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Olimpíadas 2024

Recepção desastrosa marca queda da seleção feminina de vôlei em Paris-2024

Na semifinal contra os EUA, Ana Cristina esteve muito mal e nem as líberos executaram com sucesso o fundamento

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São Paulo

O início do ataque no vôlei, para o time que não está sacando, começa na recepção.

Uma recepção bem-feita, na qual a bola chega "redonda" nas mãos da levantadora, próxima mas não grudada na rede, aumenta significativamente a chance de quem atacar receber um passe de qualidade, o que por conseguinte amplia a chance de sucesso na definição.

Nesta quinta-feira (8), nas semifinais das Olimpíadas de Paris, quase todas as jogadoras da seleção brasileira feminina de vôlei que receberam saques das norte-americanas mostraram eficiência pífia.

Abraçando uma companheira de time, a ponta Julia Bergmann vai às lágrimas com a derrota da seleção brasileira feminina de vôlei para os EUA na semifinal das Olimpíadas de Paris
A ponta Julia Bergmann vai às lágrimas com a derrota da seleção brasileira feminina de vôlei, por 3 sets a 2, para os EUA na semifinal das Olimpíadas, na Arena Paris Sul - Natalia Kolesnimoca - 8.ago.2024/AFP

No vôlei, as responsáveis por fazer a recepção do saque são as ponteiras (duas) e a líbero, que é as especialistas em defesa. No caso do Brasil, Gabi, Ana Cristina (pontas) e Nyeme (líbero). A levantadora, a meio de rede e a oposto (especialista em ataque), ficam livres da função.

Sabidamente, Ana Cristina, uma ótima atacante, tem deficiência na recepção. E diante dos EUA, que a visavam no saque, a imperfeição se escancarou.

Foram 25 bolas na direção dela, e em apenas nove vezes (36%) ela executou o passe com exatidão.

Ou seja, perto de duas de cada três bolas recebidas por Ana Cristina ou não chegaram adequadamente à levantadora (Roberta ou Macris) ou resultaram em ponto direto para as adversárias.

A líbero Nyeme, que nos outros quatro jogos do Brasil em Paris-2024 teve pelo menos 71% de acerto na recepção dos saques (mais de 80% diante do Japão), na semifinal viu a porcentagem despencar para 45%.

Das 40 bolas sacadas em Nyeme, ela falhou em 22.

A única receptora que esteve bem foi a capitã da equipe, Gabi, que acertou 13 das 15 bolas a ela direcionadas no saque pelas norte-americanas.

Ciente da deficiência de Ana Cristina no fundamento, e notando que ela estava com muita dificuldade na semifinal, o técnico Zé Roberto, em três dos cinco sets, utilizou a segunda líbero à disposição, Natinha, junto com Nyeme, para tentar melhorar a recepção.

Não adiantou. Natinha só conseguiu 40% de aproveitamento (4 de 10 recepções perfeitas).

A outra reserva que teve participação no início de cada jogada de ataque do Brasil foi Julia Bergmann, utilizada brevemente no terceiro set e com 50% de acerto (1 de 2).

As falhas na recepção brasileira surpreendem porque o saque norte-americano não é tão forte. O que atingiu maior velocidade, de Andrea Drews, atingiu 72 km/h. Ana Cristina chegou a 99 km/h em uma das tentativas.

Gabi, capitã do Brasil, tenta superar bloqueio duplo dos Estados Unidos na semifinal do vôlei dos Jogos Olímpicos de em Paris
Gabi, capitã do Brasil, tenta superar bloqueio dos EUA na semifinal do vôlei em Paris-2024; ela não esteve bem no ataque nessa partida - Natalia Kolniskova - 8.ago.2024/AFP

Única efetiva na recepção, Gabi fracassou no ataque. Seu aproveitamento foi de 32% (15 pontos em 47 ataques), ligeiramente inferior ao de Rosamaria, a oposto (33%, 12 de 36), e bem abaixo ao de Ana Cristina (50%, 22 de 44). Ficou acima somente ao da oposto reserva, Tainara (29%, 2 de 7).

Diante da República Dominicana, nas quartas de final, Gabi marcou 16 pontos em 33 ataques, eficácia próxima a 50%.

Com as bolas pelas pontas não funcionando, faltou ao Brasil a percepção de que pelo meio estava dando certo e que esse tipo de ataque poderia ser mais explorado.

As duas centrais, pouco acionadas, tiveram alto índice de aproveitamento, 67% cada uma. Thaísa acertou 8 de 12 ataques, e Ana Carolina, a Carolana, 2 de 3.

Carolana recebeu tão poucas bolas que marcou mais pontos de bloqueios que de ataque (4 x 2).

Ressalte-se que os ataques pelo meio, sempre em alta velocidade, só conseguem ser executados se a levantadora está bem posicionada para acionar a central –se a recepção é falha, essa jogada acaba descartada, e a bola alta, nas pontas, se torna a solução.

Por fim, o saque do Brasil não funcionou com a efetividade desejada contra os EUA: só 2 de um total de 100 resultaram em ponto direto. Na partida anterior, diante das dominicanas, tinham sido 5 em 73 tentativas.

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