendo que eu sou uma ótima influencer por causa da minha história. Pessoas começam a se inspirar em mim, crianças que querem fazer esporte e antigamente não tinham em quem se inspirar e hoje eu estou aqui representando”, afirmou.

A história que inspira é a de uma menina negra, criada na periferia de São Paulo, em Guarulhos, filha de mãe solo que criou uma família numerosa e fez grandes esforços para manter a garota no esporte que agora a consagra mundialmente. Missão concluída, fica a mensagem que ela gostaria de passar para quem acompanhou sua trajetória: “É sempre acreditar em você, não desistir de maneira alguma. Tive várias oportunidades de ter desistido, mas tive pessoas incríveis me falando que não estava na hora. Tem que ser forte, saber que um dia vai melhorar e acreditar em você, porque vai dar tudo certo".

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