De Paul carrega o piano para a Argentina chegar ao título da Copa do Mundo

Meio-campista assume com gosto o papel de sócio de Messi na seleção

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Doha (Qatar)

Nas seis partidas da Argentina antes da Copa do Mundo, Rodrigo De Paul, 28, só ficou os 90 minutos em campo no amistoso contra os Emirados Árabes Unidos, em 16 de novembro.

Pode parecer um dado banal porque, à exceção da primeira final Conmebol-Uefa, quando a seleção sul-americana bateu a Itália por 3 a 0, todos os outros jogos não valiam três pontos. Eram testes.

Para dirigentes da AFA (Associação de Futebol Argentina) e pessoas próximas à seleção argentina, era um recado dado por Lionel Scaloni ao seu jogador.

O técnico contava (e muito) com a capacidade incansável do volante do Atlético de Madrid de correr em campo e se desdobrar pela causa. Mas estava preocupado com a sua queda de rendimento e os problemas fora de campo.

De Paul teve problemas antes de sorrir no Qatar - Dylan Martinez/Reuters

No início deste ano, o próprio presidente da AFA, Claudio "Chiqui" Tapia, levantou a possibilidade de De Paul perder a Copa do Mundo por causa de um processo judicial.

"Para ir ao Qatar, o que não pode ter é uma denúncia penal com condenação pendente, um tema de gênero ou algo similar", disse o cartola, em entrevista para a rádio Urbana Play, de Buenos Aires.

De Paul estava no meio de um processo de divisão de bens e pagamento de pensão alimentícia aberto por sua ex-mulher Camila Homs, enquanto já namorava a cantora Tini Stoessel. Ele depois foi fotografado saindo de boates antes de partidas, e isso não pegou bem com a comissão técnica.

Scaloni nunca tocou no assunto, mas não ter De Paul, apesar de sua inconstância técnica, seria uma perda sentida. Isso porque ele faz um papel de carregar o piano por 90 minutos para que Lionel Messi possa se deslocar em campo por onde quer. Um dos motivos pelos quais a Argentina vai decidir o título mundial neste domingo (18), contra a França, às 12h (de Brasília).

"Rodrigo desempenha uma função que é difícil encontrar outro jogador que a faça hoje em dia", definiu Scaloni antes da viagem para o Qatar.

Em todas as partidas da Argentina até agora no Qatar, foi ele quem mais correu. Em média, são 12 quilômetros por jogo. Na estreia, contra a Arábia Saudita, teve desempenho ruim que acabou em derrota. Quando melhorou, a partir do confronto com o México, o time cresceu junto. Embora o mérito maior seja de Lionel Messi, claro.

Na fase de grupos, De Paul foi o jogador que mais tentou passes na seleção (384), com 88% de acerto e foi o terceiro que mais recuperou bolas (21). Mais importante do que isso, é o principal elo para fazer a bola chegar a Messi e também quem mais recebe passes do camisa 10.

Rodrigo De Paul é um dos símbolos da era Scaloni e a imagem da renovação pela qual passou a Argentina a partir do fracasso do grupo de Jorge Sampaoli no Mundial da Rússia, em 2018.

No ano seguinte, o volante recebeu a primeira convocação. E, para ele, ocupar a função em que outros falharam no passado, a de "sócio de Messi na seleção", é papel que assume com gosto.

"Sempre quis ter um trabalho importante nas equipes, nunca fui desses de passar despercebido. Mas na seleção temos um líder que é muito grande, uma figura muito importante, alguém que, além de jogar como joga, com a palavra já simplifica tudo", afirmou.

Ele foi responsável também pela única contrariedade de Scaloni com a imprensa do seu país durante o Mundial. Alguns sites e jornais publicaram que, por causa de uma lesão muscular, o jogador não apenas ficaria fora das quartas de final contra a Holanda como não atuaria mais nesta Copa do Mundo.

"Não sei de onde saem essas coisas. O treino foi fechado, e Rodrigo participou dele. Vamos ver se vai jogar ou não", desafiou o técnico.

De Paul começou como titular e foi substituído aos 21 minutos do segundo tempo. Não há nenhuma indicação do técnico de que o meia não será escalado para a final deste domingo.

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