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Franca tenta manter hegemonia no NBB, mas São Paulo é rival de peso

Equipes paulistas começam a decidir o campeonato nacional de basquete neste sábado

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Gustavinho Lima
São Paulo

Franca e São Paulo decidem, a partir deste final de semana, a edição 2022/23 do Novo Basquete Brasil. O time daquela que é considerada a capital do basquete é o atual campeão, chega com o mando de quadra para defender o título e tem a formação tricolor paulista como um desafiante de peso.

A final do campeonato nacional será disputada em série melhor de cinco partidas, com transmissão da TV Cultura, da ESPN e do SporTV. Os jogos também serão exibidos pelo perfil do NBB no YouTube e pelo aplicativo da NBA, em parceria com a liga norte-americana. A disputa terá início no sábado (27), às 15h, no ginásio Pedrocão, em Franca.

Na atual temporada, Franca quebrou o recorde de invencibilidade do basquete brasileiro, que havia sido estabelecido pelo COC Ribeirão Preto, entre 2002 e 2003, com 43 vitórias seguidas.

Pela primeira vez na história do NBB, que está em sua 15ª edição, uma equipe passou toda a fase de classificação sem nenhuma derrota. O time do interior de São Paulo bateu duas vezes cada adversário, terminando com expressivos 32 triunfos.

Vencedor do Campeonato Paulista e da BCLA (Basketball Champions League Americas, uma espécie de Libertadores do basquete), acumulou 46 vitórias consecutivas.

Marquinhos, do São Paulo, e Lucas Mariano, de Franca, finalistas do NBB 2022/23
O ala Marquinhos (de branco), do São Paulo, e o pivô Lucas Mariano, de Franca, são dois dos grandes nomes na decisão do NBB 15 - Marcos Limonti/SFB

Vencer no esporte, sem dúvida, traz confiança, mas há quem diga que é bom sangrar durante o período classificatório para criar resistência, aprender a voltar a ganhar e criar um sentimento de alerta para a fase decisiva, encarando uma possível eliminação.

O elenco dirigido por Helinho Garcia chegou sem cicatrizes e, com o perdão do trocadilho, entrou como franco favorito na fase mata-mata do campeonato brasileiro. Mas encontrou dois times prontos para jogar como atiradores e a fim de frustrar os planos do bicampeonato francano.

Foram duas séries de "playoffs" –contra a Unifacisa, de Campina Grande, nas quartas de final, e contra Minas, nas semifinais– vencidas por 3 a 2. Franca teve que enfim sangrar e mostrar poder de reação para conseguir abrir vantagem somente no último quarto do jogo 5 em ambas as rodadas.

O time do interior paulista sofreu quase 90 pontos de média dos desafiantes (88,1 pontos sofridos por jogo), mas, mesmo com jogos parelhos e situações desconfortáveis, não teve problemas para pontuar. Jogando coletivamente no ataque, teve média de 20 assistências por partida e, contando com um potencial de fogo impressionante, anotou 92,9 pontos por jogo de média nos "playoffs".

Já o São Paulo demonstra excelente planejamento. No basquete, as glórias não são somente do passado, já que, desde que voltou à elite do basquete nacional, o clube do Morumbi chegou entre os quatro melhores em todos os campeonatos que disputou.

Em pouco mais de quatro anos de projeto, já foi campeão do Paulista e da BCLA e chega à sua segunda final de NBB.

Nesta temporada, classificou-se na terceira posição. Nos "playoffs", depois de ter vencido o Pinheiros nas quartas de final (3 a 1), mesmo sem o mando de quadra, varreu o dono da segunda melhor campanha e maior vencedor da história do NBB, o Flamengo, por 3 a 0.

O basquete é um jogo que se joga dos dois lados da quadra, e o time dirigido por Bruno Mortari vem se garantindo na defesa. Perdeu somente uma partida e venceu seis jogos nos mata-matas, tomando em média 71,6 pontos por partida.

Vai se desenhando o jogo do melhor ataque contra a melhor defesa. Mas reduzir os dois times de altíssimo nível a esses rótulos seria leviano.

Franca chega a mais uma final de NBB porque manteve toda a base vencedora de 2021/22. O famoso "big three" formado por Georginho, Lucas Dias e Lucas Mariano continua desequilibrando o campeonato. Os três, líderes nas estatísticas de eficiência da liga, são os únicos três candidatos a MVP (jogador mais valioso). Nos "playoffs", demonstraram sua potência e anotaram mais de 50% dos pontos do time de Franca em todos os jogos.

Tem um elenco de suporte que sabe desempenhar seu papel na equipe, complementa as estrelas de maneira primorosa no ataque e eleva o nível de intensidade defensiva dentro de quadra.

Está nesse elenco o experiente ala norte-americano David Jackson, que é excelente dos dois lados da quadra e já foi eleito MVP do NBB. Também chama a atenção o jovem prospecto Márcio, ala-pivô, que, saindo do banco, sempre causa muito impacto com boas enterradas e finalizações próximas ao aro. Ele também tem ótima defesa de um contra um, boas coberturas e tempo de bola para tocos. Neste ano, é um dos únicos dois brasileiros inscritos no Draft da NBA, o sistema de recrutamento de calouros da liga dos Estados Unidos.

Com um elenco supertalentoso, o time de Helinho Garcia joga e deixa jogar. Leva muitos pontos, mas ainda não houve quem conseguisse uma estratégia para brecar o "rolo compressor", como é chamada a equipe pela torcida da cidade.

O São Paulo tem poder de resiliência. Perdeu o MVP da temporada 2021/22, Bruno Caboclo, que hoje está na Alemanha, e jogou boa parte da temporada sem três de suas estrelas (Marquinhos, Shamell e Tyrone, machucados). Mesmo assim, conseguiu se manter entre os primeiros. Adaptou-se, criou casca e desenvolveu uma defesa muito bem postada com boas leituras e muita agressividade.

Mas não é só a zaga que merece destaque, O tricolor tem muito talento na outra meia quadra. O ala Marquinhos, que ficou boa parte da temporada fora por conta de uma cirurgia no joelho, voltou em ótima forma e aos 38 anos continua esbanjando categoria para definir as jogadas.

O maior vencedor da história do NBB (seis vezes campeão, assim como Olivinha, do Flamengo) é são-paulino declarado e tem essa motivação extra em tentar vencer mais um título, agora vestindo a camisa do seu time de coração.

O treinador Bruno Mortari costuma arrancar ótimas atuações de seus atletas e, na ausência do craque durante a fase de classificação, deu muito moral para o ala norte-americano Malcolm Miller. Que, após ter trocado o Corinthians pelo rival do Morumbi, foi o recordista de bolas de três pontos convertidas do NBB (125 bolas de longa distância em 36 jogos, com 45% de aproveitamento nesta temporada).

O elenco ainda conta com possivelmente a melhor dupla de armadores da liga: Élinho Corazza, eleito melhor armador da temporada 2021/22 e atual líder de assistências (7,4 passes para cesta), e Corderro Bennett, eleito melhor defensor na última temporada e atual cestinha do tricolor nos "playoffs", com média de 16,1 pontos por jogo e 59% de aproveitamento.

O nível do mata-mata do NBB nunca foi tão alto, com placares muito elevados, muitas jogadas plásticas e séries sendo decididas nos segundos finais.

Agora, há o atrativo de uma final inédita entre Franca e São Paulo. Na temporada passada, as duas equipes se encontraram nas semifinais, com vitória por 3 a 1 de Franca, que posteriormente bateria o Flamengo na finalíssima.

As duas equipes merecem ser valorizadas pelo nível de basquete que atingiram, mas no esporte a história é contada por quem ganha.

Houve apenas cinco campeões em 13 temporadas completas de NBB –a de 2020 foi interrompida por causa da pandemia de Covid-19. O Flamengo tem sete títulos, e Brasília acumulou três. Bauru, Paulistano e Franca têm uma taça cada um.

Franca tenta manter a hegemonia e conquistar o bi. O São Paulo já mostrou que é grande desde que voltou à cena do basquete brasileiro. Agora, quer mostrar que entre os grandes é o primeiro.

  • Jogo 1 – 27.mai (sáb) – 15h – Pedrocão (Franca)
  • Jogo 2 – 31.mai (qua) – 20h – Morumbi (São Paulo)
  • Jogo 3 – 3.jun (sáb) – 15h – Morumbi (São Paulo)
  • Jogo 4* – 8.jun (qui) – 17h30 – Pedrocão (Franca)
  • Jogo 5* – 10.jun (sáb) – 15h – Pedrocão (Franca)

*se necessário

Gustavinho Lima

“Pós-jogador" de basquete. Defendeu clubes como Corinthians, Mogi das Cruzes e Pinheiros. Hoje atua como comentarista do NBB

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