Durante o velório de Pelé o presidente do Santos, Andres Rueda, disse que o armário usado pelo Rei na Vila Belmiro ficaria trancado. O jogador, que deixou o clube em 1974, teria o aferrolhado na época, levado a chave embora e deixado dentro um objeto não identificado.
"Dizem que foi para dar sorte ao Santos", afirmou o dirigente.
Mas o armário foi não apenas aberto como também usado depois do adeus do Rei.
"Este era o armário do meu pai. Eu usei quando cheguei ao Santos", lembrou Edinho, filho de Pelé, à Folha, em 2020, na Vila Belmiro.
Antes disso, em 2012, também em entrevista à Folha, o próprio Pelé declarou não entender de onde vem o mistério a respeito do armário. Disse ainda que "não tem nada de importante lá".
Duas reportagens publicadas pelo jornal em 1990 e seu acervo fotográfico comprovam que o espaço foi utilizado sem grande cerimônia.
A primeira dessas reportagens foi veiculada em 20 de setembro, quando Edinho, aos 20 anos, iniciava sua carreira no futebol, no Santos. O jovem goleiro, então único filho homem do Rei, posou para o repórter fotográfico Luiz Carlos Murauskas ao lado do armário e falou sobre seus planos no futebol.
Em uma das imagens, que não chegou a ser publicada pelo jornal, pode-se ver o armário aberto. Há em um patamar uma imagem de Nossa Senhora ao lado de um produto que parece ser um creme de barbear. Em outro nível há papéis, similares a revistas e jornais.
O texto destaca que o armário ficara fechado por 16 anos. Na chegada de Edinho, "já estava preparado, com a chave, uma camisa de goleiro e uma calça de agasalho para treinamento". "Eu senti muito orgulho. Para mim, ele é meu pai e também é o Pelé. Sou fã dele, como todo o mundo", afirmou o arqueiro.
Um mês depois, o próprio Pelé utilizou o armário, dividindo-o com o filho. Ele se preparava para o amistoso comemorativo de seus 50 anos, na Itália, onde a seleção brasileira enfrentaria um combinado de jogadores de outros países.
O Rei fez trabalhos físicos na Vila Belmiro e teve sua passagem registrada pela Folha. O jornal publicou apenas uma foto com pai e filho posados lado a lado. Mas o acervo tem imagem captada pelo repórter fotográfico Luiz Paulo Lima na qual Pelé concede entrevista no vestiário –vestido apenas com uma cueca, como era comum–, em frente ao armário aberto.
A reportagem consultou o Santos a respeito da fonte da informação de que o armário nunca teria sido aberto e a respeito do objeto que teria sido deixado nele pelo ex-jogador, mas não obteve resposta.
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