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Selo em homenagem a fundador fascista da Roma desencadeia protestos

Criador do clube da capital italiana foi militante ativo do partido de Benito Mussolini

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Matteo Negri
Roma | Reuters

Foi lançado nesta quinta-feira (6) um selo comemorativo em homenagem ao fundador da AS Roma, tradicional clube de futebol da Itália. A imagem de Italo Foschi foi revelada no Ministério da Indústria, provocando críticas de grupos judaicos e partidos de oposição.

Foschi fundou a equipe da Roma em 1927. Ele também foi um militante ativo no Partido Nacional Fascista, de Benito Mussolini, e esteve envolvido em vários ataques documentados contra oponentes políticos.

Ele foi temporariamente removido de cargos de liderança no partido por causa de seu gosto pela violência, apenas para ser reintegrado e posteriormente receber um cargo sênior na administração fascista estabelecida no norte da Itália, ocupado pelos nazistas em 1943.

"Italo Foschi não é simplesmente o fundador da AS Roma. Ele foi o homem de confiança que o fascismo italiano colocou no controle da cidade de Roma em 1923", disse Francesco Filippi, historiador especialista em fascismo.

Celebrá-lo com um selo é "de mau gosto, para dizer o mínimo", acrescentou Filippi, especialmente dada a proximidade com o centenário do assassinato do líder socialista Giacomo Matteotti, morto por capangas quando Foschi liderava os fascistas em Roma.

Torcedores da Roma balançam bandeira com imagem de Foschi - Odd Andersen - 31.mai.23/AFP

O Ministério da Indústria é chefiado por Adolfo Urso, membro do partido Irmãos da Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni, primeira chefe de governo da Itália ultradireitista desde o próprio Mussolini.

Urso não comentou a polêmica, mas seu ministério tentou minimizar a importância do selo por meio seu chefe de gabinete, Federico Eichberg. Este disse que o selo apenas celebra "uma família esportiva e seu fundador".

Tanto o ministério quanto a AS Roma rejeitaram qualquer motivação política por trás do selo, afirmando que a afiliação fascista de Foschi não foi levada em consideração.

No entanto, a comunidade judaica em Veneza disse que o novo selo enviou um sinal muito negativo, enquanto o Partido Democrático, de oposição de centro-esquerda, pediu que Urso revogasse "a vergonhosa decisão".

Urso não estava presente na cerimônia de revelação na quinta-feira, mas deve comparecer à apresentação de um selo comemorativo para Matteotti na próxima segunda-feira (10)– o centenário de seu assassinato.

O fascismo "foi um erro juvenil por parte de Foschi, como muitos outros", disse Eichberg, insistindo em minimizar a polêmica.

O historiador Filippi não concordou. Para ele, Foschi "foi um dos piores representantes do regime fascista italiano". "Dedicar um selo a ele é mais um tapa na cara da memória coletiva da Itália", concluiu.

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