As origens croatas do ídolo argentino Diego Maradona

Bisavô do ex-craque emigrou da região norte da Croácia, rival da Argentina na semifinal da Copa do Qatar

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Doha (Qatar) | AFP

A Argentina mede forças nesta terça-feira (13) nas semifinais do Mundial do Qatar-2022 contra a Croácia, país que aparece na árvore genealógica do maior mito do futebol alviceleste, Diego Maradona, que teve um bisavô daquela região da Europa.

"Dizem que meus antepassados moravam aqui perto, vim ver se me deixaram alguma herança", brincou o próprio Maradona durante uma visita a Novi Vinodolski (norte da Croácia) para participar de uma partida beneficente de futebol em 2005 com figuras do tênis, como McEnroe e Goran Ivanisevic, e grandes nomes do futebol do país balcânico, como Davor Suker e Zvonimir Boban.

Para chegar a esses ancestrais, é preciso voltar à figura de Matej Karolic, nascido em 1847 em um local da atual Croácia, então pertencente ao Império Austríaco.

Maradona festeja gol em jogo beneficente em Novi Vinodolski (CRO) com o atacante Davor Suker (à esq.) e o ex-tenista Goran Ivanisevic, ambos croatas; Maradona também tem origem no país europeu
Maradona festeja gol em jogo beneficente em Novi Vinodolski (CRO) com o atacante Davor Suker (à esq.) e o ex-tenista Goran Ivanisevic, ambos croatas; Maradona também tem origem no país europeu - Nikola Solic - 24.nov.10/Reuters

Estima-se que seu local de nascimento poderia ser a ilha de Korcula (sul da Croácia), mas de acordo com um artigo recente da revista Caras, a certidão de batismo de Matej Karolic colocaria sua origem em Praputnjak, perto de Rijeka (norte).

O resto da história leva à Argentina, país para onde Matej Kariolic emigrou aos 25 anos, cujo nome foi mudado nos registros da época para Mateo Cariolich.

Instalado em Corrientes, casou-se com Trinidad Ferreyra em 1875 e dessa união nasceram oito filhos. A mais nova, Salvadora, era avó materna de Diego Maradona.

Salvadora e seu marido, Atanasio, tiveram Dalma Salvadora Franco em 1929, que entrou para a história com o apelido de Doña Tota e que foi mãe de Diego Maradona, nascido em 1960 em Villa Fiorito (Buenos Aires) e falecido em 2020 aos 60 anos.

A partida contra a Croácia é, portanto, de certa forma, mais um aceno à onipresença de Maradona na Copa do Mundo, torneio em que se firmou definitivamente conduzindo sua seleção ao segundo e último título mundial, no México em 1986.

Uma longa história de imigração

O fluxo migratório da Croácia para a Argentina é menos documentado do que a maioria da Itália ou Espanha, mas teve certa relevância.

Os registros e números são difíceis de estabelecer uma vez que a Croácia foi integrada em outras entidades como o Império Austro-Húngaro ou a Iugoslávia, o que dificultou em muitos casos a rastreabilidade dos dados nos registros. No entanto, segundo estimativas do governo croata, poderia existir cerca de 250 mil pessoas de origem croata na Argentina hoje.

Os primórdios do fluxo migratório datam antes mesmo da independência da Coroa espanhola, com chegadas pontuais como a do jesuíta Nikola Plantic (Nicolás Plantich em seu registro ao chegar à Argentina) para lecionar na Universidade de Córdoba em meados do século 18.

Na segunda metade do século 19 e início do século 20, o fluxo migratório aumentou, assim como no período entre as guerras.

Entre os descendentes de croatas na Argentina há nomes de destaque no esporte além de Maradona, como Daniel Orsanic, capitão da seleção alviceleste que conquistou a única Copa Davis da história do tênis argentino, em 2016, justamente contra a Croácia em Zagreb.

Naquele fim de semana de novembro de 2016, em que Juan Martín Del Potro e Federico Delbonis comandavam o Salad Bowl, o próprio Maradona torcia em um camarote da Arena Zagreb, que recebeu a notícia da morte do ex-líder cubano Fidel Castro, a quem o lendário 10 descreveu na época como seu "segundo pai".

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