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Gustavinho Lima

Basquete vem retomando o lugar de segundo esporte no país

Vitória relevante do São Paulo mostra que glórias não precisam ficar no passado

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Gustavinho Lima
São Paulo

Se no futebol as glórias do tricolor paulista vem do passado, no presente podemos dizer que o hino cai bem ao basquete.

Montado para competir por títulos em todos os campeonatos, desde que voltou à modalidade em 2019, o basquete do São Paulo chegou pelo menos à semifinal de todas as competições que disputou.

Na temporada 2021/22, já abocanhou o troféu de campeão paulista levou o vice do NBB Super 8 e, no último final de semana, sagrou-se campeão BCLA (Basketball Champions League Américas), a "Libertadores do Basquete" de maneira invicta e com basquete irretocável.

Jogando na Arena Olímpica do Rio de Janeiro, venceu nas quartas o vice-campeão da edição anterior, o Real Estelí (Nicarágua), na semifinal bateu o 123 Minas –que havia eliminado os donos da casa e defensor do título Flamengo– e na grande final superou o Biguá (Uruguai).

São Paulo, campeão da BCLA (Basketball Champions League Americas), torneio sul-americano de basquete
Jogadores do São Paulo festejam a conquista da BCLA (Basketball Champions League Americas), equivalente do basquete à Copa Libertadores - Divulgação/CBLA

Se nós brasileiros não temos muitas boas memórias enfrentando uruguaios no Rio de Janeiro desde a Copa do Mundo de futebol de 1950, desta vez o Brasil era tricolor e não teve dó nem piedade do agregado charrua.

Perdoem-me pelo ufanismo, mas foi uma aula de basquetebol do São Paulo.

Chegando a abrir mais de 20 pontos de diferença ainda no terceiro quarto, a equipe são-paulina só administrou o placar nos dez minutos restantes e venceu por 98 a 84.

O time do Morumbi jogou por música!

Orquestrado pelo maestro Elinho, com expressivo duplo-duplo, 16 pontos e 12 assistências, o tricolor acertou incríveis 18 bolas de 3 pontos (51% de aproveitamento) e viu seus cinco titulares pontuarem acima dos dois dígitos.

Quinteto muito sólido, além do armador Elinho, é composto por jogadores versáteis como os norte-americanos Bennet e Tyrone, muito atléticos, que correm muito bem em quadra e são capazes de defender atletas que atuam em qualquer posição. O time possui ainda um dos maiores talentos da história do NBB, o astro Marquinhos, que aos 38 anos ainda esbanja categoria e frieza para matar bolas decisivas. E, para fechar, simplesmente Bruno Caboclo, eleito o MVP (jogador mais valioso) da competição.

Caboclo está jogando em nível totalmente fora de série, com um jogo plástico com muitas enterradas, tocos e bolas de três. Teve médias de 23,9 pontos, 11,1 rebotes, 3,6 tocos, 53% nas bolas de três de pontos (3,8/7,1) totalizando absurdos 32,8 de índice de eficiência no campeonato.

Com uma passagem anterior pela NBA, acredito que o ala/pivô terá lugar garantido se quiser voltar ao melhor basquete do mundo.

Ainda pouco celebrado, o treinador Bruno Mortari, filho do lendário e multicampeão Cláudio Mortari, venceu seu primeiro título como técnico.

Após muitas temporadas como assistente do pai, assumiu o comando da equipe do Morumbi há pouco mais de seis meses e vem fazendo uma campanha impressionante.

Venceu 34 dos 41 jogos disputados, tem uma medalha de prata (NBB Super 8) e agora uma de ouro.

Na reta final da fase de classificação do NBB, com muito equilíbrio, o São Paulo ocupa a quarta posição.

Jogando muita bola, a equipe de Franca liderou a competição de cabo a rabo e segue na ponta da tabela, seguida pelo Flamengo, muito bem dirigido por Gustavinho de Conti –também treinador da seleção brasileira, além de atual campeão brasileiro, já venceu a Copa Intercontinental neste ano. O Minas, em terceiro, mantém excelente regularidade: Venceu o NBB Super 8 e conquistou o bronze na BCLA pela segunda vez consecutiva.

Outros times podem surpreender, como o tradicional Bauru, que conta com o craque Alex Garcia, que aos 42 anos ainda impressiona, pois faz um pouco de tudo em quadra. O "Brabo", como é conhecido, tem médias de 12,4 pontos, 5,8 assistências e 4,3 rebotes. Ainda na briga pelo G4, a equipe do interior do estado de São Paulo é uma das quatro que já venceram o Novo Basquete Brasil.

Em sua 14ª edição, o torneio tem somente quatro campeões.

O Flamengo, além de estar na defesa do título da temporada 2020/21, é o maior detentor de taças, com sete. Atrás aparece o Brasília, com três. Bauru e Paulistano tem uma cada um. Em 2019/20, em função do agravamento da pandemia de Covid-19, a competição não teve um fim.

Na parte de baixo da tabela, a briga por uma vaga nos playoffs do NBB realmente é de tirar o fôlego.

Dos 17 times que disputam a competição, os quatro primeiros colocados avançam para as quartas de final (melhor de 5 jogos) de maneira antecipada. Os classificados de 5º a 12º jogam uma melhor de 3, em cruzamento olímpico (5º x 12º, 6º x 11º, 7º x 10º e 8º x 9º) para ver quem avança. Os embates ainda não estão definidos.

Com jogos sendo cada vez mais transmitidos e atletas atuando em ótimo nível internacional, nosso basquete vem ganhando espaço novamente nas telas de televisores, nos celulares e nas resenhas do dia a dia.

Pouco a pouco, o basquete vem retomando o lugar de segundo esporte no país, demonstrando que as glórias não são somente do passado.

Gustavinho Lima

“Pós-jogador" de basquete, atuou profissionalmente por 17 anos, de 2002 a 2019, passando por clubes como Pinheiros e Corinthians; comentarista do NBB e apresentador do NBB Showtime, é autor do livro "2000 - Todo Poderoso Timão"

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