No Mundial de avião de papel, brasileiros fazem de hobby um sonho olímpico

Etapa qualificatória da competição acontece no país e leva finalistas para a Áustria

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São Paulo

Se o avião foi revolucionário por fazer viagens de grandes distâncias em poucas horas, o voo de um avião de papel, de apenas alguns segundos, pode parecer uma eternidade. Na última quinta-feira (25), essa eternidade durou 5 segundos e 39 milésimos, tempo recorde entre os aviõezinhos que pairaram no ar, sem turbulências, da quadra esportiva da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo.

A ocasião do voo foi a etapa classificatória do maior campeonato de aviões de papel do mundo, o Red Bull Paper Wings. Na capital paulista, as provas aconteceram nos dias 24 e 25 de março, mas o torneio passa também por outras 19 cidades do país. A próxima etapa é a nacional, no Rio de Janeiro, no dia 18 de abril.

São três categorias: maior distância percorrida, maior tempo de voo e "acrobacias", esta última disputada por meio de vídeos no TikTok pela primeira vez desde o início da competição. Os vencedores da etapa nacional, um de cada categoria, vão percorrer alguns metros a mais do que os aviões de papel: a final acontece em setembro em Salzburgo, na Áustria, com tudo pago pela organização do evento.

Qualificatória brasileira do Mundial de avião de papel da Red Bull aconteceu em uma faculdade
Qualificatória brasileira do Mundial de avião de papel da Red Bull aconteceu em uma faculdade - Eduardo Knapp - 24.mar.2022/Folhapress

Até agora, os recordes nacionais das qualificatórias de 2022 são de 36.60 m, em distância; e 10.40 segundos, em tempo de voo. No ranking global, as marcas sobem para 48.40 m (Alemanha) e 24.40 segundos (Costa do Marfim). Estão sendo realizadas, ao todo, 490 qualificatórias em 62 países.

Não é novidade que brincadeiras infantis sejam formalizadas em campeonatos de alcance mundial. Num passado recente, o campeonato internacional de pega-pega fez sucesso na internet, e a Copa do Mundo de Balão (o objetivo é não deixar a bexiga de ar tocar o chão), organizada em parceria com o jogador de futebol Gerard Piqué, atraiu mais de meio milhão de telespectadores na plataforma de streaming Twitch, em outubro de 2021.

Talvez os poucos segundos de voo dos aviõezinhos pareçam mais longos porque remetem, inevitavelmente, a memórias de muitos anos atrás, dobrando papéis e pensando na melhor forma de lançamento junto a amigos ou familiares. Foi assim para Douglas Santos, 20 anos, responsável pelo recorde da noite de quinta-feira (24) na categoria tempo de voo.

"Eu aprendi a fazer esse modelo de avião com meu pai quando eu era pequeno. Era um hobby dele, e virou um hobby meu. É nostálgico reproduzir isso aqui hoje", conta o estudante de Educação Física. O sentimento é compartilhado por João Pedro, 18, estudante de Direito, que aprendeu no YouTube a fazer seu modelo de avião para ensinar a seu irmão caçula, quando os dois eram mais novos.

Ambos também acreditam na possibilidade de a prática se tornar uma modalidade olímpica eventualmente. De fato, o lançamento de um avião de papel guarda semelhanças com o tiro com arco, por exemplo: é preciso entender o sentido do vento, conhecer bem seu instrumento e praticar o melhor lançamento possível. Quem sabe o destino dos aviões de papel, um dia, seja uma vaga nos Jogos Olímpicos.

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