Biles e Jordan festejam Rebeca e o 'black podium'

Americanas reverenciam colega brasileira e sublinham que a ginástica agora tem um pódio negro

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Três atletas estão no pódio, segurando suas medalhas. A atleta do meio, que usa um uniforme amarelo e verde, exibe uma medalha de ouro. As outras duas atletas, à esquerda e à direita, usam uniformes escuros e seguram medalhas de prata e bronze, respectivamente. O fundo é desfocado, sugerindo um ambiente de competição.

As medalhistas na prova de solo das Olimpíadas de Paris: Simone Biles (prata), Rebeca Andrade (ouro) e Jordan Chiles (bronze) - Cao Can

Paris

"All black podium." Um pódio olímpico da ginástica apenas com mulheres negras não escapou da observação de Simone Biles. "Rebeca? Ela é incrível, ela é uma rainha. E, antes de tudo, foi um pódio todo negro, foi muito empolgante para nós."

A pergunta era sobre a reverência que ela e Jordan Chiles, prata e bronze no solo, fizeram nesta segunda-feira (5) a Rebeca Andrade na hora em que a brasileira subiu ao pódio na Arena Bercy para receber o ouro.

Biles, que na semana passada esculachou Donald Trump ao falar que seu "black job" era ganhar medalhas olímpicas, não perdeu a oportunidade de voltar ao tema após conquistar seu 11º pódio em Jogos. No debate com Joe Biden em junho, o ex-presidente candidato afirmou que imigrantes estavam tirando empregos negros e hispânicos dos americanos.

"Eu amo o meu emprego negro", escreveu a ginasta no X, em resposta ao cantor Rick Davila, que festejava seu ouro no individual geral fazendo referência à frase Trump.

A imagem mostra uma cerimônia de premiação olímpica. No centro, um atleta está em pé no pódio, levantando os braços em sinal de vitória. Ele usa uma roupa amarela e cinza. À esquerda e à direita, dois outros atletas estão agachados, segurando bastões. Todos estão em um pódio com o logotipo dos Jogos Olímpicos visível.
Simone Biles e Jordan Chiles (ambas dos EUA) reverenciam a campeã olímpica Rebeca Andrade - Athit Perawongmetha/REUTERS

"Jordan me falou ‘vamos nos curvar para ela?’, e eu disse ‘claro’. Aí olhamos uma para outra e falamos: 'vamos fazer agora'. E fizemos", contou Biles. "Foi muito emocionante assisti-la, ver como o público torcia por ela. Era a coisa certa a fazer. Ela é rainha", disse a americana sobre Rebeca, ao fim da prova de solo.

Chiles, que festejou até a execução do hino brasileiro com um sutil balançar do corpo, disse que a nova rainha da ginástica merecia, porque "ela é um ícone, uma lenda". "É o que todo mundo deveria fazer. Reconhecer quem trabalha, quem se dedica. E, sim, era um pódio totalmente negro. "Retribuir é o que deixa tudo tão bonito. Achei que era necessário."

Rebeca ainda não estava na sala de entrevistas para ouvir tantos elogios. Quando chegou, suas mais novas súditas já tinham deixado o recinto. Indagada sobre o pódio negro, a brasileira lembrou que as três já tinham feito um no Mundial. "Poder repetir isso agora, em uma Olimpíada, onde o mundo inteiro está vendo a gente, é mostrar a potência dos negros, mostrar que, independentemente das dificuldades, a gente pode sim fazer acontecer; que ou as pessoas aplaudem ou elas engolem, sabe?"

Três atletas estão em um pódio olímpico. No centro, uma atleta vestindo um uniforme amarelo e verde está recebendo as mãos de duas atletas, uma à esquerda vestindo um uniforme azul e outra à direita com um uniforme azul escuro e uma medalha ao redor do pescoço. O fundo mostra uma multidão assistindo ao evento.
A brasileira Rebeca Andrade (ao centro) de mãos dadas com Simone Biles (à esq.) e Jordan Chiles, ambas dos EUA

"Foi lindo, estou muito orgulhosa. Eu me amo, eu amo a cor da minha pele, mas também não me fecho só nisso. Eu sei que tem vários outros pontos da Rebeca, tem vários outros pontos da Jordan, da Simone, de várias atletas, não só da ginástica, de atletas negras, de poder incentivar. De continuar mostrando que, talvez seja difícil, mas se é o seu sonho, ninguém tem o direito de falar não para você."

Rebeca lembrou também de Daiane dos Santos, a pioneira de uma geração que mudou a ginástica artística brasileira de patamar. "Ela foi uma grande referência para mim, porque era com quem eu me identificava. É muito bom quando a gente tem um espelho."

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