Para
se livrar da cadeia, fraudadora quer trabalhar com crianças
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Condenada por crime de peculato, após desviar dos cofres do INSS o equivalente
a US$ 114 milhões, a fraudadora Jorgina de Freitas cumpriu menos de três
anos de uma pena de 14 em cela especial, e acaba de dar um grande passo em direção
à liberdade, ainda que restrita.
Por vontade da própria Jorgina, sua advogada, Virgínia do Socorro
da Cruz, esteve na 1ª Vara da Infância e da Adolescência do Rio
de Janeiro, no Centro do Rio, para uma conversa com o juiz Siro Darlan. Jorgina
pretende trabalhar na creche da 1ª Vara. O juiz já encaminhou à
Justiça um parecer favorável ao pleito.
"Acho que todos têm o direito de se reintegrar socialmente",
disse Darlan à reportagem da revista IstoÉ, esta semana. Vale lembrar
que o juiz foi o responsável pelo veto à participação
de crianças em novelas, no final do ano passado, acreditando que o ambiente
televisivo era inadequado a elas.
Com um cotidiano de hotel e rotina de férias na Companhia Especial de
Trânsito da Polícia Militar do Rio, Jorgina não pode reclamar
de estresse ou de falta de conforto. Divide a cela com uma presa e dispõe
de diversos eletrodomésticos, como ar-condicionado, freezer, geladeira,
duas TVs (uma para cada uma, para não dar briga) e videocassete.
Ela ainda pode ter acesso a seu computador, sempre que solicita, e costuma
encomendar refeições pelo telefone. Toda segunda-feira, Jorgina
recebe a visita da manicure e do cabeleireiro. Das 10 às 11 da manhã,
diariamente, pode ficar no telefone da carceragem. Resta saber se Jorgina é
uma pessoa preparada para cuidar de crianças.
Das 90 mil pessoas encarceradas, o Rio de Janeiro tem apenas 28 presos "especiais".
A chance da fraudadora do INSS de trocar o cárcere por serviços
comunitários é um exemplo de como a legislação brasileira
pode privilegiar uma minoria de criminosos, ditos especiais.
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