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28/12/2006 - 16h57

Imprensa internacional dá destaque à violência no Rio

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ANDREA MURTA
FERNANDA CRANCIANINOV
da Folha Online

A onda de violência que deixou 18 mortos no Rio de Janeiro foi divulgada em todo o mundo por meio da reportagens em diversos veículos internacionais de imprensa nesta quinta-feira.

Na página principal do site do jornal norte-americano "The New York Times" (NYT), a cobertura dos ataques na cidade carioca foi um dos destaques. De acordo com a reportagem do jornalista Larry Rohter, os confrontos no Rio são prova da "crescente desordem urbana no Brasil, que foi uma questão crucial nas eleições presidenciais de outubro". Para o correspondente do jornal no Rio, as metrópoles brasileiras estão se tornando "cidades sem lei".

O "NYT" creditou a onda de ataques à pressão contra o governador eleito Sérgio Cabral, em meio ao temor entre criminosos de que a nova administração endureça o tratamento dispensado nas prisões do Estado.

A página da internet do jornal espanhol "El País" afirma que a ação é provavelmente fruto de retaliações de traficantes de drogas contra grupos paramilitares locais. A reportagem destaca o assassinato de sete passageiros de um ônibus que viajava do Espírito Santo para São Paulo, que morreram carbonizados quando criminosos pararam o veículo em uma avenida do Rio e atearam fogo.

Na França, sites de notícias como do jornal "Le Monde", da "LaTribune.fr", da "Radio Canada", e "L'Express", entre outros, informam em reportagens que os criminosos continuam em atuação no Brasil.

Os franceses alertaram que bandidos fortemente armados metralharam postos policiais e hospitais e incendiaram ônibus e viaturas de polícia em diversos bairros da periferia.

O site da emissora de televisão France 2 cita as declarações do secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Precioso, sobre a reação das autoridades à onda de violência, afirmando que a segurança foi reforçada em bairros turísticos.

Segundo o site, Precioso afirmou que a ordem dos ataques vieram da prisão de alta segurança de Bangu, onde são detidos chefes do tráfico de drogas. O site afirma que Precioso também atribuiu a onda de violência "à reação de traficantes contra as autoridades do Estado do Rio que reprimiram o tráfico de drogas, em uma tentativa de intimidação do novo governo", que assume o governo do Estado no dia 1º de janeiro.

Para o jornal "Le Monde", os ataques aterrorizam os moradores da cidade.

Violência generalizada

As maiores agências de notícias internacionais deram ampla cobertura aos ataques, enquanto lembravam que o Rio de Janeiro é considerada uma das cidades mais violentas do mundo.

Associated Press, France Presse, Reuters e Efe compararam os ataques no Rio à violência em São Paulo em maio último, ocasionada por ataques do grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital).

A Associated Press citou o juiz aposentado Walter Fanganiello Maierovitch, especialista em crime organizado, para dizer que as políticas de segurança públicas brasileiras estão em frangalhos.

Ao comparar os ataques no Rio à ação do PCC em São Paulo, a agência concluiu que as forças de segurança da cidade carioca apresentaram uma resposta mais eficaz à violência.

A Associated Press destacou ainda afirmações de oficiais cariocas que relacionavam os ataques a disputas entre traficantes e milícias formadas por policiais fora de serviço.

Reveillon

Apesar de apresentar declarações de oficiais da polícia que afirmam que as mortes não representam uma ameaça aos milhares de turistas que deverão chegar à orla do Rio para a festa de ano novo, a Associated Press ofereceu aos leitores um cenário nada atraente para o feriado.

Foram citados dados sobre a taxa anual de assassinatos da capital --da ordem de 50 ocorrências por cada 100 mil habitantes, segundo a agência.

A Reuters também citou preocupações com a festa de ano novo. Esta agência apresentou a suspeita de que os ataques sejam fruto de mudanças na estrutura carcerária do Rio de Janeiro. Para a Reuters, "a polícia do Rio é famosa por suas táticas duras e a retaliação aos crimes poderá ser violenta".

A Reuters disse também que cerca de mil pessoas são assassinadas por policiais no Rio a cada ano --"mais do que em algumas zonas de guerra". "O Rio tem uma taxa de assassinatos de cerca de 40 mortes a cada 100 mil habitantes, uma das maiores do mundo, e a criminalidade é muito elevada."

Contradições

A agência France Presse destacou a fala de Roberto Precioso, secretário de segurança do Rio, que teria atribuído os ataques a uma tentativa de traficantes de drogas de evitar que o novo governo do Estado --que tomará posse na próxima segunda-feira (1 de janeiro)-- endureça as condições nas prisões.

Para a agência, a ação desencadeou conflitos entre policiais e moradores das favelas no Rio --consideradas "feudos" de traficantes.

A Efe afirmou que as autoridades brasileiras se contradisseram ao tentar explicar os ataques. A agência lembrou que, apesar das garantias de que a segurança será reforçada para as festas de fim de ano no Rio, a indústria hoteleira deverá ser afetada pela onda de violência em um momento em que o caos nas companhias aéreas já prejudica o setor.

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