'LeBron James do soccer' coloca os EUA nas oitavas de final da Copa

Christian Pulisic, ídolo americano comparado ao astro do basquete, define duelo com o Irã

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Doha (Qatar)

Não foi uma cesta de longa distância, mas o gol anotado por Christian Pulisic, 24, nesta terça-feira (29), no estádio Al Thumama, em Doha, também valeu três pontos históricos para os Estados Unidos diante do Irã.

Ao balançar a rede pela primeira vez em uma Copa do Mundo, o camisa 10 norte-americano garantiu a vitória por 1 a 0 e a classificação de seu país para as oitavas de final. O adversário, agora, será a Holanda.

Assim como em 2010 e 2014, os EUA avançam para o mata-mata e mantêm vivo o sonho de, ao menos, repetir sua melhor campanha em Mundiais, quando ficou com o terceiro lugar na primeira edição, em 1930, no Uruguai. E também ajuda a digerir a frustração de não ter se classificado para a Copa de 2018.

Pulisic ao marcar o gol que deu a classificação para os EUA
Pulisic ao marcar o gol que deu a classificação para os EUA - Odd Andersen/AFP

Desta vez, a vaga veio com a segunda colocação do Grupo B, com 5 pontos, 2 a menos do que a Inglaterra. Irã, com 3, e País de Gales, com 1, estão eliminados.

A importância do gol anotado por Pulisic reforça a idolatria dos norte-americanos por ele. Desde que o meia Landon Donovan deixou de atuar pela seleção, em 2014, o país ansiava por um novo grande ídolo no futebol.

Há tanta expectativa em torno do jogador do Chelsea que, entre os torcedores e até na mídia americana, ele ganhou o apelido de "LeBron James do soccer".

O astro do basquete é a régua com a qual é medido o talento de um atleta no país. Há, evidentemente, um certo exagero na comparação entre os dois, mas dá uma dimensão sobre a pressão que o atleta carrega.

Antes de ele abrir o placar, o jogo estava tenso para os americanos, que precisavam da vitória. Eles finalizaram três vezes com perigo à meta de Alireza Beiranvand, mas esbarraram em boas defesas do goleiro.

Na quarta tentativa, porém, o iraniano não conseguiu impedir que Pulisic desviasse para as redes após receber uma assistência de cabeça do lateral direito Sergiño Dest, aos 38 minutos.

No lance, o camisa 10 norte-americano se chocou com o goleiro e precisou ser atendido fora do gramado por alguns minutos, mas voltou a jogar. Durante o intervalo, porém, ele foi substituído por Aaronson.

Já nos acréscimos da etapa inicial, o atacante Weah quase ampliou, mas teve um gol anulado por impedimento após receber a bola nas costas da defesa e finalizar na saída do goleiro.

O lance foi revisado pelo VAR (árbitro de vídeo), cuja operação em situações de impedimento eram analisadas pela auxiliar brasileira Neuza Back, 38.

Vinculada ao quadro de arbitragem da FPF (Federação Paulista de Futebol), da CBF, da Conmebol e da Fifa, ela é uma das seis mulheres que estão, pela primeira vez na história, trabalhando em uma Copa do Mundo.

Na quinta-feira (1), Neuza vai atuar pela primeira vez à beira do gramado. Ela será uma das assistentes da partida entre Costa Rica e Alemanha, no estádio Al Bayt, em Al Khor.

O duelo será apitado pela francesa Stéphanie Frappart, que também terá como auxiliar a mexicana Karen Diaz.

Em meio a uma Copa do Mundo frequentemente criticada por ser realizada em um país que viola direitos das mulheres, a presença das profissionais de arbitragem dentro de campo tem um significado forte.

A partida entre EUA e Irã também tem um peso histórico. Foi o segundo encontro entre os dois países em um Mundial. O primeiro, há 24 anos, ocorreu na França.

À época, constantes conflitos entre as classes políticas dos dois países fizeram da partida uma das mais politizadas da história do campeonato.

Apesar dos recentes protestos no país do Oriente Médio desencadeados após a morte de uma jovem sob a custódia da polícia moral, prevaleceu no estádio Al Thumama um clima amistoso nas arquibancadas, bem diferente daquele visto há mais de duas décadas.

Foi, ainda, um dos jogos com maior participação das torcidas ao longo dos 90 minutos. Ambas praticamente não pararam de gritar e tocar cornetas e bumbos ao longo da partida.

Em campo, os jogadores sentiram o apoio, sobretudo no segundo tempo, quando o Irã precisava do empate para recuperar a vaga. Mas, apesar das boas chances criadas, os EUA conseguiram segurar a vitória construída no primeiro tempo e impediu os iranianos de alcançarem ineditamente o mata-mata, na sexta tentativa do país.

"A coisa que eu mais amo sobre esse esporte é a capacidade de unir as pessoas", disse o goleiro Matt Turner, da seleção americana, ao negar que as questões políticas tenham entrado em campo. "Foi um jogo de muito respeito entre uma equipe e outra."

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