Quanto maior o jejum de títulos de um time, maior a festa de seus torcedores quando a espera chega ao fim. No caso do Napoli, foram mais de três décadas de ansiedade transformadas em euforia em uma noite, a desta quinta-feira (4), quando o clube conquistou pela terceira vez o Campeonato Italiano, a primeira desde a geração do ídolo Diego Armando Maradona.
Bastou o apito final do empate com a Udinese por 1 a 1, fora de casa, para que boa parte dos 13 mil napolitanos que viajaram a Udine, cidade no norte do país, invadisse o gramado para festejar ao lado dos jogadores o resultado, suficiente para assegurar o "scudetto" com cinco rodadas de antecedência.
No sul da Itália, quase 850 km distante dali, a cidade de Nápoles foi transformada em arquibancada. Enquanto o estádio Diego Armando Maradona recebeu mais de 60 mil fãs, que assistiram ao jogo em oito telões, um número ainda inestimável de torcedores tomaram as ruas eufóricos, vibrando sob o céu iluminado por sinalizadores e fogos de artifício.
Muitos deles exibiam uma máscara semelhante à proteção usada por Victor Osimhen, 24, um dos grandes heróis da conquista. Artilheiro da competição, ele chegou à 22ª bola na rede ao marcar o gol do título já no segundo tempo do confronto com a Udinese.
Comprado há três anos por 70 milhões de euros (R$ 384 milhões), o camisa 9 teve toda a tranquilidade para marcar num momento em que seus companheiros não conseguiam repetir as boas atuações que tiveram ao longo da competição.
Depois de ter desperdiçado em casa, diante da Salernitana, na rodada anterior, a chance de assegurar o caneco, o Napoli parecia sentir a ansiedade pelo título. Tanto que, com apenas 13 minutos de partida, sofreu o gol de Sandi Lovrić, que abriu o placar no estádio Friuli.
A busca pelo ponto necessário, porém, deu à torcida napolitana a emoção final antes de a euforia tomar conta. Com o resultado, o time ampliou para 16 pontos a distância para a Lazio, vice-líder e único adversário que ainda tinha a chance —meramente matemática— de chegar ao topo da tabela.
Em Nápoles, desde que o clube da cidade disparou na liderança do campeonato, houve enorme mobilização para a hora de festejar.
Locais tradicionais, como a rua dos pastores, foram decorados com estátuas de todo o elenco do Napoli e do técnico Luciano Spalletti. Aos 64 anos, ele se tornou o mais velho treinador coroado na Serie A, superando Maurizio Sarri, campeão aos 61 com a Juventus, em 2020.
Diante de tanta empolgação, as autoridades locais organizaram um grande esquema de segurança, como se o município fosse o palco da decisão do campeonato.
Havia mais de três décadas que a torcida aguardava esse momento. Desde a temporada 1989/90, época em que a geração conduzida por Diego Armando Maradona ganhou o "scudetto".
A espera, desta vez, foi recompensada com um título antecipado e a pitada de emoção no jogo que definiu o campeonato.
Se para o time os duelos restantes serão apenas um compromisso de tabela, para os torcedores será a chance de prolongar a festa.
A antecedência produziu contornos menos dramáticos do que quando Maradona e os brasileiros Alemão e Careca levaram o clube ao título há 33 anos.
Naquela edição, o time assumiu a liderança da tabela somente na penúltima rodada, ao bater o Bologna e acompanhar o Milan ser derrotado pela Verona de forma surpreendente.
Ajudou a conquista a decisão da federação local de dar ao Napoli uma vitória por 2 a 0 sobre a Atalanta. O placar era de 0 a 0, mas Alemão foi atingido na cabeça por uma moeda atirada da arquibancada.
Mesmo que diferentes, porém, os roteiros de cada conquista têm algo em comum: a paixão alucinada dos torcedores, eternizada nas imagens da festa pelo título.
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