Após adeus a Pelé, começa o torneio em que ele construiu boa parte de sua majestade

Santos sonha com título paulista para honrar a memória do Rei, decacampeão estadual

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São Paulo

O mítico gol contra o Juventus na Rua Javari. Os oito anotados em um mesmo jogo diante do Botafogo de Ribeirão Preto. Muitos recordes até hoje não superados, obtidos ao longo de 18 edições, em 11 das quais foi consagrado como o artilheiro.

Alguns dos principais feitos que ajudaram Edson Arantes do Nascimento a construir o mito de Pelé foram realizados no Campeonato Paulista.

Neste sábado (14), o Santos entrará em campo pela primeira vez desde a morte do Rei do futebol, ocorrida em 29 de dezembro de 2022.

O palco será a Vila Belmiro, o adversário, o Mirassol, e o torneio será aquele em que o ídolo estabeleceu as bases de seu reinado pelo clube, com dez títulos estaduais conquistados e 466 gols marcados, durante décadas em que o certame era o mais cobiçado pelos times paulistas.

Pelé entra em campo para uma de suas últimas partidas no Campeonato Paulista, uma derrota por 1 a 0 para um time que geralmente castigava, o Corinthians - Acervo - 29.set.74/Folhapress

Antes de a bola rolar, às 20h30, com transmissão de Premiere, Paulistão e YouTube (Paulistão), a equipe alvinegra promete fazer uma grande homenagem para o astro no gramado em que ele mais vezes balançou as redes no Estadual. Foram 267 gols na casa santista, um dos 28 estádios em que ele deixou sua marca em partidas pelo Paulista.

"A presença do Pelé valorizava a competição", diz o ex-volante santista Clodoaldo, 73, à Folha. "Todas as torcidas queriam ver o melhor jogador do mundo. Além de ser uma época diferente, com muitos times fortes no interior, o próprio Pelé adorava o Campeonato Paulista."

Campeão estadual em cinco ocasiões, sendo quatro delas ao lado do Rei (1967, 1968, 1969 e 1973), o ex-meio-campista lamenta que hoje a competição não seja tão valorizada. "O enfraquecimento das equipes do interior modificou bastante o torneio."

Desde 2014, quando o Ituano ganhou do Santos na decisão, nenhuma equipe conseguiu furar o domínio dos quatro grandes do estado. Audax (2016) e Ponte Preta (2017) até chegaram à decisão, mas acabaram derrotados, respectivamente, por Santos e Corinthians.

Isso, para Clodoaldo, reflete bem "as dificuldades que os times do interior enfrentam para se manter em um nível mais competitivo."

Quando ele jogava, era diferente. "Juventus, Botafogo, Portuguesa, Guarani, Ponte Preta e vários times que eu não vou lembrar agora tinham condições de jogar de igual para igual, principalmente quando o jogo era na casa deles."

Mesmo assim, era difícil para qualquer clube fazer frente ao Santos de Pelé. No Estadual, Juventus (42), Botafogo (38) e Corinthians (37) foram os rivais que mais sofreram gols dele.

"O Pelé fez o Campeonato Paulista ser um show porque ele era um grande artista, e onde ele jogava era sempre assim", afirma Clodoaldo, saudoso não só de jogar mais de assistir a partidas do torneio. "Eu estava no estádio quando ele fez oito gols na vitória sobre o Botafogo [11 a 0] em 1964. Foi incrível."

Claro, nenhum dos jogadores do atual elenco santista existia quando o Rei protagonizou esse show. Ou quando marcou pelas últimas vezes no torneio, com dois gols no empate com o Guarani, por 2 a 2, há 49 anos, em 1974.

Nem mesmo o atual treinador do time preto e branco, Odair Hellmann, 45, era nascido.

Mas isso não os impede de que querer honrar a história de Pelé na competição. "O nosso grupo todo quer jogar por ele. Todos gostaríamos de entregar esse título ao Pelé. Sabemos da dificuldade dessa missão. Entraremos em todos os jogos com a missão de honrar a camisa do Santos que ele um dia vestiu", disse o jovem atacante Rwan Seco, 21.

O Rei vestiu o manto santista em 410 jogos no Estadual. Com seus 466 gols, teve uma média de 1,13 por partida. Só na edição de 1958 foram 58 gols em 38 jogos, número nunca superado.

Único jogador na história a conquistar três Copas do Mundo, seis vezes campeão brasileiro e bicampeão da Libertadores e do Mundial de Clubes, Pelé brilhou em todas as competições em que colocou seus pés, mas parecia ter um carinho especial pelo Paulista.

O gol que ele próprio considerava o mais bonito de sua carreira foi marcado na Rua Javari, no Estadual de 1959, quando, após receber passe de Dorval, distribuiu quatro chapéus, incluindo um no goleiro Mão de Onça. De cabeça, concluiu.

"Esse gol, sem dúvida nenhuma, foi o mais bonito", definiu o Rei.

Primeira rodada

Antes do confronto entre Santos e Mirassol, às 20h30, na Vila Belmiro, o Campeonato Paulista terá a sua abertura com o duelo entre Inter de Limeira e São Bernardo, às 11h, no estádio Major José Levy Sobrinho.

Também no sábado (14), o Palmeiras estreia diante do São Bento, às 18h30, no Allianz Parque.

No domingo (15), o Corinthians enfrenta fora de casa o Red Bull Bragantino, às 16h, e o São Paulo pega o Ituano, às 18h30, no Morumbi

Erramos: o texto foi alterado

A última partida de Pelé no Campeonato Paulista foi contra a Ponte Preta, não contra o Guarani. O duelo com o Guarani foi aquele no qual o craque marcou pela última vez no torneio.

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