Fifa ameaça não exibir Copa feminina em principais mercados europeus

Infantino chama ofertas para exibir torneio no Reino Unido, na Alemanha, na França, na Espanha e na Itália de 'decepcionantes'

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Samuel Agini
Financial Times

A Fifa, organização que comanda o futebol mundial, ameaçou não transmitir a Copa do Mundo de futebol feminino em cinco países europeus e culpou as ofertas financeiras "muito decepcionantes" das empresas de televisão.

Em um evento em Genebra organizado pela Fifa e pela OMC (Organização Mundial do Comércio), o presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que as emissoras fizeram ofertas pelos direitos que eram "simplesmente inaceitáveis".

"Enquanto as emissoras pagam de US$ 100 milhões [R$ 503 milhões] a US$ 200 milhões [pouco mais de R$ 1 bilhão] pela Copa do Mundo masculina, elas oferecem apenas de US$ 1 milhão [5 milhões] a US$ 10 milhões [R$ 50,3 milhões] pela Copa do Mundo feminina", afirmou

Os números de audiência do torneio feminino chegam à faixa entre 50% e 60% das audiências na versão masculina, acrescentou.

Seleção dos EUA é a atual campeã do Mundial feminino - Bernadett Szabo - 7.jul.19/Reuters

"Para sermos muito claros, é nossa obrigação moral e legal não vender a Copa do Mundo feminina por um preço vil. Por isso, se as ofertas continuarem a não ser justas, seremos obrigados a não transmitir a Copa do Mundo feminina da Fifa para os cinco grandes países europeus", declarou Infantino, referindo-se a Reino Unido, Espanha, Itália, Alemanha e França.

A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, disse esperar que as empresas de televisão estejam prestando atenção ao que Infantino está dizendo sobre aumentar suas ofertas, acrescentando que se trata de "uma verdadeira oportunidade para apoiar o futebol feminino".

Se os direitos de transmissão não forem vendidos, será um golpe para o futebol em um momento crítico para o futebol feminino, que ganhou força e uma base de fãs após anos de negligência por parte das autoridades.

No entanto, o Fifa+, novo serviço de streaming de vídeo da entidade máxima do futebol, oferecerá opções para assistir aos jogos, mesmo que a Fifa não consiga chegar a um acordo com as emissoras.

Faltando menos de 80 dias para o início da Copa do Mundo, em 20 de julho, a Fifa ainda não chegou a um acordo com as emissoras dos principais países europeus. A Austrália e a Nova Zelândia são as anfitriãs do torneio, que terá a duração de um mês, e o fuso horário significa que as emissoras europeias não podem mostrar os jogos ao vivo no horário nobre.

"Talvez, por ser na Austrália e na Nova Zelândia, não haja transmissão em horário nobre na Europa, mas, ainda assim, o jogos serão transmitidos às 9h ou às 10h, um horário bastante razoável", disse Infantino.

Mais de 365 milhões de pessoas assistiram à Eurocopa feminina de 2022, um recorde de audiência. A final vencida pela Inglaterra sobre a Alemanha, em Londres, foi vista por cerca de 50 milhões de pessoas.

Apesar do crescimento das audiências, o futebol feminino gera uma fração das receitas do futebol masculino.

Infantino prometeu que a receita das transmissões seria investida no futebol feminino. A Fifa disse no início deste ano que a premiação monetária na próxima Copa do Mundo feminina totalizará US$ 152 milhões (R$ 765 milhões), o triplo do total do torneio de 2019, mas ainda abaixo dos US$ 440 milhões (R$ 2,2 bilhões) pagos na Copa do Mundo masculina do ano passado, no Qatar.

Tradução de Paulo Migliacci

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