Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Ana Patrícia e Duda levam ouro em noite memorável aos pés da Torre Eiffel

Brasileiras batem canadenses na arena montada em frente ao monumento e são campeãs olímpicas de vôlei de praia

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Duas mulheres sorridentes estão segurando a bandeira do Brasil. Elas vestem tops amarelos com detalhes verdes e estão em um ambiente festivo, possivelmente em um evento esportivo. O fundo mostra uma multidão, sugerindo uma atmosfera de celebração.

Duda e Ana Patrícia agora são campeãs olímpicas - Carl de Souza / AFP

Paris

Sempre que virem a Torre Eiffel, pelo resto de suas vidas, Ana Patrícia e Duda terão na cabeça uma doce memória. Em frente ao monumento, provavelmente o cartão-postal mais famoso do planeta, elas conquistaram na noite francesa de sexta-feira (9) a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris.

Na decisão do torneio feminino do vôlei de praia, as brasileiras derrotaram as canadenses Melissa Humana-Paredes e Brandie Wilkerson por sets 2 sets a 1, parciais de 26/24, 12/21 e 15/10. Para festa da parcela do público que vestia amarelo no Stade Tour Eiffel, arena provisória montada para o megaevento esportivo, elas se impuseram nos momentos decisivos e triunfaram.

"É tanta coisa que passa na cabeça. É a realização de um grande sonho. Fiquei paralisada, né? Até agora estou tentando processar, mas é uma felicidade que não cabe dentro da gente. Foi para isso que a gente trabalhou. Tivemoso privilégio de celebrar neste lugar tão icônico", afirmou Ana Patrícia. "Também não estou acreditando", emendou Duda.

As amigas deixaram para trás, assim, um questionamento que se cansaram de ouvir ao fim dos Jogos de Tóquio, em 2021, a primeira edição olímpica sem medalha brasileira no vôlei de praia desde a inclusão da modalidade no programa, em 1996. Elas tinham companheiras diferentes na ocasião e em seguida decidiram juntar forças, mais uma vez, para construir outra história.

Duda (à esq) celebra ouro com a incrédula Ana Patrícia - Esa Alexander/Reuters

A parceria não era uma novidade para a mineira Ana Patrícia e a sergipana Duda, que atuaram juntas nas categorias menores e, há dez anos, adolescentes, conquistaram o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim. Agora, ambas aos 26 anos, subiram juntas ao topo do pódio olímpico principal.

"Ela me abraçou desde sempre. A galera, às vezes, fala: ‘Você é a melhor do mundo’. Eu digo: ‘Não, é a Duda’. Eu só preciso ser a melhor parceira do mundo", afirmou repetidas vezes Ana Patrícia ao longo dos últimos dias. "A Patrícia é uma pessoa boa, uma pessoa que luta, que quer fazer o melhor. Só quem a conhece sabe quem ela é de verdade", respondeu Duda.

A amizade foi decisiva na retomada da dupla, que se uniu para apagar a frustração de Tóquio, e a decepção japonesa se mostrou um combustível para ótimos resultados. Em 2022, as brasileiras venceram o Mundial, em Roma. Em 2023, ficaram com o vice mundial, em Tlaxcala, e levaram o ouro nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago.

Elas chegaram a Paris como líderes do ranking da FIVB (Federação Internacional de Voleibol) e com um inegável favoritismo. Souberam lidar bem com ele ao do torneio e avançaram às semifinais sem perder nenhum set. Então, precisaram virar uma partida dura contra as australianas Mariafe Artacho del Solar e Taliqua Clancy.

"Quando a gente chegou aqui, estava todo o mundo nessa coisa de 'vocês são ranking 1, são favoritas'. Mas do primeiro ao último jogo a gente entrou com a mesma cabeça: tinha que fazer o melhor, porque ranking nenhum vai fazer a gente vencer as partidas se as coisas não forem encaradas da melhor maneira", disse Ana Patrícia.

Na decisão, as rivais foram Humana-Paredes e Wilkerson, sétimas colocadas do ranking, que derrubaram no caminho até o confronto derradeiro as norte-americanas Taryn Kloth e Kristen Nuss, parceria número dois do mundo. E as canadenses entraram em quadra dispostas a criar dificuldades à dupla número um.

Aproveitando-se de dificuldades de Duda na recepção, elas começaram a partida de maneira mais firme e logo abriram 8 a 2, com ótimos ataques de Wilkerson, e mantiveram essa vantagem até o 13 a 7. Aí, Ana Patrícia e Duda acharam o tempo da bola e subiram, degrau a degrau, até o empate em 17 a 17.

A reação teve um momento em que Ana Patrícia usou a cabeça para amortecer uma bola, antes de receber o levantamento de Duda para explorar o bloqueio– e usar corretamente o desafio de vídeo. Houve equilíbrio na reta final da parcial, fechada em 26 a 24 em uma jogada de habilidade, com manchete decisiva de Duda.

As canadenses, no entanto, responderam muito bem. Deslancharam no segundo set, em momento de instabilidade das brasileiras, que passaram a ter muita dificuldade para virar bolas e foram superadas com facilidade, levando 21 a 12. Tudo ficou para o tie-break, em um clima de tensão no Stade Tour Eiffel.

Ana Patrícia encarou Brandie Wilkerson e riu por último - Esa Alexander/Reuters

Duda e Ana Patrícia mostraram calma para retomar o controle da partida e mostraram também firmeza para enfrentar a catimba das adversárias. Ana Patrícia chegou a apontar o dedo no rosto de Wilkerson, pela rede, na celebração de um ponto. O responsável pela trilha sonora da arena botou "Imagine", de John Lennon, nas caixas de som, o que descontraiu um pouco o momento.

As quatro atletas riram da situação após a final, referindo-se à discussão como uma situação normal de jogo, com os ânimos exaltados na briga pelo topo do pódio. Elas trocaram palavras de respeito mútuo e até brincaram sobre os planos para a próxima semana, de merecido descanso. Só duas delas terão medalhas de ouro para mostrar.

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