LeBron James é o maior cestinha da história da NBA. Um recorde estabelecido com uma carreira longa e constantemente produtiva.

O craque de 38 anos está em sua 20ª temporada na liga norte-americana de basquete, apresentando ainda números impressionantes. Seus 30,2 pontos por jogo no campeonato de 2022/23 são a terceira maior marca de sua carreira, que tem média geral de 27,2.

Na noite de terça-feira (7), já madrugada de quarta no horário brasileiro, ele marcou 38. Não foi suficiente para o claudicante Los Angeles Lakers bater o Oklahoma City Thunder, mas lhe deu a artilharia histórica da competição.

O ala agora contabiliza 38.390 pontos, registrados com as camisas de Cleveland Cavaliers, Miami Heat e Lakers. E alcançou a marca defendendo a formação de Los Angeles, assim como fizera o recordista anterior, em 1984.

Foram quase quatro décadas até que Kareem Abdul-Jabbar fosse superado. O pivô, que fazia estrago com um lendário gancho, findou sua extensa carreira com 38.387 pontos, em 1989, aos 41 anos.

Os números, seguindo a tradição estatística norte-americana, levam em conta apenas as partidas da "temporada regular", a fase de classificação da NBA. São excluídos da contabilidade comumente adotada nos Estados Unidos os jogos de "playoffs", os mata-matas, ainda mais importantes.

Incluídas no cálculo as jornadas da etapa decisiva, LeBron também lidera. Já liderava. Agora soma 46.021, contra 44.149 de Kareem, que jogou pelo Milwaukee Bucks antes de marcar época na costa oeste.

Desde a aposentadoria de Abdul-Jabbar –que entregou uma bola ao novo dono do trono logo após ter sido superado, em cerimônia realizada com o jogo interrompido–, ninguém estivera realmente perto de alcançá-lo.

Karl Malone (36.928) foi quem esteve mais próximo. Os lendários Kobe Bryant (33.643) e Michael Jordan (32.292), respectivamente em quarto e quinto lugar no ranking, não chegaram a ameaçar o velho pivô.

James alcançou o feito com algo que Bryant e Jordan não tiveram: uma trajetória sem lesões graves ou interrupções. Já são quase 20 anos de raros problemas físicos mais sérios e uma incrivelmente duradoura explosão muscular, reconhecida desde a estreia.

Estável fisicamente, ele também sustentou uma média alta de pontos, sem solavancos, a partir da primeira partida, aos 18 anos. Foram 25 na derrota do Cleveland Cavaliers para o Sacramento Kings, em 29 de outubro de 2003.

Primeira escolha no "draft", sistema de recrutamento de calouros, LeBron saiu da escola direto para a liga profissional, o que passou a ser proibido a partir de 2005. Com 2,06 m de altura e evidente força física, foi eleito novato do ano com 20,9 pontos, 5,5 rebotes e 5,9 assistências por jogo.

Mesmo com tais números, recebeu críticas por não contar com um bom arremesso de longa distância, o que limitaria seu jogo. Na temporada de estreia, teve média de apenas 0,8 bola de três pontos acertada por jogo, em 2,7 tentativas, uma eficiência de 29%.

No segundo ano, o aproveitamento subiu para 35%, em 3,9 tentativas. A média na carreira é de 34,5%. Número razoável. Não se aproxima, por exemplo, dos espetaculares 42,8% de Stephen Curry. Mas ajuda a manter as defesas honestas, sem a possibilidade de esperar o craque no garrafão. Com os marcadores mais perto, ele os ultrapassa rumo à cesta com maior facilidade.

O aumento na frequência dos tiros de longe é alinhado à transformação pela qual a própria NBA passou neste século. O arremesso de três se tornou prioridade nas estratégias ofensivas, e até os jogadores mais altos e pesados, que antes ficavam presos ao lado da cesta, tiveram que desenvolver essa habilidade.

James conseguiu manter sua média de acertos enquanto elevou o número de tentativas de longa distância. Em janeiro deste ano, diante do Los Angeles Clippers, o veterano fez sua partida com mais bolas de três convertidas na carreira: nove.

O homem de Ohio soube se adaptar para continuar no topo. Enquanto aumentou o volume de bolas de três mantendo o aproveitamento, melhorou o índice de acerto perto da tabela. Na temporada de estreia, por exemplo, teve 43,8% nos arremessos de dois. Na atual, tem 59,3%.

Bicampeão no Miami Heat em 2012 e 2013, voltou a Cleveland para triunfar com os Cavaliers em 2016. Depois chegou ao Los Angeles Lakers, mostrando novamente capacidade de adaptação. No título de 2020, assumiu ativamente a função de armação, registrando 10,2 assistências por partida.

A média da carreira é de 7,3 assistências por duelo. James nunca foi considerado um "pure scorer", alguém que tivesse a pontuação como prioridade. Seus 7,5 rebotes por jogo também ajudam a compor a figura de um jogador completo que nunca se resumiu a pontuar. Mas muito pontuou.