Espanhóis em Wembley celebram mística do Real Madrid, que vence 'aconteça o que acontecer'

Com 15 títulos, clube é o maior vencedor isolado, à frente do Milan, com sete

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Londres

Rodrigo Molina chegou ao estádio de Wembley segurando uma réplica da taça da Liga dos Campeões em papelão. Estava entre os milhares de espanhóis que vieram de Madri para a final. Tinha a certeza de que o título viria.

Entre torcedores, parece existir a percepção de que o time sempre consegue vencer, quase como um predestinado a ser campeão. Como entender o domínio na Champions?

Celia Poeolanc, Rodrigo Molina e o primo, torcedores do Real Madrid, na final da Champions League em Londres
Celia Poeolanc, Rodrigo Molina e o primo, torcedores do Real Madrid, na final da Champions League em Londres - Marina Izidro/Folhapress

"Não dá para explicar. Está no DNA do clube. Aconteça o que acontecer, vencemos, mesmo contra rivais que parecem melhores. Ter tantos títulos da Champions impõe respeito", disse Rodrigo à Folha.

"Há uma magia, há fé", afirmou a espanhola Celia Poeolanc. "Acredito sim nessa mística do Real Madrid."

O favoritismo era tanto que até torcedores do Borussia Dortmund estavam pessimistas. "Estou feliz de pelo menos não jogarmos contra o Bayern de Munique. Seria uma derrota mais dura", disse o alemão Tessilo Ehrenfried, que esteve na última final que o Dortmund disputou, em Wembley, em 2013, quando perdeu para os grandes rivais.

Tessilo Ehrenfried e a prima Vivian, torcedores do Borussia Dortmund, na final da Champions League em Londres
Tessilo Ehrenfried e a prima Vivian, torcedores do Borussia Dortmund, na final da Champions League em Londres - Marina Izidro/Folhapress

Para José Félix Díaz Fernández, jornalista do diário Marca, um ponto forte do Real Madrid é manter a calma para sair de situações difíceis. Os nervos foram colocados à prova contra a postura ofensiva do Borussia Dortmund até o gol de Carvajal, aos 29 minutos do segundo tempo. Vinícius Júnior fez 2 a 0 e selou a vitória.

"Fala-se muito da camisa, do DNA, e também há qualidade e confiança. Sem isso, não se ganha. Os rivais sabem que, em qualquer circunstância, o Real pode mudar a partida."

Fernández lembra o confronto de ida das quartas de final contra o Manchester City em que a equipe de Pep Guardiola marcou com menos de dois minutos de jogo. A partida terminou 3 a 3. "Outra equipe teria desmoronado, o Madrid se recuperou. Sinal de que os jogadores têm a cabeça forte."

Ter um técnico acostumado a vencer o torneio ajuda. Carlo Ancelotti agora tem sete títulos: três pelo Real Madrid e dois pelo Milan como treinador, e dois como jogador pelo clube italiano. Nesta semana, brincou que os deuses estariam ao lado dos espanhóis.

"Dizem que no (Santiago) Bernabéu há um Deus e ele veste branco. Talvez seja verdade, mas acho que Deus pune os erros. Se você erra, o Deus vestido de branco lhe pune", afirmou em entrevista ao jornal britânico The Times. Católico, disse, quando treinava o Chelsea, que não rezava para que o time ganhasse porque "Deus tem mais com o que se preocupar".

Depois da final, Ancelotti deu a sua versão de por que o time é quase imbatível.

"Acho que nesta temporada tivemos muitos problemas, perdemos jogadores de qualidade, mas compensamos isso sobretudo com sacrifício coletivo. Hoje foi igual. Essa Champions se ganhou com sacrifício e qualidade, ter só um dos dois não era suficiente. Essa equipe me deixa muito satisfeito, sempre jogamos no nosso máximo, nunca nos rendemos, lutamos."

A partida deste sábado foi a última de Toni Kroos com a camisa do Real Madrid depois de dez anos na equipe. Aos 34 anos, o alemão se aposenta depois da Eurocopa. Renovação não é problema para um dos clubes mais ricos do mundo.

Entre os jovens talentos, estão Vini Jr e Rodrygo, de 23 anos, e o inglês Jude Bellingham, de 20, que supriu a falta de Karim Benzema.

É parte da estratégia do presidente do clube, Florentino Pérez, que se elegeu pela primeira vez em 2000, ficou até 2006 e retornou em 2009. Na primeira gestão, formou os "galáticos", com Ronaldo, Beckham, Zidane e cia.

"Até 2006, a estratégia era diferente. Especialmente nos últimos sete, oito anos, ele tem apostado em jogadores jovens. Está demonstrando ser um bom plano", disse Fernández.

"O Real Madrid procura, analisa, pensa em quem quer. Não contrata por contratar. Nessa gama de jovens, está o Endrick", afirmou sobre a chegada do brasileiro de 17 anos. Segundo a imprensa francesa, Kylian Mbappé pode ser anunciado na segunda-feira (3).

Um clube que é o sonho de qualquer jogador. Mais um segredo para seguir conquistando troféus.

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