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Piu cresce em Paris e, 'com raiva', ganha o bronze nos 400 com barreiras

Brasileiro Alison dos Santos repete mesmo resultado de Tóquio-2020

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Alison dos Santos celebra o bronze nos 400 m com barreiras - Kai Pfaffenbach / REUTERS

Paris

Alison dos Santos, o Piu, apareceu para a final olímpica dos 400 metros com barreiras com os cabelos pintados de roxo. "A pista é roxa, praticamente toda a tematização dos Jogos Olímpicos foi roxa também, e minha cor favorita é roxa. Então eu falei: Ah, por que não, tá ligado?"

Se os cabelos na cor da pista o ajudaram a se sentir mais à vontade, o fato é que ele saiu do Stade de France com a segunda medalha de bronze no peito, repetindo o resultado de Tóquio.

Seu tempo foi de 47s26. Ouro e prata ficaram com seus grandes rivais, que inverteram as posições do pódio de Tóquio. Desta vez, o ouro ficou com o americano Rai Benjamin, em 46s46, e a prata com o norueguês Karsten Warholm, em 47s06.

Enrolado na bandeira do Brasil, Piu festeja sua medalha em Paris - Phil Noble/Reuters

Nos últimos cinco anos, a prova dos 400 metros com barreiras foi inteiramente dominada por Warholm, Benjamin e Piu, como raramente se viu na história do atletismo. Até a final desta sexta, eles eram detentores de 34 das 36 melhores marcas de todos os tempos.

Warholm disse que fez uma boa corrida até os 300 metros, mas depois perdeu energia. Parabenizou Benjamin pela vitória: "Aqui não é caridade. Todo mundo está fazendo o que pode para ser o melhor cara do dia, e hoje foi ele."

O francês Clément Ducos, esperança francesa de medalha no atletismo - até agora os anfitriões não ganharam nenhuma -, ficou em quarto lugar. Depois da prova, chorou inconsolável: "Eu queria tanto essa medalha, é duro."

Na semifinal, depois de chegar à frente de Piu, Ducos insinuou que o brasileiro não estava "na mesma forma de antes".

"Ah, não vou responder nada pra ele", disse Piu sobre a declaração do francês. "Eu realmente vi esse comentário, mas... tô no pódio. É isso que eu tenho pra falar. O atletismo é simples, é quem passar a linha ali, é democrático."

Imagem aérea de uma pista de atletismo com os anéis olímpicos desenhados no centro. Quatro atletas estão correndo em diferentes raias, com um fundo roxo. A pista possui linhas amarelas que delimitam as raias.
Rai Benjamin (EUA) em primeiro lugar (à dir.), seguido do norueguês Karsten Warholm e do brasileiro Alison dos Santos, o Piu - Fabrizio Bensch/Reuters

Após a semifinal, em que Piu ficou em terceiro e quase foi eliminado, o brasileiro teve uma conversa "de pai para filho" com o treinador Felipe Siqueira. E decidiu "dar uma desligada" das redes sociais. "As pessoas falam muita bosta lá. Tem muita gente que tá comendo batata de trás do sofá, que não consegue correr 10 metros que vai ter um infarto, e tá falando merda da gente", disse Piu, em tom bem-humorado.

Com duas medalhas olímpicas aos 24 anos, Piu já pensa nas próximas competições. "Quero continuar aproveitando. Aprendi muito com esses Jogos Olímpicos. Não deixar a pressão subir pra cabeça, que eu não devo nada a ninguém. Vou chegar mais leve para o Campeonato Mundial, ano que vem, para 2026, 2027 e 2028 também."

OUTROS RESULTADOS

Outro brasileiro disputando final nesta sexta foi Almir Júnior, no salto triplo. Com apenas 16,41 metros após os três primeiros saltos, ele ficou fora da disputa por medalha e terminou em 11º lugar entre os doze finalistas.

Depois da prova, ainda na pista do Stade de France, Almir pediu em casamento a namorada, a influenciadora Talita Ramos. Ela disse sim. "Pensei: ou vai ou racha", explicou Almir. Dois dias antes, a francesa Alice Finot, quarta colocada nos 3.000 metros steeplechase, tinha pedido em casamento seu companheiro, também na pista.

Curiosamente, os três medalhistas do salto triplo nasceram em Cuba, mas competem por outros países. O ouro ficou com Jordan Díaz, da Espanha, que obteve 17,86 metros logo em sua primeira tentativa. Quem chegou mais perto dele, apenas 2 centímetros a menos, foi Pedro Pichardo, de Portugal, ouro em Tóquio. O bronze ficou com Andy Díaz, da Itália.

Nas outras finais do dia, o grande destaque foi a belga Nafi Thiam, 29, que conquistou um inédito tricampeonato olímpico do heptatlo. Ela superou, com os três ouros, uma lenda do atletismo, a americana Jackie Joyner-Kersee, detentora de dois ouros (1988 e 1992) e uma prata (1984).

Em outra final feminina, a dos 400 metros rasos, a dominicana Marileidy Paulino, 27, conquistou o terceiro ouro olímpico de toda a história de seu país. Ela tinha sido prata em Tóquio. Marileidy quebrou o recorde olímpico (48s17).

A noite de sexta também foi a dos revezamentos 4 x 100 metros feminino e masculino. No feminino, as norte-americanas recuperaram o título perdido para a Jamaica em Tóquio, graças à arrancada de Sha'carri Richardson nos 100 metros finais, que deixou para trás britânicas e alemãs.

No masculino, os EUA foram desclassificados por um erro na primeira passagem do bastão, entre Christian Coleman e o medalhista de prata dos 200 metros, Kenny Bednarek. O Canadá ficou com o ouro, e África do Sul e Grã-Bretanha completaram o pódio.

O destaque canadense no revezamento foi Andre De Grasse, 29, que conquistou sua sétima medalha olímpica, e segunda de ouro (venceu os 200 metros em Tóquio).

A derrota norte-americana prolonga uma escrita: desde Sydney-2000 os EUA não vencem no masculino, e desde a prata em Atenas-2004 nunca mais subiram ao pódio no 4 x 100 metros masculino.


Resultado final dos 400 metros com barreiras

Ouro - Rai Benjamin (EUA) - 46s46
Prata - Karsten Warholm (NOR) - 47s06
Bronze - Alison dos Santos (BRA) - 47s26
4 - Clement Ducos (FRA) - 47s76
5 - Kyron McMaster (IVB) - 47s79
6 - Abderrahman Samba (QAT) - 47s98
7 - Rasmus Magi (EST) - 52s53
9 - Roshawn Clarke (JAM) - Não concluiu


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