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Regra anticoncussão e 'VAR' derrotam Rafaela no judô

Ex-campeã olímpica perde bronze por usar a cabeça como apoio no chão, regra criticada pelos puristas

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Paris

Uma regra recente, para evitar concussões, tirou o bronze da judoca Rafaela Silva nesta segunda-feira (29), nos Jogos de Paris. A arbitragem de vídeo puniu a brasileira por usar a cabeça como apoio no chão em um golpe, no "golden score" (período extra) do combate contra a japonesa Hakumi Funakubo, na categoria 57 kg.

Trata-se de um protocolo recente, que visa educar os jovens judocas a prevenir lesões na cabeça e no pescoço. Nestes Jogos, a federação internacional vem aplicando com rigor essa e outras novas regras, o que, para os puristas, desvirtua o espírito do judô.

Rafaela Silva (de branco) contra Eteri Liparteliani, da Geórgia, nos Jogos de Paris - Luis Robayo/AFP

Curiosamente, a própria Rafaela, campeã olímpica no Rio-2016, já se manifestou de forma crítica em relação a esse tipo de mudança, embora não especificamente à que provocou sua derrota. "Estão acabando com o judô", escreveu nas redes sociais em 2022.

Rafaela começou de forma arrasadora, derrotando rapidamente Maya Pardayeva, do Turcomenistão, e Eteri Liparteliani, da Geórgia, nas oitavas e nas quartas.

A disputa semifinal contra a sul-coreana Huh Mi-mi, terceira do ranking mundial, foi muito mais difícil, decidida no golden score. Rafaela revelou após a eliminação que sentiu dores no joelho esquerdo logo no início do combate. A lesão tirou sua confiança pelo resto da disputa.

"Logo na primeira entrada, que eu me desequilibrei e caí no chão, tentei avisar a treinadora [Andrea Berti]. Senti meu joelho e não consegui fazer mais nada", disse Rafaela, começando a chorar assim que terminou a frase.

"É porque é a minha perna do meu principal golpe, que é o uchi-mata. Eu falei para ela que estava com bastante dor. É uma lesão bem chata, o médico já tinha falado comigo que uma das principais coisas dessa lesão é a falta de confiança. Então eu estava sentindo bastante incômodo durante a luta", acrescentou, recompondo-se.

Rafaela queixou-se de uma decisão da arbitragem na semifinal, que não lhe atribuiu uma imobilização. "Eu tenho uma dificuldade de lutar com essa atleta da Coreia. No início achei até que tinha sido 'osaekomi'. Vou precisar rever também, porque não consegui ver o lance ainda."

Na final do Mundial de 2022, em Tashkent, no Uzbequistão, foi Rafaela quem saiu vitoriosa sobre a japonesa Funakubo.

A medalha de ouro ficou com a canadense Christa Deguchi, que derrotou Huh Mi-mi na final.

Rafaela agora já pensa na próxima edição olímpica em 2028: "São meus terceiros Jogos Olímpicos, mas não vou encerrar aqui hoje. Como eu já tinha falado, tenho o objetivo de ir até Los Angeles. Abdiquei do campeonato mundial, focada nessa medalha olímpica, treinei, estudei, foquei no meu trabalho, nas minhas adversárias, mas sabia que é uma competição dura. A medalha acaba sendo definida no detalhe. E hoje infelizmente o meu detalhe não valeu a pena."

No masculino, 73 kg, o brasileiro Daniel Cargnin, medalhista de bronze em Tóquio, foi eliminado na estreia pelo kosovar Akil Gjakova.

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