Filipe Toledo é bicampeão mundial e mantém hegemonia do Brasil no surfe

Título é o quinto seguido vencido por brasileiros; João Chianca, o Chumbinho, terminou em 4° lugar

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São Paulo

Filipe Toledo, 28, venceu o Mundial de Surfe neste sábado (9) e se tornou bicampeão, mantendo a hegemonia brasileira na elite do esporte.

Este é o quinto mundial seguido vencido por brasileiros, e o sétimo dos últimos nove, desde que Gabriel Medina ganhou o primeiro de seus três troféus em 2014 —ele ganharia de novo em 2018 e em 2021. Em 2015 foi a vez de Adriano de Souza, e em 2019, de Italo Ferreira. Em 2016 e 2017, o havaiano John John Florence interrompeu a série brasileira, e em 2020 o campeonato foi cancelado devido à pandemia de Covid-19.

Na primeira bateria da final, disputada em um esquema de melhor de três, Toledo conseguiu duas ondas com notas excelentes, marcando 9.00 e 8.97 e terminando a etapa com 17.97. O australiano Ethan Ewing, por sua vez, somou 8.50 e 8.73, 17.23 no total.

Filipe, um homem jovem, está sobre a prancha, no ar, com os braços abertos. Ele veste uma camiseta amarela
O brasileiro Filipe Toledo durante a primeira bateria da final do Mundial de Surfe, neste sábado (9), na Califórnia - Pat Nolan/World Surf League

Já na segunda entrada, o mar acalmou e os surfistas demoraram a pontuar. A bateria terminou em 14.27 para Toledo ante 12.37 para Ewing. Com isso, Toledo saiu da água como o primeiro brasileiro a ganhar dois títulos seguidos.

"É difícil pôr em palavras o que foi preciso para estar aqui. Muito sacrifício. Há sete anos, eu não pude estar lá com a minha mulher e Mahina [sua filha], nem com Koa [seu filho]. Mas eu sabia que valeria a pena no longo prazo", disse o campeão após ser carregado nos ombros da torcida.

"Estou muito feliz. Foi muito difícil chegar até aqui e estar confiante, mas Deus me honrou. Papai do céu é maravilhoso."

O caminho do australiano até a última rodada passou por outro brasileiro. João Chianca, 23, o popular Chumbinho, que ocupava a quarta posição no campeonato, superou o quinto colocado, Jack Robinson, na primeira disputa do dia.

Toledo, de boné preto e blusa amarela, comemora com o braço direito erguido e grita. Ao seu redor, muitas pessoas vibrando. Ele está sentado nos ombros de duas pessoas, que não aparecem no corte da foto
Filipe Toledo comemora nos braços da torcida após vencer o bicampeonato mundial de surfe, neste sábado (9), na Califórnia - Thiago Diz/World Surf League

Em seguida, Chumbinho foi para a água com Ewing, mas demorou a encarar alguma onda e ficou para trás, terminando o Mundial em quarto lugar. O australiano então avançou ao terceiro match, onde surpreendeu o cabeça número dois, o americano Griffin Colapinto, chegando à final.

A final do Mundial acontece nas ondas de Lower Trestles, na Califórnia, Estados Unidos, onde o torneio é decidido desde 2021. Foi quando a WSL (Liga Mundial de Surfe, na sigla em inglês) adotou novo formato para o certame, concluído em uma etapa com os cinco melhores do ranking.

Na dinâmica, o quarto colocado enfrenta o quinto pelo direito de encarar o terceiro. Desse confronto sai o adversário do seguinte. Só aí se decide o rival do líder, que o aguarda para uma decisão em melhor de três baterias.

Atual campeão, Toledo precisava vencer apenas duas baterias para assegurar o bi. Líder do ranking, o paulista de Ubatuba disse, em entrevista à Folha, que o caminho para o título era manter a consistência que conquistou durante toda a temporada.

João Chianca surfa durante primeira partida das finais do Rip Curl WSL Finals, em Lower Trestles, Califórnia, Estados Unidos
João Chianca surfa durante primeira partida das finais do Rip Curl WSL Finals, em Lower Trestles, Califórnia, Estados Unidos - Thiago Diz-09.set.23/World Surf League

Favorito, Toledo vive em San Clemente, palco da final, o que lhe rendeu a vantagem de conhecer bem as ondas. Ele esteve no fim do torneio nas duas edições anteriores realizadas no formato —perdeu para o compatriota Gabriel Medina em 2021 e bateu o também conterrâneo Italo Ferreira em 2022.

Chumbinho conhecia pouco a Califórnia e, embora já tenha surfado em Trestles, nunca disputou no local um evento de primeiro nível. Em seu segundo ano na elite do circuito, o fluminense começou a temporada em altíssimo nível. Em março, venceu a etapa de Peniche, em Portugal, e chegou a ser líder do ranking.

Na segunda metade do circuito, ele não conseguiu manter o nível e ficou fora das quartas de final nas quatro etapas mais recentes. Mas tratou o momento de baixa como aprendizado e manteve-se entre os cinco primeiros colocados.

Nesse processo, conseguiu uma das duas vagas diretas do Brasil nos próximos Jogos Olímpicos. Ficou à frente de Medina, tricampeão mundial –que tentará, em torneio classificatório em fevereiro, ser o terceiro representante brasileiro em Paris-2024.

Fim de hegemonia entre as mulheres

Na disputa feminina, Caroline Marks, 20, venceu o mundial e encerrou uma longa hegemonia. Pela primeira vez desde 2007, o título não ficou com uma surfista de nome Stephanie Gilmore, Carissa Moore ou Tyler Wright.

A atleta da Flórida surpreendeu e derrotou Moore, do Havaí, em duas baterias.

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