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Excluído da Copa, Suárez herdou o pavio curto do pai

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Depois da sanção da Fifa a Luis Suárez, o Uruguai se mobilizou mais do que durante os jogos, quando até bancos e farmácias fecham.

É que "Luisito", "o Pistoleiro", "o Matador", "Lucho", como é chamado carinhosamente no país, além de ser o maior goleador que a Celeste levou a esta Copa, também é visto como uma espécie de representante máximo da célebre "garra charrúa" (conceito tão caro para a identidade local como o da diversidade no Brasil) mundo afora, a capacidade celebrada pelos uruguaios de vencer contra todas as previsões e obstáculos, somente pelo esforço.

Após uma espera que durou a noite inteira de quinta-feira (26), com engarrafamentos nas ruas próximas ao aeroporto internacional do Uruguai –até o presidente José Mujica se fez presente–, o atacante chegou discretamente, às cinco da manhã.

Em 24 horas, organizaram-se marchas, realizaram-se panelaços em bairros de Montevidéu, personalidades manifestaram apoio a Suárez e até petições internacionais foram abertas, no intuito de reverter a decisão da Fifa.

O país inteiro fala de Suárez. Ele guarda silêncio.

Ao longo da tarde desta sexta (27), uruguaios passaram pela casa dele para lhe manifestar apoio. Por volta das 14h, Suárez apareceu na varanda sorrindo e carregando nos braços os dois filhos, Delfina e Benjamín.

'CACHORRO SUÁREZ'

O que a princípio era visto como uma "suposta mordida", um detalhe que não deveria "ofuscar a vitória do Uruguai sobre a Itália", depois virou um "erro" admitido pela imprensa local, mas punido "exageradamente".

Na ótica uruguaia, jornalistas ingleses são os grandes responsáveis por uma "campanha de perseguição" a Suárez, astro do Liverpool, que resultou em sua expulsão da Copa –está suspenso de nove jogos do Uruguai e de quatro meses do futebol após morder Chiellini, da Itália.

E a tese de que o país, pequeno e com pouco poder econômico, é vítima de complôs que visam tirá-lo do caminho de equipes como o brasileira, dona da casa, ganha força. Na TV, nas ruas, nos jornais, nas redes sociais, o "medo" que os brasileiros teriam do Uruguai com Suárez é argumento corrente.

Aos 27 anos, ele é uma espécie de "Macunaíma" da República Oriental, ao representar algumas das características que definem a identidade do uruguaio comum.

Menino pobre nascido em Salto, a 500 km da capital, cresceu em uma família com cinco irmãos que precisavam recolher as laranjas do quintal para trocar por alimentos.

Em busca de uma melhora financeira, a mãe vira faxineira em Montevidéu e se separa do marido, um soldado dado a ataques de bebedeira.

Conhecido pelos amigos como o "Cachorro Suárez", devido ao fato de atacar sem dó nem piedade os calcanhares dos adversários quando jogava futebol no time do Exército no interior, o pai do "Matador" se distancia da família, e a mãe passa a viver em uma pensão com os filhos. Na época, chegam a ficar por três dias à base apenas de "chimarrão com pão".

O pavio curto de Suárez filho nunca foi novidade. Segundo Paolo, irmão mais velho, até quando jogam cartas o "Pistoleiro" chega a bater na mesa quando não ganha.

POR SOFÍA

"Suárez é muito querido no Uruguai não só pelas alegrias que dá no futebol, mas por representar o sentimento uruguaio com relação à camisa. Construiu a si próprio, e por amor. O futebol foi uma ferramenta para chegar a Sofía", diz a escritora Ana Laura Lissardy, em relação à mulher e única namorada do jogador.

Eles se conheceram quando ele tinha 15, e ela, 12 anos. Sofía emigrou para a Espanha e a necessidade de estar próximo da namorada na Europa foi o impulso principal em sua carreira no futebol, para poder estar a seu lado.

Representantes do Groeningen, da Holanda, o viram atuar pelo Nacional, em 2006, e decidiram contratá-lo. Os gols carimbaram a passagem para um grande holandês, o Ajax, e para o Liverpool.

Sofia é a razão para a mudança na sua sorte –de adolescente rebelde e indisciplinado a jogador concentrado. É por isso que a cada gol beija o anel de casamento, bem como a tatuagem no pulso, onde está escrito o nome da filha, e faz o número 3, em alusão ao segundo filho.

Suárez superou o físico franzino, a separação dos pais, críticas de técnicos –perdia gols, catimbava. Precisa superar agora o "impulso" de morder, uma reação que "precisa ser trabalhada", de acordo com a psicóloga uruguaia Silvana Giachero.

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