STJD investiga denúncia de tentativa de suborno em jogo do Brasileiro feminino

Santos demite preparador de goleiros e o acusa de buscar manipular resultado; defesa nega e diz que profissional foi desligado sem poder dar explicações

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Santos

O Santos demitiu na última segunda-feira (20) o preparador de goleiros de seu time feminino, Fabrício de Paula, e o acusou publicamente de tentar subornar uma das goleiras do Red Bull Bragantino para favorecer um suposto esquema de apostas. O profissional encontrou a atleta antes da partida entre as equipes, realizada na Vila Belmiro, no fim de semana.

O Bragantino corroborou as acusações. Já a defesa do agora ex-funcionário alvinegro negou a versão apresentada pelos clubes e cobrou provas. Afirmou ainda que um material entregue por Fabrício à quarta árbitra do jogo, em imagem que ganhou repercussão nas redes sociais, era uma capa de chuva.

O presidente do Santos, Andres Rueda, que acusa o preparador de goleiros Fabrício de Paula de tentar subornar a goleira do Bragantino - Pedro Ernesto Guerra Azevedo - 18.ago.21/Santos FC

"Tomaremos diversas medidas judiciais. Pediremos para que todos os envolvidos se expliquem do conteúdo da entrevista do Santos e da nota do Bragantino. Em nenhum momento apresentaram provas ou permitiram que o Fabrício se explicasse. Ele foi julgado pelo Santos e pelas redes sociais sem absolutamente nada", disse à Folha o advogado do preparador, Higor Marcelo Maffei.

"Não foi feito nada de errado, e não existiu nenhuma tentativa de manipulação de resultado. Foi entregue somente uma capa de chuva, era uma simples capa. Com a goleira não houve nada além de uma conversa para uma possível contratação pelo Santos. As pessoas julgam com base no que acham existir", acrescentou.

O caso ganhou maior proporção depois de o presidente do Santos, Andres Rueda, convocar uma entrevista coletiva para anunciar a demissão e explicar as razões para isso. Na ocasião, o dirigente informou que encaminharia as provas à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e ao Ministério Público.

"Talvez seja a cabeça do iceberg do que acontece no nosso futebol. Um funcionário do futebol feminino do Santos se utilizou de um intermediário para [tentar] subornar uma jogadora para um resultado elástico no primeiro tempo para efeito de apostas. Como o Bragantino já estava desclassificado, tentou-se esse suborno", declarou Rueda.

"A jogadora prontamente recusou a proposta e comunicou a seus superiores, que entraram em contato comigo, apresentando inclusive propostas materiais, com prints de conversas. Tão logo chegou ao nosso conhecimento, junto com o presidente do Bragantino, tomamos algumas providências. De imediato, demitimos por justa causa", acrescentou.

Jogadoras do Santos na partida contra o Red Bull Bragantino, pelo Brasileiro feminino, em 19 de junho de 2022
As jogadoras do Santos na partida contra o Red Bull Bragantino, que terminou empatada por 1 a 1, no estádio da Vila Belmiro - Divulgação/Santos FC

A explicação da defesa de Fabrício para sua presença no hotel onde estava hospedada a delegação adversária é a de que o profissional conversava com um amigo do futebol. "Ele foi para conversar sobre a situação dela, se havia algum intermediário. Somente isso."

Sem dar nomes, Rueda também citou a quarta árbitra do jogo, Adeli Maria Monteiro. Segundo o presidente do Santos, ela recebeu diretamente do funcionário "um envelope". É o material que a defesa diz ser uma capa de chuva.

O momento foi registrado pela transmissão oficial do jogo. A imagem se espalhou na internet, mas não teve registro na súmula da partida. Procuradas, a comissão de arbitragem da CBF e a equipe de arbitragem do jogo não se manifestaram até a publicação deste texto.

"Tem uma passagem inclusive do início do jogo, um negócio no mínimo esquisito, um funcionário dando supostamente um envelope para a quarta árbitra, que tem de ser investigado. Não ficaremos contentes enquanto não apurarmos toda a podridão", citou Rueda.

"Quem tem que explicar algo são o Santos e o Red Bull Bragantino. Eles falaram que viram um envelope? Terão que provar", rebateu o advogado do preparador.

O clube de Bragança Paulista se manifestou até o momento somente por nota repetindo as acusações feitas pelo Santos. Disse que a jogadora foi abordada por mensagens com uma proposta de suborno para combinação de resultado e prontamente informou o caso ao diretor-executivo da agremiação, Thiago Scuro.

A CBF afirmou ter recebido a denúncia e encaminhado a demanda ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para apuração. Procurados, os responsáveis pelas competições femininas da entidade não quiseram se manifestar.

A partida entre as equipes terminou empatada por 1 a 1. O Bragantino abriu o placar nos acréscimos do primeiro tempo, com Mylena, e sofreu o empate aos 41 da segunda etapa, com Gi Fernandes.

O empate manteve o Santos na sétima posição, com 19 pontos. O time de Bragança, em 16º e último lugar, com quatro pontos, já está rebaixado.

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