Lula pede 'sérias providências' diante de xingamentos racistas contra Vinicius Junior

CBF, clubes brasileiros e políticos se solidarizam com atleta, chamado de macaco em partida na Espanha

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou neste domingo (21) solidariedade ao jogador brasileiro Vinicius Junior, que foi vítima, mais uma vez, de xingamentos racistas na Espanha. O jogo entre Valencia e Real Madrid, time de Vinicius, foi interrompido no segundo tempo depois de parte da torcida chamar o brasileiro de "macaco".

"A Fifa, a Liga Espanhola, têm que tomar sérias providências, não podemos permitir que o fascismo e o racismo tomem os estádios de futebol", disse Lula antes do início de entrevista coletiva ao final da cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão.

Vinicius Junior aponta para torcedor que o teria ofendido durante partida contra o Valencia neste domingo (21)
Vinicius Junior aponta para torcedor que o teria ofendido durante partida contra o Valencia neste domingo (21) - Pablo Morano/Reuters

"Não é justo que o menino pobre que venceu na vida, se transformando num dos melhores jogadores do mundo, seja ofendido em cada estádio em que comparece", disse o presidente. Ele acrescentou seu repúdio ao fato de que, "quase no meio do século 21" tenhamos o preconceito racial ganhando força em vários estádios na Europa."

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) publicou em rede social uma mensagem assinada pelo presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, em que também se solidariza com o atacante.

"Até quando ainda vamos vivenciar, em pleno século XXI, episódios como o que acabamos de presenciar, mais uma vez, em La Liga?"

Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, também publicou nas redes sociais sequência de mensagens em que critica o presidente de La Liga por ter criticado a reação de Vinicius após as ofensas.

"Vinicius Junior está tendo seus direitos violados e é preciso fazer algo quanto a isso. Se um dos melhores jogadores do mundo é assim tratado, imaginem o que acontece com aqueles que não tem a mesma visibilidade. É em nome destes também que providências precisam ser tomadas", escreveu.

O Flamengo, clube que Vinicius defendeu no Brasil, também publicou posicionamento sobre o caso via Twitter. "Dizer que racismo é crime é o óbvio. É preciso denunciar a violência que se repete e se intensifica. É preciso tomar atitudes concretas para combatê-lo no dia a dia", escreveu o clube rubro-negro. Clubes da elite do futebol brasileiro, como Fluminense, Santos, São Paulo, Palmeiras, Botafogo e Atlético-MG, também se manifestaram.

O ex-jogador Ronaldo, o Fenômeno, que é dono do Valladolid, equipe de La Liga, também criticou as ofensas e impunidade em casos de racismo. " Mais uma vez um episódio de racismo na La Liga. Mais uma vez com o Vinicius Junior. Até quando? Enquanto houver impunidade e conivência, haverá racismo. É inadmissível que árbitros, Federação e autoridades também fiquem sem ação e que torcedores aplaudam tamanho absurdo", escreveu.

Vinicius Junior foi expulso neste domingo (21) depois de confusão iniciada após insultos racistas proferidos contra ele por torcedores do Valencia. As equipes se enfrentavam no estádio Mestalla, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol —o time da capital foi derrotado por 1 a 0.

Imagens mostram o momento em que o jogador da seleção brasileira encara torcedores da equipe mandante próximos à linha de fundo. A situação provocou uma aglomeração entre atletas dos dois times e a partida foi interrompida por alguns instantes. Apenas o brasileiro foi expulso, com interferência do VAR (árbitro assistente de vídeo).

Em mensagem nas redes sociais após o jogo, o atacante afirmou que o racismo "é normal" em La Liga e sinalizou que pode deixar a Espanha em decorrência desses episódios. Em nota, a organização informou ter requisitado as imagens para investigar "supostos insultos racistas direcionados a Vinicius Jr."

"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas", escreveu.

O presidente de La Liga, Javier Tebas, publicou mensagem após a reação de Vinicius e mandou ele "se informar adequadamente" antes de criticar a liga.

"Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é e o que pode fazer a La Liga nos casos de racismo, tentamos explicar a você, mas você não compareceu a nenhuma das duas datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e difamar La Liga, é necessário que você se informe adequadamente. Não se deixe manipular e tenha certeza de entender bem as competências de cada um e o trabalho que estamos fazendo juntos", escreveu.

O jogador respondeu à crítica em seguida. "A imagem do seu campeonato está abalada. Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove", escreveu o jogador da seleção brasileira pelo Twitter.

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