Descrição de chapéu China

Ex-técnico da China admite pagamento de quase 400 mil euros para obter o cargo

Preso por corrupção, ex-treinador diz em documentário que participou de manipulação de resultados quando comandava clubes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pequim | AFP

O ex-técnico Li Tie, em prisão provisória por corrupção, admitiu ter pago quase 400 mil euros (R$ 2,1 milhões) para garantir o cargo de treinador da seleção da China. A confissão é mais um capítulo no escândalo de corrupções do futebol chinês.

Em uma confissão exibida em um documentário transmitido pela televisão pública CCTV na terça-feira (9), o técnico de 46 anos também admitiu ter participado da manipulação de resultados quando era treinador de clubes.

"Lamento profundamente. Deveria ter sido mais pragmático e seguir o caminho correto", declarou diante das câmeras com arrependimento.

Li Tie, quando era técnico da seleção chinesa; ele está preso acusado de corrupção - 25.mai.20/AFP

"Há certas coisas que, naquela época, eram práticas comuns no mundo do futebol", acrescentou.

Em janeiro de 2020, quando foi nomeado para suceder o italiano Marcello Lippi como técnico da seleção chinesa, o ex-jogador do Everton (ING) declarou que estava realizando "um dos maiores sonhos" de sua vida.

Mas, como admitiu no documentário, para realizá-lo, teve que pedir ao clube que treinava na época, o Wuhan Zall, para interceder a seu favor junto à Federação Chinesa de Futebol (CFA), prometendo retribuir o favor uma vez nomeado.

Li afirmou que pagou dois milhões de yuanes (255 mil euros, ou R$ 1,3 milhão na cotação atual) em subornos ao então presidente da CFA, Chen Xuyuan, e mais um milhão (130 mil euros, ou R$ 670 mil) ao secretário-geral do órgão.

Pouco depois de sua nomeação, Li convocou quatro jogadores do Wuhan Zall que, como reconheceu o próprio presidente do clube no mesmo documentário, "não tinham nível" para defender a seleção.

Li Tie foi demitido em dezembro de 2021 após não conseguir classificar seu país para a Copa do Mundo de 2022 no Qatar.

As autoridades de combate à corrupção começaram a investigá-lo no final de 2022, o que levou à queda de uma dezena de altos dirigentes do futebol chinês, incluindo o ex-presidente Chen Xuyuan.

Indiciado por corrupção em setembro passado, Chen admitiu no documentário ter recebido quantias significativas de dinheiro de atores do futebol para interceder em favor de seus interesses.

"Quero pedir desculpas a todos os fãs de futebol na China", pediu diante das câmeras.

Esta investigação no futebol chinês faz parte de uma grande campanha de combate à corrupção iniciada pelo presidente Xi Jinping.

A China ambiciona ter uma seleção competitiva de futebol, mas continua no 79º lugar do ranking da Fifa, o mesmo nível de uma década atrás, e só participou de uma Copa do Mundo, em 2002.

Erramos: o texto foi alterado

O valor de 400 mil euros equivale a R$ 2,1 milhões, não bilhões, como afirmava incorretamente a versão anterior deste texto.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.