Vitória sobre o Brasil encorajou Pulisic, o 'LeBron James do soccer'

Jogador americano é aposta de geração que volta à Copa do Mundo

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Pulisic durante amistoso contra o Marrocos

Pulisic durante amistoso contra o Marrocos 1.jun.22/USA TODAY Sports

São Paulo

"O que temos aqui?", questiona Richard Harrison, apresentador do programa "Pawn Stars" ("Trato Feito", no Brasil), do canal History. "Uma camisa do Chelsea autografada por Christian Pulisic", responde o homem que tenta vender o uniforme para o colecionador. "Esse cara é um fenômeno, certo? Ele é como o LeBron James do soccer", define Harrison.

O astro da NBA é a régua com a qual é medida uma estrela do esporte nos EUA. Evidentemente, soa um pouco exagerada a expectativa sobre o meia-atacante do time inglês, afinal o "LeBron James do soccer" nunca foi nem sequer comparado a Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, por exemplo.

É compreensível, no entanto, a empolgação dos americanos com o jogador —o mais caro da história do país—, sobretudo no ano em que os EUA voltarão a disputar uma Copa do Mundo.

Nascido em Hershey, na Pensilvânia, filho de um ex-jogador de futebol profissional e de uma professora de educação física, Christian Pulisic começou a chamar a atenção quando tinha somente 13 anos e já atuava pela seleção sub-17.

Ainda franzino, mas bastante veloz e habilidoso, ele foi em 2013 um dos destaques da campanha de sua equipe no Nike U17 International Showcase. Na decisão do torneio amistoso, ele marcou um dos gols da vitória por 4 a 1 sobre o Brasil.

"Essa foi a partida em que senti que poderia jogar no mais alto nível", disse Pulisic à revista GQ. "Eu queria me tornar um profissional, queria eventualmente mudar para a Europa, esse era meu plano. Então, aquele dia foi o grande dia que mudou minha vida."

A oportunidade para alcançar os objetivos não demoraria a aparecer. Em 2015, enquanto continuava com boas atuações pela seleção, ele recebeu uma oferta para ingressar na academia do Borussia Dortmund. O time alemão é famoso por ser um celeiro de craques. Por lá, passaram nomes como Lewandowski, Dembélé e Haaland.

O norte-americano tinha 16 anos quando teve a chance de se juntar à equipe alemã. Na época, isso só foi possível porque ele tem ascendência europeia —seu avô se mudou da Iugoslávia para os EUA em 1960.

Dessa forma, o garoto era elegível para obter um passaporte croata, permitindo que ele se mudasse para a Alemanha aos 16 —não só aos 18, conforme prevê o regulamento de transferências internacionais da Fifa.

Para o jogador, essa fase foi crucial em sua carreira. "São os anos mais importantes no desenvolvimento de um atleta", afirmou ao New York Times. "Só para colocar em perspectiva, fiz minha estreia profissional no Dortmund quando tinha 17 anos. Sem esse passaporte, eu não teria conseguido nem começar a treinar com um time antes dos 18 anos. Então, quem sabe como eu teria me desenvolvido?"

Se é difícil imaginar como teria sido a trajetória dele sem o passaporte europeu, a história a partir disso foi o que fez o Chelsea investir US$ 73 milhões (R$ 445 milhões à época) em sua contratação no início de 2019.

Os dirigentes ingleses desembolsaram o maior valor já pago por um jogador de futebol dos EUA após as boas atuações dele pelo Dortmund, onde começou a ganhar apelidos como "LeBron James do soccer" e Capitão América, embora o próprio atleta não aprove as brincadeiras.

"Não sou um grande fã de ser chamado assim, para ser honesto, especialmente pelos meus companheiros de equipe", reclama.

Ele pode não gostar, mas o apelido pegou, embalado por seu sucesso. De 2016 a 2019, ele fez 127 partidas pelo Dortmund e marcou 19 gols —o primeiro, em abril de 2016, fez dele o estrangeiro mais jovem a marcar no Campeonato Alemão. Naquela mesma temporada, conquistou o primeiro título, a Copa da Alemanha.

Ao se transferir para o Chelsea, Pulisic continuou colecionando feitos, sobretudo na temporada 2020/21, quando ajudou a equipe a conquistar a Champions League —é o primeiro atleta dos EUA a ganhar o torneio.

Na semifinal, ele viveu um de seus principais momentos. O meia-atacante saiu da reserva já no segundo tempo da partida em Londres, ainda a tempo de dar uma assistência para o gol de Mason Mount na vitória por 2 a 0, que classificou o time inglês para a final.

Enquanto se destacava no clube, Pulisic também ajudou os EUA a superar a frustração de ter ficado fora da Copa do Mundo da Rússia, em 2018. No ciclo antes do Mundial no Qatar, ele assumiu a braçadeira de capitão e ainda foi o artilheiro da equipe nas Eliminatórias, com cinco gols.

"Talvez não tenhamos as maiores probabilidades e não sejamos favoritos, mas vamos lá e vamos dar tudo o que temos e esperamos deixar alguns americanos orgulhosos", promete Pulisic.

Raio-X

Christian Mate Pulisic, 24

  • Nascimento

    18 de setembro de 1998, em Hershey, Estados Unidos

  • Altura

    1,77 m

  • Posição

    Meia-atacante

  • Pé preferencial

    Destro

  • Clube atual

    Chelsea (desde 2019)

  • Pela seleção (desde 2021)

    • 51 jogos • 21 gols

  • Títulos

    Borussia Dortmund: Copa da Alemanha (2019) Chelsea: Champions League (2020-21) Supercopa da Uefa (2021) Mundial de Clubes (2021) Seleção americana: Liga das Nações da Concacaf (2019-20)


Este é o sexto de uma série de dez textos sobre jogadores que podem surpreender na Copa do Mundo de 2022. Eles são publicados às terças-feiras.

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