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Olimpíadas 2024

Recorde de pódios do Brasil em Paris pode depender de flecha, fita e bolinha

COB tem como meta superar Tóquio 2020, e chance cresce se modalidades que nunca 'medalharam' tiverem êxito

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Quatro atletas da equipe brasileira de ginástica rítmica fazem exibição com fitas e bolas no Centro de Esportes Coletivos de Santiago, no Chile, sede do Pan-Americano de 2023
Equipe brasileira de ginástica rítmica compete com fitas e bolas no Centro de Esportes Coletivos de Santiago, no Chile, sede do Pan-Americano de 2023 - Luisa Gonzalez/4.nov.2023/Reuters
São Paulo

Com a proximidade do começo das Olimpíadas de Paris, e com o número de participantes do Brasil definido (serão 276, com 153 mulheres e 123 homens), uma questão é pertinente: o que se espera deles na maior competição multiesportiva do mundo?

Em Tóquio 2020, Jogos realizados apenas em 2021 devido à pandemia de coronavírus, o Brasil teve 301 competidores e amealhou 21 medalhas, sua melhor marca histórica. Foram sete ouros, seis pratas e oito bronzes.

A quantidade de láureas douradas (sete) igualou o recorde das Olimpíadas anteriores, a do Rio-2016, quando o total de conquistas parou em 19 (com seis pratas, seis bronzes).

As 21 condecorações serviram para posicionar o Brasil na 12ª colocação no quadro de medalhas, seu melhor desempenho, superando o 13º lugar no Rio de Janeiro.

Medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 sobre uma mesa
Medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris, o sonho de todo atleta que competirá na França no evento multiesportivo deste ano - Bertrand Guay/25.jun.2024/AFP

E agora? Nos Jogos franceses, cuja cerimônia de abertura será na sexta-feira (26), é factível que a delegação nacional supere a performance vista no Japão?

Qual a expectativa do COB (Comitê Olímpico do Brasil)? Em quais atletas e modalidades a entidade aposta? Quais serão as surpresas positivas? Em que posição espera-se que o Brasil fique? O top 10 é possível?

Fiz essas perguntas ao comitê, e elas foram respondidas por email pelo diretor-geral do COB e chefe da Missão Brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris, Rogério Sampaio, 56.

"O COB tem sempre por objetivo evoluir em suas participações nas principais competições em que organiza a delegação brasileira", diz o ex-judoca, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Barcelona-1992. "Nosso produto é medalha."

A afirmação dele é reforçada pelo presidente do comitê, Paulo Wanderley, 73, ex-comandante da Confederação Brasileira de Judô e mandatário do COB desde 2017.

"A cada desafio, a cada edição de um evento multiesportivo, temos como meta suplantar os resultados anteriores", escreveu na apresentação do "Guia Time Brasil Paris 2024", publicação que traz informações sobre os esportistas do país que estarão nos Jogos franceses.

O presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley, discursa em Brasília
O presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley, discursa em Brasília em abril deste ano - Mauro Pimentel/17.abr.2024/AFP

Se ter desempenho superior ao de Tóquio é propósito declarado do COB, Sampaio não estipula, entretanto, o número de medalhas esperadas ou a posição que o comitê tem em mente para o Brasil nesta edição olímpica.

"A evolução não é medida apenas pelo número de medalhas. O COB leva em conta também o número de finais disputadas, a quantidade de modalidades que chegam a uma disputa de final e até mesmo a evolução de atletas e equipes durante a Missão."

O chefe do Time Brasil não mencionou um único esportista em que se deposita esperança de pódio, nem mesmo a ginasta Rebeca Andrade ou o canoísta Isaquias Queiroz, ambos medalha de ouro em Tóquio e nomes fortes e respeitados em seus esportes. Não citou também possíveis surpresas.

O dirigente prefere traçar um panorama geral do que espera do Time Brasil baseando-se em uma linha evolutiva em relação a Jogos anteriores e tendo como base resultados registrados em 2023.

No ano passado, de acordo com ele, destacaram-se ginástica (artística, principalmente, e rítmica), atletismo, boxe, judô, surfe, skate, taekwondo, tiro com arco e vôlei de praia. "Essas modalidades estão se projetando como candidatas a medalha em Paris."

Com os olhos fechamos, a ginasta Rebeca Andrade segura com a mão direita a medalha de ouro conquistada na trave nos Jogos Pan-Americanos de 2023, em Santiago, no Chile, e dá um beijo nela
A ginasta Rebeca Andrade beija o ouro conquistado na trave nos Jogos Pan-Americanos de 2023, em Santiago, no Chile - Agustin Marcarian/25.out.2023/Reuters

"Medalha a gente sempre quer, mas eu gosto sempre de pensar que o resultado é consequência do que eu faço [nos treinos] todos os dias e muito do que eu vou fazer na competição também. Mas eu espero que venham muitas medalhas" disse à Folha Rebeca Andrade.

A ginasta de 25 anos, que ganhou um ouro (salto) e uma prata (individual geral) nas Olimpíadas em 2021 e é dona de nove medalhas em Mundiais, buscará seis pódios (cinco em provas individuais e um com a equipe) na capital francesa.

Caso a principal estrela do Brasil em Paris seja muito bem-sucedida, ultrapassar a marca de 21 pódios ficará bem menos difícil.

Se não, com a suposição de que tanto a ginástica como os outros esportes que "medalharam" em Tóquio repitam suas performances, o país possivelmente dependerá de modalidades que jamais ganharam ouro, prata ou bronze em Olimpíadas.

Em sua projeção, Sampaio deu a entender que uma melhora na classificação olímpica brasileira virá se o país conseguir medalhas em mais modalidades –em Paris, haverá brasileiros em 39 das 48– do que em edições anteriores.

De acordo com o ex-judoca, "o Brasil vem incrementando o número de modalidades com medalhas olímpicas a cada edição de Jogos Olímpicos, de maneira gradual e perene".

Rogério Sampaio, diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil, durante o Pan-Americano de 2023, no Chile
Rogério Sampaio, diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil, durante o Pan-Americano de 2023, no Chile - Alexandre Loureiro/19.out.2023/COB

Até Atenas 2004, o país havia ido ao pódio em 11 modalidades: atletismo, basquete, boxe, futebol, hipismo (saltos), judô, natação, tiro esportivo, vela, vôlei e vôlei de praia.

Desde então, o progresso mostrou-se evidente.

"A partir daí, em todas as edições de Jogos Olímpicos, o país subiu ao pódio em alguma modalidade nova", afirma Sampaio. "Em Pequim 2008, foi o taekwondo; em Londres 2012, ginástica artística e pentatlo moderno; na Rio 2016, águas abertas e canoagem velocidade; e em Tóquio 2020, skate, surfe e tênis."

Agora, em Paris, os esportes mais cotados para "perder a virgindade" de pódio são tiro com arco (o equipamento são o arco e a flecha), ginástica rítmica (apresentações com fita, maças, arco, bola e corda) e tênis de mesa (raquete mais bolinha, o popular pingue-pongue).

Marcus D’Almeida é o líder do ranking mundial de tiro com arco; a equipe de ginástica rítmica terminou em quinto e sexto lugar nos dois Mundiais mais recentes; e Hugo Calderano ocupa a sexta posição no ranking do tênis de mesa.

"Nas últimas sete edições de Jogos Olímpicos", conclui Sampaio, recorrendo à estatística para falar sobre o quadro de medalhas, "58% dos países que ficaram do quarto ao décimo lugar tiveram de 10 a 15 modalidades no pódio".

Em Tóquio 2020, o Brasil "medalhou" em 13 (atletismo, boxe, canoagem velocidade, futebol, ginástica artística, judô, maratona aquática, natação, skate, surfe, tênis, vela e vôlei), num passado olímpico recente que faz do top 10, teoricamente, um sonho não tão distante.

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