Primeiro gol em Copas é a meta inicial do Canadá no Qatar

País da América do Norte volta ao Mundial 36 anos após primeira participação

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São Paulo

O Canadá perdia da Hungria por 2 a 0 quando viu a situação ficar ainda mais complicada após a expulsão do meia Mike Sweeney, aos 40 minutos do segundo tempo da partida pela segunda rodada do Grupo C da Copa do Mundo de 1986, no México.

O armador, que havia entrado em campo nos minutos finais do primeiro tempo, recebeu o segundo cartão amarelo e acabou sendo o primeiro de seu país a ver um cartão vermelho em Mundiais.

Os canadenses ficaram ainda mais acuados no jogo com os húngaros e amargaram a segunda derrota no torneio. Na estreia, perderam de 1 a 0 para a França. Já sem chances de avançar na última rodada, foram novamente superados, desta vez, pela União Soviética, por 2 a 0.

Cyle Larin (à esq.) e Richie Laryea celebram gol do Canadá nas Eliminatórias
Cyle Larin (à esq.) e Richie Laryea celebram gol do Canadá nas Eliminatórias - Carlos Osorio - 27.mar.22/Reuters

Com esse retrospecto em sua única participação em Mundiais, o Canadá é uma das poucas seleções do mundo que tem mais cartões vermelhos em seu histórico do que gols em Copas.

No Qatar, o primeiro grande objetivo do país será justamente tirar da garganta dos torcedores o grito que está entalado há quase quatro décadas.

Poucos, aliás, acreditavam que o país voltaria ao Mundial já nesta edição. O fiasco em solo mexicano fez a torcida canadense alimentar poucas esperanças nos anos seguintes.

Mas foi justamente com vídeos daquela campanha, incluindo a trajetória nas Eliminatórias, que o técnico inglês John Herdman deu início ao trabalho de convencer não só os jogadores mas todo o país de que era possível voltar à Copa e construir uma história diferente.

"Tenho pregado essa crença, mas, quando finalmente acontece, fico sem palavras", disse ele quando os canadenses golearam a Jamaica por 4 a 0 e carimbaram o passaporte para o Qatar.

O Canadá teve a melhor campanha das Eliminatórias da Concacaf, que reúne países da América Central, América do Norte e Caribe.

Passou com facilidade pelo Grupo B da primeira fase, eliminou o Haiti com 4 a 0 no placar agregado dos dois jogos de mata-mata da segunda fase e liderou a terceira fase, numa disputa por pontos corridos.

Os canadenses somaram 28 pontos, assim como o México, mas a equipe de Herdman levou vantagem no saldo de gols. Os Estados Unidos, em terceiro, ficaram com a última vaga direta, enquanto a Costa Rica precisou bater a Nova Zelândia na repescagem para também garantir presença no Oriente Médio.

Além do orgulho da campanha de seus comandados, o técnico inglês está confiante para a Copa. Ainda que a busca pelo primeiro gol em um Mundiais seja o objetivo inicial do país, ele acredita que a formação que ele comanda tem chances de ir mais longe.

O Canadá está no Grupo F, ao lado de Bélgica, Croácia e Marrocos.

"Quando a Bélgica e a Croácia saíram do chapéu [do pote do sorteio], estávamos apenas esfregando as mãos e dizendo: 'Esta será uma experiência incrível'", disse o técnico ao site da Fifa. "Queremos criar uma liberdade e fazer com que eles [jogadores canadenses] enfrentem De Bruynes, Lukakus, Modrics e aproveitem a chance de forçar seus limites contra esses imortais do futebol", emendou.

Para fazer frente aos rivais do grupo, o treinador inglês apostou em uma fórmula que deu certo para o país na campanha de classificação para a Copa de 1986, formando um plantel internacional.

Jogadores nascidos em seis países diferentes naturalizados canadenses, além de 22 que possuem dupla nacionalidade, fizeram parte do elenco que conquistou a vaga nas Eliminatórias da Concacaf.

O grande nome da equipe é o lateral e ponta-esquerda Alphonso Davies, 21. Nascido em um campo de refugiados em Gana, filho de pais que fugiam da guerra civil na Libéria, mudou-se aos cinco anos para o Canadá.

Filho de jamaicanos, o atacante Cyle Larin, 26, é outro pilar do time. Com 13 gols no classificatório, ele foi o artilheiro da competição.

Davies é jogador do Bayern de Munique, da Alemanha, enquanto Larin joga pela Club Brugge, da Bélgica. Ter jogadores atuando no futebol europeu é mais um fator que ajuda a explicar o sucesso dos canadenses.

Com a classificação para a Copa do Mundo no Qatar, a expectativa do país é adquirir mais experiência já de olho na próxima edição do torneio, em 2026, quando o Canadá vai sediar o torneio ao lado de México e Estados Unidos.

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