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15/02/2005
-
06h30
ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília
A eleição para a presidência da Câmara, que começou com um racha dentro do PT, terminou na maior derrota do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. Com 300 votos dos 498 deputados presentes, foi eleito nesta manhã novo presidente da Casa o candidato independente Severino Cavalcanti (PP-PE), que construiu sua candidatura com a promessa de elevar salários e de melhorar as condições de atuação dos colegas congressistas.
O candidato oficial, Luiz Eduardo Greenhalgh, só teve 195 votos --menos que os 207 obtidos no primeiro turno, três horas antes. Houve ainda um voto em branco e dois nulos.
Na votação do primeiro turno, Greenhalgh teve 207 votos; Severino Cavalcanti somou 124 votos; o canditato avulso Virgilio Guimarães (PT-MG) teve 117 votos; José Carlos Aleluia (PFL-BA) contou com 53 votos e Jair Bolsonaro (PFL-RJ), com 2 votos. Votaram em branco três deputados e nulo, outros quatro.
Severino Cavalcanti vai presidir a Câmara dos Deputados no biênio 2005-2006. O deputado fez decolar sua candidatura após a insistência do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) em manter sua candidatura avulsa mesmo após o PT ter definido Luiz Eduardo Greenhalgh como seu indicado oficial.
Foi a primeira vez que um candidato independente, que pouco contou com o suporte de seu próprio partido, venceu a eleição para a presidência da Câmara.
O presidente da Câmara é o primeiro a substituir o presidente da República na ausência de seu vice. Nas mãos do presidente, está o poder de determinar a pauta da Câmara e controlar todas as votações da Casa.
Fora da presidência da Câmara, o PT terá de negociar pesado para ter o controle da pauta, apesar de ter a maior bancada e a maior presença nas comissões permanentes.
Negociações
Com o risco de Severino Cavalcanti levar a presidência da Câmara, as negociações foram intensas durante toda a madrugada.
Severino foi pessoalmente ao gabinete de cada liderança partidária para pedir apoio a sua candidatura. Ele foi também pedir apoio de Virgílio Guimarães, que desapareceu do plenário e evitou comentar o resultado da votação em primeiro turno.
Já os governistas se mostraram perplexos com o resultado da votação em primeiro turno e atribuíram a baixa votação de Greenhalgh a uma "traição ao governo", segundo o deputado Paulo Bernardo (PT-PR). "O governo tinha certeza ontem que o Luiz Eduardo [Greenhalgh] tinha 260 votos", disse.
O ministro das comunicações Eunício Oliveira foi ao Congresso para reforçar o apelo para que a bancada do PMDB, seu partido, votasse com Greenhalg.
O movimento de Eunício foi uma resposta à presença do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB-RJ) no Congresso que tentava transferir os votos do partido para Severino Cavalcanti.
Tensão
A disputa pela presidência foi também uma das mais tumultuadas do últimos tempos. Ao indicar o nome de Greenhalgh como o candidato à presidência da Câmara, o PT provocou dissidências dentro do PT --o nome mais votado na bancada havia sido o do deputado Virgílio Guimarães, que foi pressionado a desistir de sua candidatura devido a acordos internos na bancada.
Apesar de ser o preferido dos petistas, Guimarães perdeu o apoio da bancada ao insistir em manter sua candidatura avulsa. Aos poucos, sua candidatura também foi perdendo força na medida em que o congressista procurou apoio entre os críticos do governo federal, como o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB).
Clima tenso
Nos últimos dois meses, o clima da disputa foi ficando cada vez mais tenso. O ex-presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), foi obrigado a assumir a coordenação de campanha de Greenhalgh, com o objetivo de garantir a unidade da bancada petista.
Além de João Paulo Cunha, mais de dez ministros se empenharam pessoalmente na vitória do candidato oficial do PT.
Considerado frio e distante pelos seus pares, Greenhalgh tentou ainda mudar seu estilo e adotar um tom mais conciliador. O deputado buscou conversar com todos os segmentos representados na Câmara, entre eles os evangélicos e os ruralistas.
Greenhalgh chegou inclusive a apresentar uma plataforma de campanha com 21 itens que tinha como mote a estabilidade do governo, a continuidade das mudanças promovidas pela primeira gestão petista à frente da mesa e ao fortalecimento do papel dos deputados.
Após tomar posse, Severino Cavalcanti passa a presidir a mesa e a comandar a apuração da eleição dos outros 10 cargos em disputa.
Virgílio Guimarães já é considerado o mais novo rebelde do PT e deverá ser punido por não ter retirado sua candidatura e levado a votação para o segundo turno.
A bancada do PT deve se reunir nos próximos dias para definir qual a punição que será aplicada a Guimarães por ter desobedecido a uma orientação partidária e ter mantido sua candidatura até o final.
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da Folha Online, em Brasília
A eleição para a presidência da Câmara, que começou com um racha dentro do PT, terminou na maior derrota do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. Com 300 votos dos 498 deputados presentes, foi eleito nesta manhã novo presidente da Casa o candidato independente Severino Cavalcanti (PP-PE), que construiu sua candidatura com a promessa de elevar salários e de melhorar as condições de atuação dos colegas congressistas.
Sérgio Lima/FI |
O deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) |
Na votação do primeiro turno, Greenhalgh teve 207 votos; Severino Cavalcanti somou 124 votos; o canditato avulso Virgilio Guimarães (PT-MG) teve 117 votos; José Carlos Aleluia (PFL-BA) contou com 53 votos e Jair Bolsonaro (PFL-RJ), com 2 votos. Votaram em branco três deputados e nulo, outros quatro.
Severino Cavalcanti vai presidir a Câmara dos Deputados no biênio 2005-2006. O deputado fez decolar sua candidatura após a insistência do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) em manter sua candidatura avulsa mesmo após o PT ter definido Luiz Eduardo Greenhalgh como seu indicado oficial.
Foi a primeira vez que um candidato independente, que pouco contou com o suporte de seu próprio partido, venceu a eleição para a presidência da Câmara.
O presidente da Câmara é o primeiro a substituir o presidente da República na ausência de seu vice. Nas mãos do presidente, está o poder de determinar a pauta da Câmara e controlar todas as votações da Casa.
Fora da presidência da Câmara, o PT terá de negociar pesado para ter o controle da pauta, apesar de ter a maior bancada e a maior presença nas comissões permanentes.
Negociações
Com o risco de Severino Cavalcanti levar a presidência da Câmara, as negociações foram intensas durante toda a madrugada.
Severino foi pessoalmente ao gabinete de cada liderança partidária para pedir apoio a sua candidatura. Ele foi também pedir apoio de Virgílio Guimarães, que desapareceu do plenário e evitou comentar o resultado da votação em primeiro turno.
Já os governistas se mostraram perplexos com o resultado da votação em primeiro turno e atribuíram a baixa votação de Greenhalgh a uma "traição ao governo", segundo o deputado Paulo Bernardo (PT-PR). "O governo tinha certeza ontem que o Luiz Eduardo [Greenhalgh] tinha 260 votos", disse.
O ministro das comunicações Eunício Oliveira foi ao Congresso para reforçar o apelo para que a bancada do PMDB, seu partido, votasse com Greenhalg.
O movimento de Eunício foi uma resposta à presença do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB-RJ) no Congresso que tentava transferir os votos do partido para Severino Cavalcanti.
Tensão
A disputa pela presidência foi também uma das mais tumultuadas do últimos tempos. Ao indicar o nome de Greenhalgh como o candidato à presidência da Câmara, o PT provocou dissidências dentro do PT --o nome mais votado na bancada havia sido o do deputado Virgílio Guimarães, que foi pressionado a desistir de sua candidatura devido a acordos internos na bancada.
Apesar de ser o preferido dos petistas, Guimarães perdeu o apoio da bancada ao insistir em manter sua candidatura avulsa. Aos poucos, sua candidatura também foi perdendo força na medida em que o congressista procurou apoio entre os críticos do governo federal, como o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB).
Clima tenso
Nos últimos dois meses, o clima da disputa foi ficando cada vez mais tenso. O ex-presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), foi obrigado a assumir a coordenação de campanha de Greenhalgh, com o objetivo de garantir a unidade da bancada petista.
Além de João Paulo Cunha, mais de dez ministros se empenharam pessoalmente na vitória do candidato oficial do PT.
Considerado frio e distante pelos seus pares, Greenhalgh tentou ainda mudar seu estilo e adotar um tom mais conciliador. O deputado buscou conversar com todos os segmentos representados na Câmara, entre eles os evangélicos e os ruralistas.
Greenhalgh chegou inclusive a apresentar uma plataforma de campanha com 21 itens que tinha como mote a estabilidade do governo, a continuidade das mudanças promovidas pela primeira gestão petista à frente da mesa e ao fortalecimento do papel dos deputados.
Após tomar posse, Severino Cavalcanti passa a presidir a mesa e a comandar a apuração da eleição dos outros 10 cargos em disputa.
Virgílio Guimarães já é considerado o mais novo rebelde do PT e deverá ser punido por não ter retirado sua candidatura e levado a votação para o segundo turno.
A bancada do PT deve se reunir nos próximos dias para definir qual a punição que será aplicada a Guimarães por ter desobedecido a uma orientação partidária e ter mantido sua candidatura até o final.
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