A espera do Brasil pela primeira medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris foi maior que nas três edições mais recentes do maior evento multiesportivo do planeta.
Na quinta-feira (1º), completados seis dias de disputas que ofereceram medalhas, o Brasil se via zerado e na 30ª posição no quadro qualitativo de medalhas, então liderado por China (11 ouros) e EUA (9 ouros).
A medalha dourada veio bem rápido em Londres-2012, com a judoca Sarah Menezes, campeã logo no primeiro dia, e mais rápido que agora tanto no Rio-2016, no terceiro dia (Rafaela Silva, no judô), como em Tóquio-2020, no quarto dia (Ítalo Ferreira, no surfe).
Nesta sexta-feira (2), surgiu o alívio para a delegação brasileira, com mais de 270 esportistas na França.
A judoca peso-pesado (acima de 78 kg) Beatriz Souza ganhou suas quatro lutas e entrou para a história do esporte nacional. A paulista, na final, superou com um waza-ari (golpe quase perfeito) a israelense Raz Hershko.
Assim, a equipe olímpica nacional está com três pratas (Willian Lima, no judô, Caio Confim, no atletismo, e Rebeca Andrade, na ginástica) e três bronzes (Larissa Pimenta, no judô, Rayssa Leal, no skate, e equipe da ginástica artística feminina), mais o ouro de Beatriz.
Assim, o Brasil igualou o tempo de espera para atingir esse patamar de Pequim-2008, quando o nadador Cesar Cielo (50 m livre) faturou o primeiro ouro nacional no sétimo dia de distribuição de medalhas.
Os últimos Jogos Olímpicos em que o Brasil ficou sem ouvir seu hino no pódio foram os de Sydney-2000. Na Austrália, o total de ouros foi zero.
Daqui em diante nestes Jogos, que vão até o dia 11 (domingo), haverá a tentativa de uma arrancada dourada para alcançar, ou até superar, os ouros do Rio e de Tóquio.
A segunda metade das Olimpíadas é a parte na qual o Brasil tem conquistado mais láureas douradas.
No Brasil, oito anos atrás, a partir do décimo dia (de um total de 16) da oferta de medalhas, saíram 6 dos 7 ouros. Em Tóquio, há três anos, 6 dos 7 vieram a partir do nono dia —3 deles no 15º, o penúltimo.
Daqui em diante, o país deposita as maiores esperanças de ouro nos campeões olímpicos em Tóquio-2020 Isaquias Queiroz (canoagem velocidade) e Ana Marcela Cunha (maratona aquática), em Marcus D’Almeida (tiro com arco), na seleção feminina de vôlei e em uma das duplas femininas de vôlei de praia (Ana Patrícia/Duda e Carol/Bárbara).
Além deles, há a convincente Rebeca, outra campeã olímpica em Tóquio, em três finais (salto, trave e solo), os surfistas Gabriel Medina (em excelente momento) e Tatiana Weston-Webb, que estão nas semifinais, e a pugilista Bia Ferreira (prata em Tóquio), também semifinalista.
Com menos chance de triunfar, aparece Alison dos Santos, o Piu (400 m com barreiras do atletismo). O mesa-tenista Hugo Calderano, que vinha bem, perdeu na semifinal.
No cenário atual, o Brasil ainda enxerga de binóculos as sete medalhas douradas de Tóquio e do Rio, recordes qualitativos da nação.
Para igualar ou até passar essa marca, deverá contar com uma disparada, em termos de excelência esportiva, na parte final das competições em Paris-2024.
Neste sábado (3), há duas chances reais de ouro: Rebeca competirá no salto e os surfistas Medina e Tatiana mergulham nas águas do Taiti.
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